Uma cozinha sem saca-rolhas é apenas mais um cômodo da casa. Com esta frase de Keith Floyd, conto uma das passagens que aconteceu comigo. Há algum tempo, recebi a indagação de uma leitora que vive e trabalha em Portugal. Eis que, ao desarrolhar uma garrafa de vinho, seu empregador achou feio ela não fazer o “ploc” ao retirar a rolha.
A dúvida era sobre ser ou não de bom tom, fazer aquele “ploc”, barulhinho característico da saída da rolha quando ela é retirada sem muito cuidado. Como já respondi via e-mail, peço a gentileza da compreensão para apenas citar seu pré-nome, Cris, a leitora que motivou esta postagem.
O saca-rolhas e seu papel
Ao abrirmos uma garrafa de vinho tranquilo (aquele vinho que não é espumante, nos seus mais variados tipos), se estivermos com um bom saca-rolhas como instrumento para tal, devemos abrir a garrafa cuidadosamente. Assim fazemos para preservarmos a integridade da rolha, e naturalmente com suavidade extrai-la.
Claro que podemos pensar nos saca-rolhas mais antigos, aqueles que continham a espiral e uma haste em “T”. Neles, era comum prender-se a garrafa entre as pernas para ajudar a exercer força para a retirada da rolha, algumas vezes um barulho devia haver.
Papagaio!
Hoje, porém, com os vários tipos de abridores, a tarefa é mais simples. Um exemplo é aquele denominado “papagaio”, pois seu formato, quando fechado, lembra o pássaro. Ele é o mais comum e facilmente encontrado, e isto não mais ocorre por acaso. Este saca-rolhas deve ter uma espiral com voltas helicoidais e nunca circulares, para preservar intacta a cortiça. A espiral deve também ter um comprimento em torno de 7 cm, pois não devemos introduzir a haste até ultrapassar a cortiça. Em grandes vinhos, há rolhas de 7 cm de comprimento.
A peça da figura acima mostra o saca-rolhas papagaio, o mais simples, que não tem dois estágios Porém, o melhor é aquele que contenha estes estágios, pois reduz muito a intensidade de força a ser exercida. Um exemplo é o saca-rolhas da figura abaixo.
Este saca-rolhas deve ter também uma lâmina com serrinha para facilitar o corte do lacre; se a lâmina for de fio, esta logo ficará cega. Então vemos que o correto proceder facilita em muito o trabalho de abertura da garrafa, e nunca fazer barulho, já que o barulho mais adequado aos vinhos é o tilintar das taças nos brindes, e os sorrisos de satisfação que estes proporcionam.
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão conhecido como O Engenheiro Que Virou Vinho, me dedico a comentar, escrever, divulgar, dar palestras e ministrar cursos de vinhos, bebidas destiladas e a harmonização com a gastronomia. Assino dentre outras mídias o site Divino Guia www.divinoguia.com.br
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Fotos: Álvaro Cézar Galvão, arquivo pessoal
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