A safra de 2021 foi complicada na Europa, sobretudo na França, por conta de fenômenos climáticos. E isso levou a uma forte queda na produção, o que acabou contribuindo para uma alta recorde no preço dos vinhos nos últimos meses. Neste contexto, o que esperar da safra 2022, sobretudo levando em conta o calor e a seca registrados no Velho Continente?
A primeira estimativa da safra na França pode trazer respostas. Projeções divulgadas no início de agosto indicam que a produção total francesa de vinho deve ficar entre 42,6 e 45,6 milhões de hectolitros. Este volume corresponde a um patamar superior a 2021, entre 13% a 21%. Vale lembrar que no ano passado a safra foi de apenas 37,8 milhões de hectolitros, bem abaixo da média, por conta, sobretudo, das fortes geadas registradas em abril.
Safra em linha com a média
Se as estimativas se confirmarem, a safra 2022 deve ficar próxima à média de cinco anos. “Esta é uma primeira estimativa a ser refinada tendo em vista a incerteza em torno da evolução da seca atual”, segundo o Services de la Statistique et de la Prospective (SSP). Em 2022, a floração de muitos vinhedos ocorreu em condições climáticas mais favoráveis do que no ano passado.
Por enquanto, a produção está em tendência de alta na maioria das regiões vinícolas, com algumas exceções. Por outro lado, se quantidade não deve ser um problema em boa parte da França, existem preocupações em relação à qualidade. A forte seca pode impactar a condição das uvas, resultando em vinhos de menor acidez que o normal.
As exceções
Dentre as regiões onde a safra 2022 não traz otimismo está Charentes, área onde se concentra a produção de Cognac. O motivo? As fortes chuvas de granizo ocorridas em junho, que geraram perdas de produção em torno de 15%. Outras regiões do Oeste francês também sofreram com eventos climáticos extremos e não devem mostrar grande recuperação em 2022.
Em Bordeaux, geadas em abril e granizo em junho afetaram mais de 10.000 hectares de vinhedos. Além disso, a forte seca impactou, sobretudo, as videiras mais jovens. Este déficit hídrico, se prolongado, pode reduzir ainda mais os rendimentos. Já na Alsácia, do outro lado do país, a falta de chuvas também está sendo sentido. O peso médio dos cachos é inferior à média de dez anos, especialmente para a variedade Gewurztraminer. Por conta disso, espera-se que a produção fique abaixo dos níveis médios de cinco anos.
Otimismo no Sudeste da França
Por outro lado, diversas regiões do Leste e Sudeste da França têm motivos para sorrir. Uma safra significativa é esperada em Champagne, onde a maturação das videiras está 12 dias à frente da média de dez anos, com o início da colheita esperado para o final de agosto. “As chuvas de junho permitiram uma boa recarga dos solos e a praga tardia é discreta. O potencial de produção agronômica é promissor, acima do nível médio 2017-2021”, diz a nota da SSP.
As perspectivas também são positivas para os viticultores de Chablis e Sancerre. Na Borgonha, a produção está próxima do potencial e acima do nível médio de cinco ano. Embora os viticultores ainda aguardem chuvas, a colheita está prevista para o final de agosto. No Jura, a colheita parece promissora em volume, acima dos níveis médios de cinco anos, após a geada devastadora de 2021. Em Savoie, situação saudável e precocidade da vegetação caracterizam 2022. A produção deve ser próxima da média de cinco anos.
Temor com a seca
No Vale do Loire, a colheita deve também ser mais precoce. O potencial de produção indica uma recuperação frente à fraca safra de 2021, para um nível acima da média de cinco anos. No entanto, a seca pode reduzir os rendimentos e, em última análise, volumes. Na região de Muscadet, por exemplo, a onda de calor pode ter reduzido a expectativa da safra em 20%
No Beaujolais, a seca também está começando a minar o potencial promissor de floração bem-sucedida. Em Languedoc e Roussillon, onde a primeira colheita começou no final de julho, também existem temores quanto ao impacto do déficit hídrico. A produção, inicialmente esperada um pouco maior que a média de cinco anos, pode ser revisada para baixo por conta da seca.
No Vale do Rhône e Mediterrâneo, a safra também deve ser precoce. Mesmo que os vinhedos da Provence sofram com a falta de água, o rendimento deve atingir seu nível médio de cinco anos. Na Córsega, a safra 2022 deve marcar um aumento no potencial em relação à média de cinco anos, mas seca, que está começando a impactar as videiras, pode, em última análise, reduzir os rendimentos.
Fonte: Vitisphere
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