Criada em 1990 por Michèle Aubéry-Laurent e seu marido Philippe, a Gramenon é um dos grandes nomes do vinho de baixa intervenção do vale do Rhône. A trajetória foi cheia de obstáculos, sobretudo o falecimento prematuro de Philippe em 1999, que deixou Michèle, sem experiência prévia em vinicultura, administrando a vinícola. Atualmente, com o suporte de seu filho Maxime, a Gramenon cultiva cerca de 26 hectares no Rhône Sul, com foco em variedades locais, como Syrah, Grenache e Viognier.
A Gramenon elabora um vinho rotulado como AOC Vinsobres e diversos vinhos como Côtes-du-Rhône, todos a partir de vinhas próprias (Maxime tem atividades complementares como micro-négociant). As uvas são cultivadas de forma biodinâmica desde 2007; com certificação orgânica desde 2010 e baixo rendimento. Todas as fermentações são naturais, utilizando apenas leveduras indígenas e os tintos são engarrafados sem filtração ou colagem, com leve adição de sulfitos durante a vinificação.
Foi um prazer aceitar o convite da De la Croix, importadora destes vinhos no Brasil e degustar alguns de seus principais vinhos
La Vie on y est, 2020 12,5%
50% Viognier, 40% Clairette 10% Bourbolenc. R$ 310. Fermentação em inox com maloláctica bloqueda e seis meses de estágio em inox. Um corte branco que buscou manter a tipicidade local, mas com foco em mais acidez do que os habituais monovarietais de Viognier. Olfativo com fruta amarela (pêssego), erva verde e camomila, com um palato de denso e untuoso, mas com boa acidez e fruta bem presente.
La Belle Sortie, 2020, 14%
75% Grenache e 25% Syrah. R$ 225. Desengace parcial e maceração de 15 dias em cimento, com estágio de seis meses no mesmo recipiente. Leve turbidez e nariz com aromas intenso de frutas vermelhas maduras, com notas de especiarias (pimenta e canela) e discreta redução. No gustativo, um vinho leve, fresco e fácil de beber, com alta acidez, corpo médio, taninos arenosos e frutas vermelhas doces e presentes. Uma linda introdução aos tintos, em um estilo levemente mais selvagem.
Poignée de Raisins, 2020 14,5%
90% Grenache, 10% Cinsault. R$ 225. Desengaçe parcial e maceração de 15 dias em cimento, com estágio de seis meses em inox. Um tinto mais intenso, com notas de frutas negras e terra queimada, com boa acidez, corpo médio, taninos arenosos e muita fruta.
Sierra du Sud, 2020, 14%
100% Syrah (o nome do vinho é um trocadilho). R$ 281. Desengaçe parcial e maceração de 15 dias em cimento, com estágio de sete meses entre cubas de cimento e barricas usadas. Um vinho com ótima tipicidade de Syrah, com nariz intenso e marcado por frutas negras, especiarias e leve toque de tapenade, com discreta redução. Linda estrutura de boca, com boa acidez, taninos equilibrados e presentes, mais encorpado e profundo. Deve ganhar bastante com mais tempo em garrafa.
L’Emouvante, 2020, 14,5%
Outro monovarietal de Syrah, desta vez a partir de vinhas velhas, com baixos rendimentos. R$ 408. Desengaçe parcial e maceração prolongada em cimento, com 12 meses em barricas usadas. Um vinho equilibrado e de incrível personalidade e energia, com frutas negras, especiarias e grafite no olfativo. Contou com boa acidez, corpo médio a alto, taninos finos e equilibrados, se mostrando sedoso, tenso, longo e profundo. Delicioso hoje, certamente ainda melhor no futuro.
La Sagesse, 2020, 14,5%
100% Grenache de três parcelas de vinhas velhas. R$ 341. Desengaçe parcial e maceração de 15 dias em cimento, com 12 meses de barricas usadas. Fruta presente e especiarias no olfativo, com alta acidez, fruta limpa, corpo médio, taninos poeirentos no palato. Intenso, seco, longo e profundo, mas com tensão e linearidade.
La Papesse, 2019, 14,5%
100% Grenache engarrafado como AOC Vinsobres. R$ 396. Vinificação idêntica ao anterior, mas expressando um terroir distinto. Frutas negras, mineral, floral e com notas de alcaçuz no olfativo, um vinho mais intenso e potente. Com alta acidez e taninos granulosos, certamente precisa de mais tempo.
La Mémé, 2021, 14,5%
Outro monovarietal de Grenache, porém raro e de baixíssima produção, com vinhas de mais de 120 anos. R$ 597. Desengaçe parcial e maceração de 15 dias em cimento, com 12 meses em barricas. Mais fechado no nariz, com notas florais, grafite e ervas verdes em destaque. No palato, porém, um espetáculo de camadas e sensações. Alta acidez, corpo médio e taninos finos, um vinho sedoso e sedutor, com muita profundidade e amplitude. Uma expressão incrível desta variedade, que lembra as melhores cuvées do Priorat. Imperdível.
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