Uma safra que alternou períodos relativamente longos de seca e chuvas fortes, com um volume de produção bem acima do normal. Este pode ser um resumo da safra 2023 em Champagne. Para os produtores, que não têm a possibilidade de obter rendimentos maiores por conta da regulamentação da denominação de origem, foi uma oportunidade para selecionar melhor as uvas e criar estoque de reserva para as safras seguintes, caso seja necessário.
Vale lembrar que o regulamento definido pelo Comité Interprofessionnel du Vin de Champagne (CIVC) permite um rendimento máximo de 11.400kg por hectare para a produção de espumantes nesta safra. Porém, foi autorizado um aumento na quantidade de reservas de até 2.000kg por hectare, para usar se houver problemas em safras futuras. Ou seja, uma das principais consequência da safra 2023 é a menor probabilidade de queda de produção de Champagne nos próximos anos.
Condições da safra
O início da safra 2023 foi marcada pela ausência de geadas significativas e ótimas condições climáticas entre março e meados de abril. Porém, a partir de então, as condições mudaram, com maior umidade e 19 dias de chuva em abril, contra oito na média dos últimos anos. Por conta disso, houve um atraso de cerca de uma semana no desenvolvimento vegetativo das videiras em relação à média.
Em maio, porém, o sol retornou à Champagne, reduzindo o risco de doenças fúngicas, sobretudo o míldio. Estas condições continuaram em junho, com a floração ocorrendo em linha com a média das últimas dez safras. A partir de julho, porém, a chuva foi mais intensa que o normal, resultando em cachos muito mais pesados, ou seja, rendimentos mais elevados. Colhida antes, a Chardonnay sofreu menos com as fortes chuvas de setembro, enquanto Pinot Noir e, especialmente, Pinot Meunier, exigiram maior atenção.
A importância da seleção das uvas
Em Champagne, a colheita das uvas ocorre com cachos inteiros. O processo de seleção, portanto, acontece quase sempre no vinhedo, e não depois do desengace – como é comum em outras regiões. Mas isso levanta uma questão importante. Cerca de 120.000 trabalhadores sazonais atuam na Champagne durante a colheita, de acordo com o CIVC. A maioria recebe por peso, não pelo tempo gasto na colheita. Convencer os catadores a classificarem as uvas por qualidade, portanto, pode ser complexo.
Isso pode significar que, ao menos para os vinhos mais básicos da região, aumenta a possibilidade de uvas de pior qualidade que o normal, especialmente no caso daqueles elaborados com maiores proporções de Pinot Noir e Pinot Meunier. Ainda é cedo para dizer, mas esta pode ser uma safra na qual a diferença entre produtores de menor porte (com mais envolvimento no processo de seleção das uvas) e os maiores, pode ser significativa.
Fontes: Decanter; Champagnes Deutz
Imagem: romaindekeyser via Pixabay
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