Após 36 anos dedicados à vinícola familiar (Domaine Ponsot), Laurent Ponsot decidiu seguir carreira solo a partir de 2017. Com pouco mais de três hectares de vinhedos arrendados, mas contando como uma vasta rede de viticultores parceiros, atualmente elabora mais de 25 cuvées diferentes, em todos os níveis da pirâmide hierárquica da Borgonha.
Duas frases de Ponsot me chamaram a atenção. Indagado sobre os preços dos vinhos da Borgonha, ele foi taxativo. “Você tem pessoas precificando esses vinhos em níveis insanos. “70% dos Grands Crus são bebidos por pessoas que não sabem nada sobre vinho. Isso torna o preço louco.” E qual seria a alternativa? “Quando saí da Domaine Ponsot, viajei e fiz uma pergunta às pessoas do mundo do vinho. ‘Estou começando do zero; o que você quer que eu produza?’ Eles disseram: ‘Bourgogne Rouge e Bourgogne Blanc, e depois Villages.”
Levando em consideração estes comentários e, obviamente, o nível de preço dos Grands Crus da Borgonha (os de Laurent Ponsot não fogem à regra), optamos por degustar cinco de seus vinhos, que chegam ao Brasil pela Vinho Veritas.
Bourgogne Rouge Cuvée des Peupliers 2019, Laurent Ponsot 13,5%, R$ 385
Considerado o cartão de visitas e vinho de maior produção de Laurent Ponsot, um Bourgogne Rouge refinado e equilibrado. No olfativo, evidenciou que não passa por madeira, com destaque para frutas vermelhas (cereja e framboesa) frescas e puras, com notas de romã, florais e discreta erva. Na boca, alta acidez, corpo médio e tanino macio e comportado. Picante, leve e vibrante, com fruta de alta qualidade novamente se destacando também no palato. Não precisou de muita profundidade para mostrar seu pedigree.
Chambolle-Musigny Cuvée de la Violette 2019, Laurent Ponsot 13,5%, R$ 1.450
Com muita tipicidade, foi um dos destaques do painel, um vinho que impressionou pela elegância e fruta fresca, com boa profundidade e maior complexidade. Com olfativo intenso, trouxe fruta vermelha pura e notas florais abundantes, com discreto toque mais verdeal (engaço?). No palato, alta acidez, corpo médio, taninos sedosos e muita intensidade de fruta. Um Pinot Noir mais denso e com mais matiére, porém sem perder a tensão. Delicioso.
Gevrey-Chambertin Cuvée de l’Aulne 2019, Laurent Ponsot 13,5%, R$ 1.300
Outro vinho de muita precisão, com fruta vermelha e negra (cereja em destaque) mais intensa no olfativo, com discreta erva e nota terrosa. Com ótima tipicidade (Gevrey é sempre Gevrey) e profundidade, trouxe taninos mais presentes e levemente secantes, com alta acidez e corpo médio a alto. Já muito agradável, deve ganhar com mais tempo em garrafa para integrar melhor a fruta mais madura e seus taninos. Um Village classudo que também se destacou.
Bourgogne Blanc Cuvée du Perce-Neige 2018, Laurent Ponsot 12,5%, R$ 550
Único representante da safra 2018 (o 2019 já estava esgotado), se mostrou o mais “diferente” nesta degustação às cegas. Mais “gordo” e com menos tensão que os demais, trouxe um olfativo com aromas cítricos, de abacaxi, flores brancas e lácteo. Boa acidez e corpo médio, um Bourgogne Blanc com fruta mais madura, maior densidade e untuosidade.
Meursault Cuvée du Pandoréa 2019, Laurent Ponsot 13,5%, R$ 1.260
Se as diferenças entre os tintos pareceram refletir melhor o terroir, nos brancos o diferencial foi maior. Este vinho parece representar um curioso “mix” entre um Meursault mais tradicional (boa textura, densidade e madeira mais presente, mas sem perder o frescor) com vinhos de estilo mais redutivo (olfativo com notas químicas, salinas, cera, cítricas e camomila). Um belo Chardonnay.
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