Uma safra repleta de contrastes regionais. Esta talvez seja a melhor forma de descrever a colheita 2023 na União Europeia, maior região produtora de vinhos do mundo. De um lado, alguns grandes países produtores conseguiram sobreviver a diversas intempéries climáticas e ver sua produção de vinho crescer. De outro, uma safra a ser esquecida, ao menos do ponto de vista de quantidade.
Considerando a soma da produção de todos os países do bloco, a safra 2023 caiu cerca de 4% na comparação com 2022. Foram produzidos um pouco mais de 150 milhões de hectolitros (Mhl). Já frente à média dos últimos cinco anos, a retração foi mais significativa, em torno de 5,5%. Os principais fatores foram eventos climáticos extremos, com destaque para um inverno muito seco, tempestades de granizo, inundações e uma primavera chuvosa.
Destaques negativos
Dentre os três maiores produtores de vinho do bloco (grupo que respondeu por pouco mais de 80% da produção da União Europeia em 2022), dois mostraram queda acentuada na produção em 2023. Pela primeira vez em sete anos, a Itália perdeu a liderança como maior produtora mundial de vinho. A produção estimada foi de 43,9 Mhl, queda de 11,9% em relação ao ano passado. As causas foram as fortes chuvas na primavera que se transformaram em inundações na região da Emília-Romanha e os fortes episódios de míldio, sobretudo no Centro e Sul das vinhas do país.
A Espanha, com uma produção estimada de 30,8 Mhl, manteve-se como o terceiro maior produtor europeu, apesar da baixa de 14,4% na produção em relação ao 2022. Esta foi a menor safra já reportada pelas vinícolas espanholas. As condições climáticas adversas, com outono, inverno e primavera secos, chuvas fortes na parte final da primavera, ondas de calor durante o verão e granizo foram os principais culpados.
Na Alemanha, quarto maior produtor europeu, a produção estimada foi de 8,86 Mhl, o que significou uma baixa de 2,1%. Não houve queda significativa devido às condições climáticas, que permaneceram razoavelmente estáveis. Porém, pesaram a inflação e aos altos custos de produção. Outros países produtores do bloco também enfrentaram uma safra complicada e forte queda frente a 2022, como Croácia (-31%), Grécia (-23%), Eslováquia (-20%) e Áustria (-6%).
Um novo líder e recuperação
Por conta da forte queda na Itália, a Europa tem um novo líder na produção de vinho. Em 2023, a França assumiu a liderança, com uma produção estimada de 45 Mhl. Mesmo apesar de pragas e eventos climáticos (míldio e secas, sobretudo no Sul) houve um aumento de 1,47% na produção frente a 2022. Outro fator importante foi a adoção de medidas de crise, como ajuda financeira para a destilação.
Este mesmo fator pesou também em Portugal, permitindo um aumento de 8,6% na produção em 2023 frente ao ano anterior. Vale lembrar que a colheita de 2022 foi fraca no país ibérico, com queda de 8%.
Fonte: Copa-Cogeca
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