Uma referência para toda uma região, já conhecida por sua excelência. Charles Joguet, um importante produtor do Loire, uma vez disse “”existem dois sóis. Um brilha lá fora para todos. O segundo brilha na adega dos Foucaults”, se referindo à Clos Rougeard. De posse da família Foucault até junho de 2017, quando foi negociada em transação milionária, é referência obrigatória para quem aprecia grandes vinhos, sobretudo Chenin Blanc e Cabernet Franc.
Foi um enorme prazer degustar três de seus vinhos da desafiadora safra de 2017, em evento organizado no Tuju por seu importador no Brasil, a Clarets. Vale lembrar que 2017, assim como a safra anterior, foi marcada por uma forte geada, derrubando a produção. Porém, em termos de qualidade, ela foi recebida com entusiasmo, algo que afeta ainda mais produtores que trabalham com baixos rendimentos, como a Clos Rougeard.
Bréze 2017
Elaborado a partir de vinhas velhas de um vinhedo de apenas um hectare, de um lieux-dit tido como referência para Chenin Blanc e explorado também por outros produtores. Um vinho simplesmente espetacular, em estilo mais redutivo apesar do élevage em carvalho. No olfativo, trouxe aromas de cera de abelha, cítricos, flores brancas e ligeiro fumé, com um palato preciso e de textura muito elegante. Alta acidez, fresco e com corpo médio, mostrou tensão e profundidade, com mineralidade salina. Lindo hoje, mas certamente vai ganhar ainda mais com tempo de adega. Já esgotou (assim como os demais), R$ 2.299.
Saumur-Champigny Clos 2017
Seu tinto “de entrada” (se é que possível falar isso de um produtor deste calibre), feito a partir de três vinhedos distintos. Já pronto para consumo, em um estilo que imediatamente remeteu à Bordeaux tradicional, aquele onde frescor e energia deixavam extração e fruta madura em segundo plano. No nariz, trouxe fruta vermelha, com leve toque herbáceo, especiarias e notas de estrebaria, um estilo mais “selvagem”. Já no gustativo mostrou alta acidez, taninos finos de médio grão, com boa tensão e energia, um vinho mais clássico. R$ 1.599.
Saumur-Champigny Le Bourg 2017
Seu tinto mais exclusivo, elaborado a partir de um verdadeiro Clos de apenas 1 hectare, que até a geada de 1991 continha apenas vinhas muito velhas. Outro vinho impressionante, um verdadeiro manual do máximo que a Cabernet Franc pode entregar. Com coloração rubi de concentração mais alta, mostrou um olfativo mais complexo e equilibrado. Destaque para os aromas de frutas vermelhas e negras, com notas de alcaçuz, grafite, tabaco, couro e um delicioso toque floral. A boca foi ainda mais rica, com alta acidez, taninos finos e corpo médio, um vinho equilibrado e denso. Absolutamente sedutor, mostrou precisão e sedosidade, com camadas e mais camadas que ainda irão se revelar nos próximos anos. R$ 3.199.
O post Clos Rougeard: três vinhos da desafiadora, mas sublime safra 2017 apareceu primeiro em Wine Fun.