Cerretta, com quase 40 hectares, é um dos maiores e mais conceituados Crus de Serralunga d’Alba. Atraiu diversos produtores e pode ser dividido em três partes, pois conta com significativas diferenças de terroir. Na sua parte considerada mais fresca, chamada Cerretta Piani, a G.D. Vajra, cultiva, de forma orgânica desde 2009, duas parcelas com vinhas velhas (plantadas na década de 1970), com um total de 0,77 hectare.
Na vinificação, as uvas que dão origem ao Baudana Cerretta passam por fermentação lenta em tanques troncônicos, com maceração em torno de 25 a 30 dias dependendo da safra. Durante a maceração, há uso de remontage suave, com fermentação maloláctica espontânea em aço na primavera seguinte. O vinho, dependendo da safra, fica entre 20 a 32 meses em botti de carvalho da Eslavônia (15, 17 e 25 hectolitros) e vai para garrafas geralmente sem filtração ou colagem, onde fica mais oito meses.
Foi um prazer degustar sete safras deste vinho (entre 2013 e 2019), que tem certificação orgânica e chega ao Brasil pelas mãos de Luciano Percussi.
2013, 14,5%
Elegante e refinado, o vinho mais pronto do painel. Coloração granada média a baixa concentração, com olfativo mais terciário, com destaque para aromas balsâmicos, tabaco, couro e rosa. Na boca, alta acidez, taninos resolvidos, corpo médio, mostrando elegância, frescor e tensão, sem abrir mão de profundidade.
2014 13,5%
Um pouco mais rústico e austero, refletiu uma safra mais complicada. Granada de média a alta concentração, com aromas de madeira velha, fruta madura (cereja), couro e tabaco. No palato, boa acidez, taninos mais presentes e secantes, corpo médio alto e fruta bem intensa. Um Nebbiolo de textura granulosa, que deixou discreta nota verde no retrogosto.
2015, 14%
Estilo oposto ao anterior, com fruta mais doce e maior estrutura e intensidade. Coloração granada de média concentração, com nariz marcado por frutas vermelhas e negras, notas florais, couro, erva e chá. Alta acidez, taninos granulosos e corpo médio. Precisa de mais tempo, mas já mostrou suas garras.
2016, 14,5%
Talvez o destaque da noite, um vinho elegante e aristocrático, que precisa de mais tempo de garrafa. Rubi com discreto halo de evolução, com olfativo marcado por fruta limpa, rosas, discreta madeira, nota químico-mineral, alcatrão e chá. Na boca, trouxe alta acidez, taninos mais redondos e corpo médio, um Nebbiolo equilibrado, tenso e mais profundo. Delicioso.
2017, 15%
A partir desta amostra, os vinhos mostraram uma certa redução no olfativo, mas que desapareceu com o tempo. Coloração rubi de média concentração, com notas florais, de fruta vermelha, couro e tabaco. Na boca, mostrou alta acidez, taninos mais rústicos e corpo médio. Fruta bem presente, um Barolo mais intenso em todas as dimensões, inclusive com leve ponta de álcool.
2018, 14,5%
O vinho mais anguloso do painel, talvez resultado de ter sido aberto muito depois dos demais. Visual rubi de média a baixa concentração, com fruta vermelha, erva verde e chá. No gustativo, um Nebbiolo de boa acidez, taninos presentes, corpo médio a baixo, com fruta mais doce.
2019, 14%
Outro dos destaques do painel, apesar de jovem parece mostrar enorme potencial. Coloração rubi de média a baixa concentração, mostrou olfativo mais primário, com frutas vermelhas, floral e leve madeira. Já no palato, trouxe mais estrutura e muita vivacidade. Alta acidez, taninos presentes e mais finos, com corpo médio, textura marcante, profundidade e elegância.
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