Principal cidade da Nova Zelândia, concentrando em sua área metropolitana cerca de 38% da população do país, Auckland é também uma região vinícola de destaque. Foi uma das áreas pioneiras na produção de vinhos e manteve a liderança na produção de vinho até a década de 1960. Foi quando a vinicultura começou a crescer de forma acelerada em outras partes do país, enquanto a cidade expandia sua área urbana.
Situada ao norte da Ilha Norte, em torno do paralelo 37, Auckland é uma das regiões mais setentrionais da Nova Zelândia. Boa parte de seus vinhedos se situa em uma ilha ou no istmo ao noroeste do centro urbano, o que confere uma característica tipicamente marítima ao seu terroir. Com solos vulcânicos e arenosos, é uma região de clima sub-tropical com significativa diversidade de uvas cultivadas, conhecida tanto pelos seus vinhos brancos como tintos.
Uma breve história
Embora a viticultura tenha chegado à Nova Zelândia, mais especificamente à região de Hawke’s Bay, em meados do século XIX, foi em torno de Auckland que ela ganhou popularidade. E os principais responsáveis por este movimento, concentrado principalmente na primeira parte do século XX, foram imigrantes provenientes da região da Dalmácia, onde atualmente fica a Croácia.
Atraídos inicialmente pela extração de borracha na parte setentrional da Ilha Norte, mudaram o seu foco para o cultivo de produtos agrícolas, com destaque para a viticultura. Foi nas terras, na época baratas, a noroeste da cidade de Auckland que famílias como Babich, Selak, Šoljan, Brajkovich, Corbans, Delegat, Fistonich e Nobilo trouxeram uma nova dimensão ao vinho na Nova Zelândia.
Embora não se possa ignorar também a contribuição de imigrantes libaneses, três nomes ganharam maior dimensão entre os croatas. Os Šoljans ficam entre os pioneiros, plantando suas primeiras videiras em 1937. Já Nikola Nobilo chegou à Nova Zelândia no mesmo ano e, em 1943, plantou vinhas em Hupai, a noroeste de Auckland. Sua empresa, a Nobilo Wines, é atualmente uma das maiores vinícolas da Nova Zelândia. Já George Fistonich fundou uma das icônicas vinícolas da região de Auckland, a Villa Maria, no início da década de 1960.
Crescimento, mas perda relativa
A região de Auckland era responsável por grande parte do vinho da Nova Zelândia na primeira metade da década de 1960, mas isso mudou rapidamente. Os vinhedos da Nova Zelândia cobriam cerca de 390 hectares em 1960, saltando para mais de 5.000 hectares em 1982. Foi neste período que a área de Auckland perdeu seu domínio, para Gisborne e Hawke’s Bay. No final da década de 1970, essas duas regiões tinham a maior área de vinhedos do país.
Atualmente, a região de Auckland conta com uma área plantada de 276 hectares, em baixa frente aos mais de 300 hectares de 2014. Se a área em torno da maior cidade neozelandesa tinha posição de destaque relativo na década de 1960, hoje corresponde a somente 0,7% dos vinhedos do país. Em termos de produção, o volume de 1.343 toneladas responde por apenas 0,3% do total.
Apesar do volume relativamente pequeno, Auckland ainda concentra cerca de 12,5% do total de vinícolas da Nova Zelândia. Além de suas origens familiares, geralmente em pequenas propriedades, boa parte dos produtores locais também expandiu suas atividades para outras regiões nas últimas décadas.
Três sub-regiões
A região vinícola de Auckland, com seus solos vulcânicos e ricos em argila, clima marítimo e convivência com a maior cidade da Nova Zelândia, pode ser dividida basicamente em três sub-regiões: West Auckland, Matakana e Waiheke Island. Há também uma área de pequena produção, Clevedon, a sudeste do centro urbano.
West Auckland tem como representante principal os vinhedos na área de Kumeu, que ficam a cerca de 25 quilômetros do centro da cidade. É a área de tradição mais longa, com plantio de vinhedos desde o início do século XX. Destaque para vinhas velhas de Chardonnay (sobretudo nos vinhedos de Kumeu), além da Merlot, que também ganhou projeção internacional pela qualidade de seus vinhos.
A ilha de Waiheke define os limites da região de Auckland, com um terroir único. O clima marítimo quente e seco promove intensidade e profundidade às suas videiras, resultando em vinhos mais encorpados. Destaque para os cortes bordaleses e, também, para a Syrah, além de plantações menores de Chardonnay, Montepulciano, Petit Verdot, Viognier e Pinot Gris. Já Matakana, com clima mais ameno, fica em uma área de colinas a cerca de uma hora ao norte de Auckland. Os vinhedos são relativamente jovens, produzindo, sobretudo, vinhos à base de Pinot Gris, Syrah e Cabernet Sauvignon.
Principais uvas, vinhos e produtores
A Chardonnay é a uva mais plantada na região de Auckland, com cerca de 71 hectares. É origem de alguns dos mais valorizados vinhos desta variedade produzidos na Nova Zelândia, com destaque para aqueles da Kumeu River Wines, frequentemente citados entre os clássicos neozelandeses. As variedades típicas da região de Bordeaux, lideradas pela Merlot, vêm a seguir, com 68 hectares. Entre os destaques, vale a pena citar os vinhos da Stonyridge Vineyard, sediada na ilha de Waiheke.
A Syrah ganhou uma importante participação, com 47 hectares, garantindo a segunda posição em termos de produção desta variedade na Nova Zelândia, somente atrás de Hawke’s Bay. A seguir vem Pinot Gris, com 34 hectares, enquanto outras variedades respondem por cerca de 65 hectares de vinhedos.
Entre os principais produtores da região de Auckland, há nomes tradicionais do vinho neozelandês, como Kumeu River Wines, Villa Maria Estate, Man O’ War, Mudbrick Wines, Nobilo Wines, Stonyridge Vineyard e Kim Crawford.
Fontes: NZ Wines; NZ Wine Directory; Teara – Encyclopedia of New Zealand
Mapas: New Zealand Wine
Imagens: Capa: New Zealand Winegrowers Inc, ManOWar; Interna: New Zealand Winegrowers Inc, Cable.Bay
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