A significativa queda no consumo mundial de vinhos e as perspectivas de que esta tendência siga nos próximos anos começa a afetar o setor vitivinícola a nível mundial. Uma das alternativas mais discutidas, sobretudo na Europa, para fazer frente ao desequilíbrio entre produção e consumo é a redução da área de vinhedos. Um exemplo é Bordeaux, onde se chegou a um consenso em 2023 para extrair 10.000 hectares de videiras.
Porém, este movimento parece estar ganhando força também fora da França. Tal é a magnitude do declínio no consumo global de vinho, que países do Novo Mundo começam a ser afetados, sobretudo no segmento de vinhos de menor valor. Um exemplo é o Chile. Segundo Sebastian Labbé, enólogo de alguns dos melhores rótulos da Viña Santa Rita, o Chile está abandonando alguns vinhedos e, em alguns casos, considerando removê-los completamente.
Cenário complicado
Em uma entrevista para a publicação The Drinks Business, Labbé acredita em um quadro bastante sombrio para alguns segmentos da vitivinicultura no Chile. Existe uma queda na demanda interna e externa por vinho chileno, particularmente no segmento de vinhos mais simples. Segundo ele, produtores estão começando a se preocupar com altos estoques, pois precisarão vender o que está em cuba e barril em breve para abrir espaço para a próxima safra. “Há uma nova safra chegando, e os produtores precisam do espaço”, disse ele.
Labbé confirmou que as vendas da Viña Santa Rita em 2023, que ficaram entre 8% a 9% abaixo do previsto, foram boas em uma comparação relativa. Alguns outros grandes produtores mostraram vendas 30% e 40% abaixo do orçado. A queda nas vendas se deve à menor demanda nos principais mercados de exportação, particularmente na China, combinada com os baixos níveis de consumo interno de vinho.
Em 2023, ele afirmou “muitas vinhas nem sequer foram colhidas “. Olhando mais adiante, ele acredita que estas áreas são alvo de completa remoção. “Temos 130.000 hectares no Chile, e um grande número deles pode ser extraído. Não houve cultivo em muitos deles este ano e só não houve extração porque isso exige investimentos”. E esta situação complicada pode seguir nos próximos anos: “Estamos olhando para alguns anos muito difíceis no Chile”.
Quadro distinto
Porém, quando o segmento de vinhos superpremium é o foco, o quadro é bastante distinto. Rodolphe Lameyse, CEO da consultoria francesa Vinexposium, deixa claro que a demanda de vinhos mais caros segue forte, possivelmente voltando a crescer. É o caso do consumo e importações dos Estados Unidos e China.
Ele afirma, porém, que a pressão sobre vinhos mais baratos seguirá. De acordo com dados divulgados pela World Bulk Wine Exhibition (WBWE), no primeiro semestre de 2023 as exportações de vinho a granel do Chile caíram mais de 25%, representando 11,32 milhões de hectolitros, com valor de US$ 124,7 milhões. Já as exportações de vinhos engarrafados sofreram níveis semelhantes de queda, com uma redução de quase 25% em volume e valor. As exportações de vinho de garrafa do Chile respondem por pouco mais de 56% do volume e 80% do valor.
Fontes: The Drinks Business
Imagem: Herbert Bieser via Pixabay
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