Uma das vinícolas pioneiras na valorização das práticas biodinâmicas e de baixa intervenção na Sicília. Este é uma boa introdução para a a Azienda Agricola COS. Ela foi fundada em 1980 por três amigos (Giambattista Cilia, Giusto Occhipinti e Cirino Strano), que usaram a primeira letra de seus sobrenomes para dar nome à vinícola.
A COS foi também inovadora na utilização de ânforas para o envelhecimento de seus vinhos na Sicília. Resgatou, assim, uma das práticas dos princípios da tradição vinícola da região, que começou nos tempos em que era chamada de Magna Grecia. E a tradição segue sendo valorizada em outras perspectivas também, como o foco em variedades autóctones.
História
Em 1980, os três jovens amigos, cursando arquitetura na época, entraram para o mundo da vinicultura. Mas já havia um legado familiar: optaram por alugar as instalações da antiga vinícola da família Cilia, que datava do fim do século XIX. Começaram com um vinhedo de cerca de 3,6 hectares no vilarejo de Bastonaca e, em outubro daquele ano, colheram a primeira safra, que deu origem a 1.470 garrafas.
Desde então, a tendência foi de crescimento. Embora Cirino Strano tenha deixado a sociedade, Cilia e Occhipinti seguiram focando as atividades no cultivo orgânico, com práticas biodinâmicas dos vinhedos, inclusive dos novos que adquiriram ao longo do tempo. Também na vinificação passaram a adotar técnicas mais tradicionais, inclusive o uso de ânforas. Para tal, foram cruciais uma viagem à Georgia e os contatos com Josko Gravner.
Como resultado, em 2001 nasceu seu primeiro vinho inteiramente fermentado e envelhecido em ânforas, no caso tinajas espanholas. Era um Cerasuolo di Vittoria, chamado Pithos Rosso. A COS mudou sua sede em 2003 e em 2005 viu a denominação Cerasuolo di Vittoria mudar de DOC para DOCG, a única da Sicilia. No mesmo ano, adquiriu uma quantidade significativa de novos vinhedos, cerca de 20 hectares. E até hoje segue com uma das principais referências entre os produtores de baixa intervenção do sul da Itália.
Agricultura e vinhedos
A COS nunca usou aditivos sintéticos ou químicos nos seus vinhedos, desde seu início, em 1980. A vinícola foi uma das primeiras praticantes de viticultura biodinâmica na região, a partir de 2000, e recebeu certificação orgânica em 2007. Em termos de variedades, o foco fica nas principais uvas autóctones da região.
No total, são cerca de 40 hectares de vinhedos. Eles se dividem quase igualmente entre duas Contrade: Fontane (de solos predominantemente calcários) e Bastonaca (maior concentração de argila). Aproximadamente três quartos dos vinhedos contam com variedades tintas, com as uvas brancas respondendo por cerca de 10 hectares.
Dentre as tintas, destaque para Frappato e Nero D’Avola, as duas variedades que dão origem ao Cerasuolo di Vittoria. A primeira traz frescor e leveza; a segunda, corpo, cor e estrutura. São usadas em todas as cuvées tintas da vinícola, à exceção de um corte de Merlot e Cabernet Sauvignon (chamado Maldafrica, que foi descontinuado em 2022). Nas brancas, o foco consiste em Grecanico, Grillo, Moscatel de Alexandria e Insolia.
Vinificação
Na vinificação, a COS aplica um conjunto de técnicas de baixa intervenção, como, por exemplo, fermentações usando leveduras indígenas, sem inclusão de aditivos. Um importante diferencial da COS, porém, fica no processo de envelhecimento. Após muita pesquisa, a opção foi pela adoção de três materiais distintos: ânforas de 440 litros de argila, originárias da Espanha, botti de carvalho neutro e tanques de concreto.
Todos os vinhos da COS são envelhecidos em um ou mais desses recipientes. O aço inoxidável é somente usado para a montagem dos vinhos antes do engarrafamento. Muitos dos vinhos ficam em contato com suas cascas por longos períodos, até mesmo para alguns brancos. Para Occhipinti, macerações estendidas ajudam o vinho a obter conservantes naturais que, por sua vez, permitem que eles passem por envelhecimento com pouco ou nenhum sulfito adicionado até o engarrafamento, quando há apenas uma pequena adição.
Vinhos
A COS elabora tanto vinhos classificados dentro das regras de sua denominação de origem (Cerasuolo di Vittoria DOCG), como também diversas IGTs, dependendo da variedade ou estilo de vinificação. São três vinhos dentro da DOCG, o Cerasuolo di Vittoria, o Cerasuolo di Vittoria delle Fontane e o Cerasuolo di Vittoria Bastonaca, os dois últimos com uvas de parcelas específicas de vinhedos.
Outro vinho de vinhedo específico (também de Bastonaca) é o monovarietal Contrada Nero D’Avola, classificado como Sicilia IGT. A COS elabora também dois outros monovarietais, um segundo Nero D’Avola (Nero di Lupo) e um Frappato. A linha de tintos conta também com seu vinho com envelhecimento em ânforas (Pithos Rosso) e, até 2022, um corte de Merlot e Cabernet Sauvignon (Maldafrica).
Entre os vinhos brancos, destaque para quatro cuvées distintas: um monovarietal de Grecanico em ânfora (Pithos Bianco), um Moscatel Branco a partir de uvas apassitadas (Aestas Siciliae), um Moscatel de Alexandria (Zibibbo in Pithos) e um corte entre Grecanico e Insolia (Ramì). Elabora também um espumante (Spumante Metodo Classico Dosaggio Zero).
Nome da VinícolaAzienda Agricola COSEstabelecida1980 Website http://www.cosvittoria.it/ EnólogoGiusto Occhipinti UvasFrappato, Nero D’Avola, Grecanico, Grillo, Moscatel de Alexandria, Insolia, Moscatel Branco Área de Vinhedos40 haRegiãoVittoria (Sicilia)DenominaçõesCerasuolo di Vitoria DOCG, Sicilia IGT, Terre Siciliane IGPPaísItáliaAgriculturaOrgânicaVinificaçãoBaixa Intervenção
Fontes: Visita à vinícola, Website da vinícola; Polaner Selections (seu importador nos EUA); La Repubblica; Cave Pur Jus
Imagem: Website da vinícola
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