Se a safra 2023 na Borgonha não trouxe consenso no que diz respeito à qualidade dos vinhos (sobretudo no caso dos tintos), o mesmo não se pode dizer em termos de quantidade. Ao contrário de algumas safras passadas (como 2021, por exemplo), quando o volume de produção despencou por conta de fenômenos climáticos, 2023 vai ficar marcado de forma positiva na mais prestigiada região produtora de vinhos no mundo.
A safra colhida este ano foi a maior já registrada na Borgonha, resultado tanto de maiores rendimentos como expansão da área plantada. Em 19 de novembro, durante o leilão dos Hospices de Beaune, o Bureau Interprofessionnel des Vins de Bourgogne (BIVB) anunciou uma colheita de 1,9 milhão de hectolitros. Este patamar, embora provisório, indica um novo recorde absoluto.
Alto rendimento e novos vinhedos
A Borgonha, curiosamente, ficou na contramão da grande maioria das regiões vinícolas da Europa, onde 2023 foi um ano de grande dificuldades e quebra de safra, resultando na menor safra em 60 anos. Por conta da ausência de fenômenos climáticos significativos, 2023 foi marcado na Borgonha por rendimentos excepcionais.
Além disso, houve um novo aumento na área de vinhedos. “A Borgonha plantou 32.000 hectares, 300 a mais do que no ano passado”, disse Laurent Delaunay, co-presidente do BIVB. Este dado evidencia que a tendência de maior área de vinhedos continua, lembrando que, em 2018, a área plantada para vinhos com denominação de origem atingia cerca de 30.000 hectares, com produção de 1,82 milhão de hectolitros.
Brancos em alta e impacto nos preços
Cada dia mais, a parcela dos vinhos brancos cresce na Borgonha. Em 2023, 63% dos vinhos produzidos foram brancos, com 25% tintos e rosés e 12% de Crémants. “Isso mostra que o branqueamento da Borgonha continua”, explicou Delaunay. Em 2018, a parcela dos vinhos brancos era de 57%, lembrando que atualmente a única sub-região da Borgonha onde a produção de tintos supera a de brancos é a Côte d’Or.
E o que acontecerá com os preços dos vinhos diante do volume recorde de produção? As expectativas são de uma ligeira flexibilização. De um lado, há um elevado volume de produção, com os recordes anteriores (1,82 Mhl em 2018 e 1,75 Mhl em 2022) sendo superados. Mas a demanda por vinhos da região segue elevada. Para François Labet, co-presidente do BIVB, “o problema número um na Borgonha é a falta de vinho”. Ele destacou que duas colheitas seguidas de grande volume ajudaram os produtores a reporem os estoques, trazendo alguma margem de manobra na negociação de preços.
Fontes: Vins de Bourgogne; Vitisphere
Imagem: Arquivo pessoal
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