Cinco tendências do vinho em 2024: como isso pode mudar o que você bebe

Não é porque, na linguagem de antigamente, “viramos a folhinha do calendário” e entramos no Ano Novo que veremos novas tendências surgindo do nada em 2024. Porém, não resta dúvidas que algumas das tendências do mundo do vinho vistas nos últimos anos irão seguir e mesmo se fortalecer. Algumas delas podem afetar a forma na qual você consome vinho no Brasil, portanto vale a pena entender melhor o que está acontecendo ao redor do mundo para saber seu impacto por aqui.

Queda no consumo mundial

As previsões indicam que o consumo de vinho per capita deve seguir caindo de forma significativa em diversos países europeus, sobretudo naqueles onde a produção e consumo são maiores. França, Itália, Espanha e Portugal são os exemplos mais claros. Os motivos? De um lado, o menor consumo de vinho pelas novas gerações; de outro o impacto da inflação e da crise sobre o orçamento das famílias europeias.  

A não ser que exista uma contrapartida do lado da produção, o resultado é simples de prever. Com a pressão por preços mais baixos, estes países irão redobrar os esforços para vender mais em outros mercados. Para o Brasil, isso pode resultar em iniciativas mais agressivas de marketing no mercado brasileiro, como, por exemplo, Portugal já faz há anos. Fique de olho, pois isso pode implicar em mais vinhos, possivelmente a preços mais atrativos.

Premiumização

Fenômeno que vem ganhando força em todo o mundo, deve seguir em alta por aqui. Apesar dos preços altos de vinhos no Brasil, por conta de impostos e altas margens das importadoras, os vinhos caros acham um mercado promissor na Terra Brasilis. Em poucas palavras, por conta da demanda elevada tanto no exterior como aqui, o segmento de vinhos Premium seguirá crescendo.

Existe a possibilidade de o mercado ajustar os excessos de valorização de alguns segmentos, como vinhos da Borgonha e Champagne. Porém, em um mundo cada dia mais desigual e onde os vinhos Premium deixaram de ser uma bebida para se encaixar na categoria de artigo de luxo, estes vinhos devem seguir ganhando espaço.

Sustentabilidade

A busca por práticas mais sustentáveis na viticultura cresceu de forma significativa na Europa nos últimos anos e isso começa a refletir sobre o resto do mundo. Se produtores conseguem cultivar seus vinhedos usando agricultura orgânica em regiões de tempo instável como Borgonha ou Champagne, por que não é possível fazer isso no resto do mundo?

Esta é uma tendência que depende muito da postura dos consumidores, pois cultivar vinhedos sem o uso de herbicidas, pesticidas ou fertilizantes sintéticos é mais caro. Na Europa, uma grande parte dos melhores produtores já fez a migração. Cabe a você selecionar vinhos elaborados com práticas mais sustentáveis, nisso não tenho dúvida que o consumidor brasileiro, em média, ainda tem muito a evoluir.

Vinhos sem álcool

Este é um segmento que ainda deve ganhar bastante espaço no Brasil, como já vem acontecendo lá fora. Dois movimentos impulsionam os vinhos sem álcool, sobretudo na Europa: campanhas dos órgãos públicos de saúde alertando sobre o risco do consumo de álcool e a postura das gerações mais jovens. Embora mais tímidos aqui, estes dois vetores devem se fortalecer.

Busca por novas experiências

Cada vez mais as pessoas buscam descobrir novas regiões e uvas menos conhecidas. É só pensar no perfil de consumo por faixa etária de alguns dos vinhos chamados “clássicos”, como aqueles da região de Bordeaux. Antes “obrigatórios” nas adegas, agora vêm seu consumo despencar. A contrapartida é o crescimento na parcela dos vinhos brancos e rosés, com muito mais diversidade em termos de regiões e uvas.

No caso do mercado brasileiro, ainda há muito que avançar. O Brasil é um mercado onde a fração de vinhos, sobretudo tintos, provenientes do Chile, Portugal e Argentina ainda é excessiva. O ano de 2024 pode representar uma guinada, com o crescimento do consumo de vinhos de outros estilos e regiões. Estamos igualmente atrasados nisso, mas a tendência começa a ganhar mais entusiastas também por aqui.

Imagem: Gordon Johnson via Pixabay

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