Clos de Vougeot é um dos vinhedos mais icônicos da Borgonha e, consequentemente, da França. Além de ser a origem das uvas por trás de alguns excelentes vinhos da região, também é um vinhedo cheio de história, um dos poucos da França que se manteve relativamente preservado. E estamos falando de muitos séculos!
Esta área, ainda hoje totalmente cercada por muralhas, foi criada por volta do ano 1110 pelos monges cistercienses da vizinha Abadia de Cîteaux, que permaneceram seus proprietários até a Revolução Francesa, em 1789. Foi vendida em 1818 para Julien-Jules Ouvrard (que também comprou o vinhedo Romanée-Conti em 1819) e até 1889 foi um monopole, ou seja, de apenas um dono. A partir de então foi subdividido diversas vezes e atualmente pouco mais de 80 produtores diferentes tem parcelas deste vinhedo.
Área e produtores
No total, são 50,6 hectares de terra, dos quais cerca de 49,1 hectares de vinhedos. O produtor com a maior extensão de vinhedo é o Château de la Tour (que é o único que produz seus vinhos dentro da área murada), com cerca de 5,5 hectares.
Entre outros produtores de destaque que elaboram vinhos a partir de uvas deste vinhedo histórico estão Domaine Leroy, Mugneret-Gibourg, Méo-Camuzet, Anne Gros, Michel Gros, François Lamarche, Joseph Drouhin, Henri Boillot, Leymarie Ceci, Domaine du Clos Fantin, Drouhin-Laroze, Régis Forey, Hudelot-Noëllat e Jean Grivot.
Talvez seja um dos vinhedos mais turísticos da Borgonha, com suas imponentes muralhas que foram construídas a mais de cinco séculos e o châteaux, que fica ao lado das adegas e da vinícola, que é aberta para visitação e conta com prensas gigantes que datam dos séculos XII e XIII. O château segue sendo um dos pontos centrais da vinicultura na Borgonha, recebendo as reuniões (ou chapitres) da Confrérie des Chevaliers du Tastevin.
Localização e denominação
O Clos de Vougeot fica no coração da Côte de Nuits, e tem dentre seus vizinhos outros vinhedos ou denominações de origem históricas, como Chambolle-Musigny, Flagey-Échezeaux, Vosne-Romanée, Musigny e Grands Échezeaux.
A denominação Clos de Vougeot foi criada em 1937 e a esmagadora maioria das vinhas são da variedade Pinor Noir (que é a permitida na denominação), embora existam pequenas parcelas de Pinot Blanc, Pinot Gris e Chardonnay.
Características do vinhedo
Do ponto de vista de solos, não há uniformidade, embora a presença de calcário, sempre desejada para obtenção de uvas de alta qualidade, seja bastante elevada.
A cerca de 255 metros acima do nível do mar, a parte mais alta do Clos de Vougeot (que por muitos é considerada como a melhor) é suavemente inclinada, com a primeira camada de solo com apenas 40 cm de profundidade, sobre uma base de calcário. No centro, a cerca de 250 metros de altitude, o solo ainda é raso, com mais argila e calcário.
A porção inferior tem um solo mais profundo (90 cm) e fica em uma camada de calcário e conchas (toda a área era fundo do mar, no período Jurássico), rica em argila.
Seus vinhos
Os vinhos produzidos a partir do Clos de Vougeot sempre figuraram dentre aqueles de maior destaque na região, conhecidos pela sua maior intensidade e pela elegância. Porém, a diversidade de condições geológicas e o grande número de produtores resultaram em uma gama bastante diversa de vinhos, sendo considerada uma das denominações Grand Cru mais heterogêneas da Borgonha.
Mas a história de seus vinhos é bastante longa e sempre em destaque. Para quem gosta de cinema e gastronomia, A Festa de Babette, que se passa em 1871, é um filme memorável, com uma quase infindável lista de prazeres gastronômicos. E qual foi o vinho escolhido? Um Clos de Vougeot, da safra 1846!
Fonte e imagem: Vins de Bourgogne
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