Ariana Occhipinti é um dos grandes nomes do vinho de baixa intervenção na Itália. Atualmente com 32 hectares de vinhedos e produção na faixa de 160 mil garrafas ao ano, divide seus vinhos em três linhas. São dois vinhos de entrada (um branco e um tinto), que correspondem a cerca de dois terços da produção total. Chamados de SP68 (nome da rodovia ao lado de sua principal propriedade) são vinhos de incrível vivacidade. Juntos, correspondem a cerca de dois terços da produção total.
O segundo grupo é composto pelos monovarietais de Frappato e de Nero d’Avola (Sicagno), além do corte Grotte Alte (um Cerasulo de Vittoria DOCG) e o passificado Passo Nero. As joias da coroa, porém, são seus vinhos de Contrada, elaborados pela primeira vez a partir de 2016. Três deles são elaborados a partir de parcelas específicas plantadas com Frappato, outro com a uva branca Grillo. Abaixo minha percepção sobre eles, em visita à vinícola.
SM (Santa Margherita) 2020, 12,5%
Elaborado a partir de vinhas jovens (plantadas em 2016) provenientes de um vinhedo de 2 hectares a cerca de 500 metros em Chiaramonti Gulfi, nos Monti Iblei. Após colheita manual, dois dias de contato com as cascas, para fermentação com leveduras indígenas, 50% em tanques de cimento e 50% em botti de carvalho austríaco. O vinho ficou sete meses nestes recipientes com suas lias, com mais algum tempo exclusivamente em cimento antes do engarrafamento.
Logo em sua primeira safra, um vinho de altíssima gama, combinando alta tensão, precisão e textura deliciosa. No visual, mostrou coloração amarelo brilhante, com olfativo intenso e complexo. Destaque para aromas cítricos (mexerica), pólvora e pedra molhada, com notas de ervas mediterrâneas (sálvia e orégano). Na boca, um Grillo de alta acidez, corpo médio e muita salinidade. Se mostrou direto e elegante, um dos melhores vinhos brancos italianos que provei recentemente.
SM (Santa Margherita) 2021, 13%
A safra 2021 não repetiu as condições privilegiadas da anterior, mas, ainda assim, resultou em outro vinho de excelência. Se mostrou um pouco mais frutado e menos direto que o anterior, com uma nota mais presente de fruta amarela na boca, mas ainda assim salino, elegante e com muita tensão.
PT (Pettineo) 2020, 12,5%
Os três tintos, todos da variedade Frappato di Vittoria, são elaborados da mesma forma. Fermentação com leveduras indígenas e 12 meses em diamantes de cimento (similar a ovos, porém não arredondados), seguidos por outros 12 em tanques de cimento retangulares. Engarrafado sem colagem ou filtração.
A Contrada Pettineo dá origem a vinhos mais leves, por conta de um extrato de areia de origem marinha. No olfativo trouxe aromas de cereja e ervas mediterrâneas, com uma boca marcada por alta acidez, taninos mais redondos e corpo baixo a médio. Vertical e elegante, com fruta leve e discreta salinidade.
FL (Fossa di Lupo) 2020 12,5%
Fossa di Lupo tem um papel especial para Arianna, com solos mais calcários. Um vinho com olfativo marcado por frutas vermelhas e notas de ervas secas, de maior estrutura e taninos mais presentes, com corpo médio, maior profundidade e longa persistência.
BB (Bomboliere) 2020, 12,5%
Parte desta Contrada tem solos argilo-calcários e é desta área (Vigna Strada), que tem origem este vinho. Olfativo marcado por notas florais e frutas mais maduras, acompanhadas por leve redução e ervas secas. No palato, mostrou boa acidez, taninos mais presentes, corpo médio e mais densidade e profundidade.
O post Conhecendo os vinhos de Contrada de Arianna Occhipinti apareceu primeiro em Wine Fun.