Realizado entre 31 de julho e 2 de agosto em São Paulo e 3 de agosto no Rio de Janeiro, o Encontro Mistral reuniu grande parte dos produtores do extenso catálogo da importadora. Seja pela ausência de alguns produtores importantes como pelo sucesso do evento (ingressos esgotados e grande presença de público, que às vezes dificultou o acesso aos stands de produtores), não foi possível provar todo o portfólio.
Busquei dividir os vinhos em categorias distintas, ou seja, esta lista pode não representar os quinze melhores vinhos que provei. São aqueles, porém, que mais chamaram minha atenção. Divididos em três categorias, estes foram meus 15 destaques:
Classicismo
A Mistral conta com um grande elenco de produtores de altíssima gama, portanto seria simples escolher todos os vinhos dentro desta categoria. Porém, qualidade tem preço alto. Optei por apenas cinco deles, que dispensam uma descrição mais detalhada. São eles, em ordem alfabética:
Châteauneuf-du-Pape Rouge 2018
Château de Beaucastel, corte tinto, com destaque para Mourvèdre e Grenache, Châteauneuf-du-Pape AOC, França, Preço de R$ 1.655,45.
Clos de Mouches Blanc 2017
Joseph Drouhin, Beaune Premier Cru AOC, França, R$ 2.205,41.
Monte Bello 2015
Ridge Vineyards, corte de Cabernet Sauvignon (77%), Merlot (11%), Petit Verdot (7%) e Cabernet Franc (5%), Santa Cruz Mountains AVA, California, Estados Unidos, R$ 3.310,88.
Vega Sicilia Valbueña 5° 2017
Bodegas Vega Sicilia, 100% Tempranillo, Ribera del Duero DOC, Espanha, R$ 2.758,15.
Viña Tondonia Reserva Tinto 2010
Lopez de Heredia, corte de Tempranillo (75%), Garnacha (15%), Graciano (5%) e Mazuelo (5%), Rioja DOCa, Espanha, R$ 732,37.
Tipicidade
Estes foram cinco vinhos que me agradaram não somente pela qualidade, mas também pela tipicidade. São representações excelentes de uvas ou regiões.
Anthologie de Marjosse Cuvée Ortolan 2019
Château Marjosse, Vin de France, R$ 579,82. Apesar de elaborado com uvas da região de Bordeaux, foi engarrafado como Vin de France, por ser um monovarietal de Cabernet Franc. Chamou a atenção pela pureza e precisão desta uva, que lembrou suas melhores expressões do Vale do Loire.
Chablis Premier Cru Fourchaume 2020
Domaine Billaud-Simon AOC, R$ 936,89. Mesmo tendo sido 2020 uma safra quente, um Chardonnay que trouxe as melhores características de Chablis, com tensão e mineralidade salina. Delicioso com seus 12,5% de álcool, sem passagem por madeira.
Chianti Classico Riserva 2017
Badia a Coltibuono, R$ 552,18. Um corte de 90% Sangiovese e 10% Canaiolo que bem representou o Chianti Classico “de antigamente”, sem os excessos de muitos outros produtores da região. Vinhedos orgânicos certificados, baixa intervenção na adega e o excelente trabalho de Roberto Stucchi Prinetti resultaram em um vinho sedutor e elegante, sem perder a “personalidade” italiana.
Primus Branco 2017
Quinta da Pellada, Dão DOC, R$ 713,03. Os vinhos brancos do Dão ficam entre as joias portugueses não plenamente compreendidas. Este é um corte de vinhas velhas de diversas castas autóctones (principalmente Encruzado, Bical e Cercial). Sem passar por fermentação maloláctica, um vinho de muita tensão e energia, com uma textura sensacional.
Tokaji Aszú 3 Puttonyos 2016
Oremus (Vega Sicilia), R$ 715,79. Elaborado com as variedades Furmint, Hárslevelü, Zéta e Sárgamuskotály, representou muito bem a tradição de vinhos de sobremesa desta região húngara. Com 127 gramas/litro de açúcar, mostrou alta acidez e melhor drinkability que seu “irmão mais velho”, o 5 Puttonyos, também servido no evento.
Singularidade
Optei por selecionar cinco vinhos que surpreenderam por conta de sua personalidade e originalidade. São expressões de uma certa forma inusitadas, mas que certamente agradam paladares curiosos.
20 Aldeas 2018
Condado De Haza, Vino de La Tierra de Castilla y Leon 2018, Espanha, R$ 358,72. Este monovarietal de Tempranillo surpreendeu pela vivacidade e frescor, em uma região mais conhecida por vinhos encorpados e concentrados. Foi elaborado a partir de vinhas velhas e de cultivo orgânico, plantadas a mais de 800 metros de altitude, com passagem por madeira de grandes formatos.
Axis Mundi Tannat 2011
Pisano, Uruguai, R$ 1.104,92. Chamado de Super-Tannat pelo divertidíssimo Daniel Pisano, é elaborado apenas em safras específicas, quando as condições meteorológicas permitem. Um vinho de altíssima concentração e potência, mas com taninos já controlados. Quem gosta de Tannat vai adorar, quem não, pode se surpreender.
Geol 2018
Tomàs Cusiné, Costers del Segre, Espanha, R$ 386,36. Um corte de 45% Merlot, 35% Cabernet Sauvignon, 5% Cabernet Franc, 5% Syrah e 5% Carignan desta denominação de origem localizada na Catalunha. Elaborado a partir de vinhedos plantados a 700 metros de altitude, mostrou equilíbrio e ótima textura, com tensão e frescor.
Montalto 2021
Tenuta Delle Terre Nere, Etna Bianco DOC, Itália, R$ 496,91. Pensar em vinhos do Etna para muita gente é lembrar de seus deliciosos tintos elaborados tendo a Nerello Mascalese como base. Porém, esta região também dá origem a brancos de alta gama, com a Carricante como uva principal. Elaborado a partir de vinhas velhas plantadas a quase 1.000 metros de altitude, na face sul do vulcão, o Montalto é fino e elegante, com tensão e muita energia.
Sémillon 2019
Boekenhoutskloof, Franschhoek, África do Sul, R$ 585,35. Com 92% de Sémillon (o restante é Sauvignon Blanc), foi elaborado a partir de vinhedos com grande proporção de vinhas centenárias e de cultivo orgânico. Um vinho de muita intensidade aromática e estilo redutivo, com notas abundantes de pólvora e boa estrutura. Delicioso e pronto para beber, foge do padrão desta variedade, com mais tensão e menos untuosidade.
Todos os vinhos aqui listados foram degustados no evento, no qual participei com ingresso gentilmente oferecido pela importadora.
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