Não é toa que os vinhos de coloração rosada são conhecidos ao redor do mundo por seu nome em francês, rosé. Existe uma verdadeira história de amor entre a França e estes vinhos frescos e sedutores. Responsáveis por 34% do consumo mundial de vinhos rosé, os franceses são também os maiores produtores, assim como líderes na importação por volume e na exportação por valor.
O vinhos rosé ganharam maior destaque nos últimos anos, não somente na França. Em 2021, o consumo mundial atingiu 19,4 milhões de hectolitros. Isso representa uma queda de cerca de 3% em relação ao recorde histórico, de 20 milhões de hectolitros, registrado em 2019, antes da pandemia de COVID. Apesar do fraco desempenho nos últimos anos, o consumo superou o de 2012 em aproximadamente 2%. A título de comparação, o consumo geral de vinhos (incluindo brancos e tintos) caiu 2% no mesmo período.
Maiores consumidores e produtores
A França é o maior consumidor de vinhos rosé do mundo tanto em termos absolutos como per capita. Bebendo pouco mais de um terço do rosés do mundo, os franceses são de longe os maiores consumidores, seguidos pelos alemães e norte-americanos. Apesar de serem os maiores exportadores de rosé em valor (cerca de 45% da total mundial), os franceses mais que compensam suas vendas externas com importações. Adquirem um enorme volume de rosés mais baratos provenientes, sobretudo, da Espanha.
O predomínio francês no consumo de rosés também é evidente quando se avalia o consumo per capita. Em 2021, foram 11,7 litros de vinhos rosés para cada maior de 15 anos na França, muito acima dos 7,5 litros no Uruguai e 3,5% na Bélgica e Luxemburgo. A cada 10 garrafas de vinhos vendidas na França, três eram rosés.
Em termos de produção, a França responde por 35% do total mundial, seguida por Espanha (20%), Estados Unidos (10%) e Itália (9%). Aproximadamente 25% do vinho produzido na França era rosé, acima dos 11% nos Estados Unidos e da média mundial de 9,9%. Vale destacar que a produção de vinhos rosé no mundo cresceu cerca de 25% em 10 anos, muito mais do que os outros tipos de vinho.
Temor com excesso de estoques
Porém, com o perdão do trocadilho, nem tudo são rosas. A produção global de rosés continua crescendo, enquanto o consumo estagnou. A diferença em 2021 foi de 3 milhões de hectolitros a mais de rosé produzido do que consumido. Cabe destacar que esse excedente de produção vem sendo observado desde 2019, antes do início da pandemia. Essa tendência tem várias explicações possíveis, entre elas estoques não vendidos ou usos industriais do vinho que não são levados em conta nas estatísticas.
Mesmo vendo sua parcela no total no consumo mundial de vinhos crescer de 8,4% em 2002 para 8,7% em 2012 e 9,7% em 2021, o segmento de vinhos rosé preocupa. Embora em menor escala do que no casos dos brancos e tintos (este último, o mais preocupante), os excedentes de vinho não param de crescer, colocando pressão sobre os vinicultores. E, por conta da enorme participação dos franceses no consumo de rosés e o rápido declínio do consumo na França desde a pandemia, os temores parecem justificados.
Fonte: Rosé Wines World Tracking 2021
Imagem: Matthias Böckel via Pixabay
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