A notícia, divulgada no final de agosto, de que a França irá gastar € 200 milhões (cerca de R$ 1,07 bilhão) para destruir estoques de vinho chamou a atenção. Um fundo de € 160 milhões com financiamento da União Europeia recebeu suplemento de mais € 40 milhões do governo francês. Segundo o Ministro da Agricultura da França, Marc Fesneau, os recursos serão “destinados para estancar o colapso dos preços e para que os produtores possam voltar a encontrar fontes de receita”
Os estoques de vinho na Europa atingiram níveis recordes nos últimos meses. O motivo? A forte queda do consumo nos principais países europeus. Segundo documento divulgado em junho pela União Europeia, o quadro é desafiador. O consumo de vinho previsto em 2023 deve mostrar queda acumulada estimada em 7% na Itália, 10% na Espanha, 15% na França, 22% na Alemanha e 34% em Portugal. Estes números se comparam com a situação do mercado pré-COVID-19.
Em relação ao ano passado, as estimativas indicam queda das vendas de 5,3% na Espanha e França, com alguns setores afetados de forma mais intensa. Nestes casos, as vendas caíram 25% a 35% em comparação com o mesmo período do ano passado. Esta tendência afeta, em especial, determinados segmentos do mercado vitivinícola, nomeadamente os vinhos tintos e rosés.
Quanto vinho será destruído?
A maior parte dos € 200 milhões será usada para comprar excessos de estoques, com o objetivo de destilar estes vinhos. O álcool resultante da destilação será vendido para uso em itens como desinfetantes para as mãos, produtos de limpeza e perfume. Mas qual será o volume efetivo de vinho a ser destruído?
Estimativas colocam o total em cerca de 3 milhões de hectolitros, que equivalente a cerca de 6,5% da produção total francesa em 2022. Vale lembrar que a França foi o segundo maior produtor de vinhos no mundo, somente atrás da Itália. Neste ano, porém, por conta da queda na safra italiana, é bastante provável que os franceses assumam a liderança.
Colocar estes números em perspectiva evidencia a gravidade do problema. Quando comparado com a produção de outros países, um volume de 3 milhões de hectolitros garantiria a 16ª posição no ranking de maiores produtores mundiais. Vale lembrar que o Brasil foi o 15º maior produtor em 2022, com 3,2 milhões de hectolitros. Ou seja, a destruição de vinhos na França equivale a quase 94% de todo o vinho produzido no Brasil em 2022
Fontes: European Commission adopts market measures to support EU wine producers; European Parliament; BBC News; Vitisphere
Imagem: Khyati Trehan via Unsplash
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