Barolo é uma área de enorme diversidade e origem de alguns dos melhores vinhos italianos. São nada menos que 170 MGA (ou Menzione Geografica Aggiuntive) relacionadas a vinhedos ou sub-regiões específicas somente na denominação de origem Barolo. Criadas em 2010, as MGAs representam uma forma simples de identificar as origens das uvas usadas nos vinhos, ajudando a entender o impacto do terroir.
Dentre elas, porém, poucas se destacam, levando em consideração seu porte e a qualidade de seus vinhos, como Ginestra. Com área superior a 114 hectares, dos quais cerca de 56% plantados com videiras, recebeu este nome em homenagem à planta que se destaca pelas suas flores amarelas e que é uma das primeiras a florescer na primavera. Localizada na Comune de Monforte d’Alba, é uma área com longa história e grande diversidade de viticultores e produtores.
Tradição
Em um dos primeiros esforços de mapeamento das sub-regiões do Barolo, Renato Ratti, no final de década de 1970, deu atenção especial à Ginestra. Sua obra Carta del Barolo dividiu Ginestra em duas sub-regiões: Ginestre e Grassi. A primeira, que corresponde aos vinhedos mais históricos, é uma área de orientação sul-sudeste, localizada entre as aldeias de Ginestra e Roddoli della Ginestra. Já a segunda sub-região definida por Ratti fica ligeiramente mais ao norte, em torno da aldeia de Grassi.
Ambas as sub-regiões mostraram uma notável evolução nas últimas décadas, sobretudo por conta do trabalho de alguns vinicultores específicos, que, já a partir de 1982 lançaram vinhos com referência a este vinhedo histórico. Em Ginestre, os pioneiros foram Domenico Clerico, Conterno Fantino e Elio Grasso, o último também nome de referência na sub-região de Grassi.
Características
Por conta de seu grande porte, Ginestra é uma MGA com características distintas, tanto em termos de orientação, altitude e perfil do solo. Os vinhedos estão distribuídos em altitudes entre 275 a 530 metros, resultando em colheitas mais tardias que boa parte das regiões vizinhas. Os solos também são variados, com trechos compostos por margas de Sant’Agata, Lequio e Arenito de Diano, está último em menor escala
A Nebbiolo é a uva principal, controlando cerca de 74% dos vinhedos, seguida pela Barbera (12%) e Dolcetto (7%). Outras variedades também estão presentes, boa parte delas nas parcelas de orientação norte, como Chardonnay (2,5%), Merlot (2%) e pequenas áreas plantadas com Syrah, Favorita, Cabernet Sauvignon, Pinot Noir, Pinot Gris e Nascetta.
Vinhedos clássicos
Na sub-região chamada de Ginestre por Ratti estão alguns dos vinhedos mais clássicos de Ginestra. São encostas de orientação sul que dão origem a vinhos estruturados e austeros, com grande capacidade de guarda. Exemplos são o Barolo Ginestra Ciabot Mentin (Domenico Clerico), Barolo Ginestra Casa Maté (Elio Grasso) e Vigna Sori Ginestra (Conterno Fantino). Outro vinhedo de Conterno Fantino, o Vigna del Gris, por conta sua maior altitude e solos mais arenosos, dá origem a vinhos de menor intensidade.
Também nesta sub-região fica a área de Pajana, com menor altitude e solos distintos. A partir do lançamento do Barolo Pajana de Domenico Clerico em 1991, é uma área que mostrou ampliação na área plantada nas últimas décadas. São vinhos com ótima estrutura, mas que precisam de menos tempo para atingir seu pico. Outros exemplos são os vinhos de Diego Conterno, Paolo Conterno, Renzo Seghesio e Rocche dei Mazoni.
Área em ascensão
Embora os vinhedos em torno da aldeia de Grassi, explorados por Bera, Bosca e Cascina Chicco não tenham ganhado muita expressão, a história foi diferente com Gavarini. Este vinhedo em formato de anfiteatro foi quase inteiramente replantado na década de 1980 e, nas mãos de Elio Grasso, ganhou reconhecimento pelos seus vinhos de alta gama. Recentemente, dois vinhedos próximos ganharam destaque: Rüncot (vinhos mais tânicos) e Chiniera (Nebbiolos mais elegantes).
Imagens: Consorzio di Tutela Barolo Barbaresco Alba Langhe e Dogliani; Thomas via Pixabay
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