Jaeger-Defaix: diversas expressões dos Premiers Crus de Rully

Vinho e fotografia? Muito antes da explosão das mídias sociais, ao menos em uma parte do mundo já havia uma relação estreita entre estas duas áreas. O francês Nicéphore Niépce, nascido em Chalon-sur-Saône, no sul da Borgonha, inventou a fotografia em 1822. E, em uma região tão conhecida por seus vinhos, não poderia faltar uma Domaine de Niépce.

De posse da família Niépce desde o século XVI, a propriedade e a vinícola que dela surgiu mudaram de nome há cerca de 20 anos. A partir de 2003, Hélène Jaeger-Defaix herdou a vinícola de sua tia-avó, Henriette Niépce, que não tinha filhos. Em poucos anos, nascia a Domaine Jaeger-Defaix, mantendo a tradição e a posse de diversos vinhedos Premier Cru na denominação de origem Rully.

História recente

Hélène Jaeger-Defaix recebeu sua primeira parcela em 2003, a segunda em 2004 e, a partir de 2005, o controle da histórica vinícola familiar, na época com quatro hectares de vinhedos. Além da tradição da família, os vínculos de Hèléne com a vinicultura aumentaram por conta do seu casamento com Didier Defaix, também herdeiro de uma vinícola, porém sediada em Chablis.

Hélène Jaeger-Defaix

Esta união colocou vinhedos em distintas regiões da Borgonha em uma só família. Apesar das uvas provenientes de duas regiões e, obviamente, vinificadas e engarrafadas como vinhos de denominações de origem diferentes, há vários pontos em comum. Além das práticas nos vinhedos e estilo de vinificação, todos os vinhos da Domaine Jaeger-Defaix são elaborados nas instalações da Domaine Bernard Defaix em Chablis.

Agricultura e vinhedos

Assim como no caso da propriedade em Chablis, o caminho escolhido para o cultivo dos vinhedos foi a agricultura orgânica. Os princípios desta forma de manejo dos vinhedos foram adotados a partir de 2007, com busca de certificação a partir de 2009. Entre 2011 e 2015 os vinhos foram certificados orgânicos e após um breve intervalo por conta da difícil safra de 2016, voltaram a ser a partir de 2019, até hoje.  

Atualmente, são cerca de 6,5 hectares de vinhedos, quatro deles classificados como Premier Cru. Na parte mais ao norte da denominação de origem, ficam suas parcelas em Le Cloux (vinhedo historicamente dividido entre Pinot Noir e Chardonnay), Rabourcé e Chapitre. Neste último, a vinícola possui uma parcela inteiramente murada, o Clos de Chapitre, que possui um micro-terroir distinto. Já mais ao sul, possui parcelas no também no Premier Cru Mont Palais. Os demais 2,5 hectares se situam em vinhedos classificados como Village.

Vinificação

O estilo de vinificação de seus vinhos brancos traz alguns pontos em comum com aqueles adotados para os vinhos da Domaine Bernard Defaix. Após colheita manual, as uvas passam por prensagem e descanso de 24 horas, com débourbage. A fermentação alcóolica (com uso exclusivo de leveduras indígenas), fermentação maloláctica e envelhecimento ocorrem em barricas de carvalho, com estágio de 16 a 18 meses. Antes do engarrafamento, os vinhos passam por leve filtração e colagem usando bentonita.

Já os vinhos tintos são elaborados a partir de uvas 100% desengaçadas, com fermentação também espontânea em tanques de inox. Para evitar maior concentração, a prática de pigéage é restrita ao início do processo, com maior uso de remontage a partir de então. Os vinhos passam por estágio em barris de carvalho por 15 a 18 meses, com leve filtração, mas sem colagem, antes do engarrafamento.  

Vinhos

São atualmente elaboradas quatro cuvées brancas, todas 100% Chardonnay: além de um vinho de entrada (Rully Village), são três Premiers Crus. O Rully 1er Cru Mont Palais passa 18 meses em barricas é um vinho mais frutado e redondo. Já o Rully 1er Cru Cloux Blanc é mais direto e mineral, enquanto o Rully 1er Cru Rabourcé Blanc é mais rico e persistente.

São três cuvées tintas, sendo um Rully Village e dois Premiers Crus. O Ruilly Village passa 15 meses em barricas usadas e é mais leve e frutado, enquanto o Rully 1er Cru Préaux Rouge é mantido no carvalho por 18 meses (cerca de 1/3 de barricas novas) e é mais rico e elegante.

Por fim, o Rully 1er Cru Clos du Chapitre Rouge reflete muito bem as peculiaridades deste vinhedo. Esta parcela tem pouco menos de 1 hectare e é completamente murada, o garante maior retenção de calor e um perfil de maturação mais rápida para as uvas de Pinot Noir. Deste modo, em safras mais quentes é um vinho mais encorpado e potente, ganhando mais finesse em colheitas mais frias, porém sem perder a complexidade.  

Nome da VinícolaDomaine Jaeger-DefaixWebsite https://www.jaeger-defaix.com/EnólogosDidier Defaix, Hélène DaefaixUvasChardonnay, Pinot NoirÁrea de Vinhedos6,5 haSede da VinícolaRully (Bourgogne-Franche-Comté) DenominaçõesRully, Rully Premier CruPaísFrançaAgriculturaOrgânica certificadaVinificaçãoBaixa IntervençãoImportador no BrasilTanyno

Fontes: Website da vinícola; entrevista com o produtor; Inside Burgundy, Jasper Morris MW

Imagens: Domaine Jaeger-Defaix

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