Luciano Sandrone figura entre os produtores que revolucionaram o Barolo nos anos 1980. Hoje, porém, seus vinhos fogem do já desgastado debate entre produtores modernistas vs tradicionalistas. Sim, seus vinhos de mais alta gama não necessitam de tantos anos de adega para entrar na janela de consumo ideal. Todavia, o maior peso dado no passado para intensidade, potência e carvalho parecem ter ficado para trás. Sua assinatura pessoal continua clara, mas são vinhos nos quais finesse e elegância chamam a atenção.
Foi um prazer participar de uma prova com quatro vinhos de Sandrone, organizada pela sua importadora no Brasil, a Clarets. Abaixo minhas observações:
Dolcetto e Barbera
Dolcetto d’Alba 2021 13,5% – Mesmo em uma safra cheia de obstáculos, um Dolcetto que chamou atenção pela drinkability, sem pretensões de grandeza. Neste sentido, foi muito distinto da última vez que provei este vinho, da safra 2017, que havia se mostrado excessivamente intenso e bem menos linear. Sem estágio por madeira, mostrou um aromático rico, com aromas de frutas vermelhas e negras (cereja e ameixa em destaque) acompanhadas por notas abundantes de violeta. No palato, trouxe boa acidez, corpo médio e frescor, um vinho agradável e fácil de beber. Pense em um Beaujolais com taninos mais presentes, um ótimo custo-benefício a R$ 169.
Barbera d’Alba 2020 13,5% – Se o Dolcetto é um vinho para hoje, neste Barbera o foco não fica somente no curto prazo. Mostrou um olfativo complexo, com aromas de amora, cereja escura, leve madeira, menta e discreto alcaçuz. Já na boca, combinou alta acidez, riqueza e refinamento. Com taninos finos, mais textura e boa profundidade, muito direto e franco, um Barbera que deve evoluir bem, mesmo que já esteja interessante no momento. Preço de R$ 299,40.
Nebbiolo d’Alba e Barolo
Nebbiolo d’Alba Valmaggiore 2020, 13,5% – Um Nebbiolo com uma proposta clara: frescor e elegância, nada de Baby Barolo por aqui. Apresentou um olfativo elegante e sedutor, com notas de cereja, leve menta e rosa. Chamou a atenção pela verticalidade, alta acidez, taninos marcantes, porém finos, com corpo médio. Com muita fruta fresca e bom equilíbrio de boca, um vinho já muito agradável. Preço R$ 399,60
Barolo Aleste 2017, 14,5% – Este foi o vinho (quando ainda era chamado de Cannubi Boschis) que colocou Luciano Sandrone no primeiro escalão do Barolo. Mostrou um olfativo explosivo, com muita fruta pura (cereja selvagem e framboesa) acompanhada por leves notas de rosa e alcaçuz. Com alta acidez, chamou a atenção pela estrutura, profundidade e pelos taninos bem presentes, mas de alta qualidade. Embora ainda muito jovem por conta de sua complexidade e potencial, merece alguns bons em garrafa. Ao mesmo tempo, parece desenhado para entrar em sua janela de consumo nos próximos dois a três anos. Preço de R$ 1.299,60
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