Mongeard-Mugneret: longa tradição e presença disseminada pela Borgonha

Com cerca de 30 hectares de vinhedos e produção em 35 denominações de origem diferentes, a Domaine Mongeard-Mugneret é uma das vinícolas de maior porte entre aquelas sediadas em Vosne-Romanée. A tradição familiar na viticultura conta com mais de três séculos, embora o formato atual da vinícola tenha aproximadamente 100 anos.

Assim como quase todas as vinícolas com alta concentração de vinhedos na Côte de Nuits, a Pinot Noir tem um papel central na Mongeard-Mugneret. Ela ocupa mais de 95% da área plantada de vinhedos. Além de outras uvas tradicionais da Borgonha (como Chardonnay e Aligoté), porém, a vinícola cultiva uma variedade incomum. A Mongeard-Mugneret planta também a Malbec, com resultando em uma produção anual de cerca de 150 mil garrafas desta variedade.

Longa história

Os primeiros registros do envolvimento da família Mongeard com a viticultura datam de 1680. E não era uma atividade qualquer: ao longo do tempo família desenvolveu uma relação próxima com o vinhedo mais famoso de Vosne-Romanée. Em 1735 a propriedade La Romanée era cultivada por Denis Mongeard, e a participação da família na viticultura desta propriedade seguiu até 1785. Vale lembrar que este vinhedo foi adquirido em 1760 pelo Príncipe de Conti, que, posteriormente, incorporaria seu nome e daria origem ao icônico La Romanée-Conti.

A criação da Mongeard-Mugneret como a conhecemos hoje, porém, veio muito depois. Eugène Mongeard e Edmée Mugneret se casaram em 1919 e foi seu filho, Jean, quem colocou a vinícola em evidência. Se antes a produção era vendida para négociants, Jean foi o primeiro a lançar um vinho com o nome da vinícola, em 1945. Embora sem ter mais acesso ao mais prestigiado vinhedo de Vosne-Romanée, várias parcelas eram cultivadas e este vilarejo até hoje tem uma presença de destaque.

Jean foi sucedido por seu filho Vincent, que se juntou à vinícola em 1976 e foi responsável por uma significativa expansão. Em meados da década de 1980, o total de vinhedos cultivados já atingia cerca de 20 hectares, crescendo progressivamente até a área total atual, já contando com parcelas adquiridas também fora da Côte de Nuits, como em Beaune e Pernand-Vergelesses.

Vincent Mongeard

Vinhedos e agricultura

Embora a maior parte dos vinhedos seja classificada dentro das categorias regional (com destaque, em termos de hectares, para Hautes-Côtes de Nuits) e Village (parcelas em diversas denominações de origem), as joias da coroa são os vinhedos Premier e Grand Cru. São pouco mais de 5 hectares de vinhedos Premier Cru, com destaque para parcelas em Vosne-Romanée (Em Orveau, Suchots e Petit Monts), Vougeot (Petit Vougeot) e Nuits-Saint-Georges (Boudots e Les Cras).

Já as parcelas em vinhedos Grand Cru, todos situados no coração da Côte de Nuits, respondem por pouco mais de 4,2 hectares. Eles incluem 1,82 hectare em Echézeaux e 1,44 ha em Grands Echézeauxs (o que a coloca entre os três maiores proprietários nestes dois vinhedos), além de 0,63 ha em Clos de Vougeot e 0,31 ha em Richebourg.

Todos os vinhedos são cultivados de acordo com os princípios da agricultura sustentável, com certificação HVE nível 1. A Mongeard-Mugneret está atualmente trabalhando para obtenção do nível 3, patamar mais alto desta controvertida certificação francesa.

Vinificação

Focada principalmente nos vinhos tintos, a Mongeard-Mugneret adota algumas variações na vinificação, porém existe um conjunto significativo de procedimentos em comum. Em geral, as uvas usadas para os vinhos básicos são 100% desengaçadas, mas há uso crescente de cachos inteiros para aqueles de mais alta gama. Após colheita manual, as uvas passam por maceração a frio de ao menos 48 horas, seguida por fermentação em tanques de inox de 20 a 60 hectolitros.

Há preferência pelo uso de pigéage e, completada a fermentação, os vinhos seguem para barricas, com a parcela de carvalho novo variando de acordo com a classificação do vinho. Para os Grands Crus a proporção fica entre 60-100%, caindo para 30-50% para os Villages e os Premiers Crus e 5-20% para Savigny-les-Beaune e Fixin. O tempo de estágio também varia, entre 14 meses (regionais) a 18 meses (Grands Crus). Apenas os vinhos regionais passam por filtração.

No caso dos vinhos brancos e rosés, a fermentação ocorre em aço inox para o Bourgogne Aligoté e o Bourgogne Chardonnay e em demi-muids (barricas de carvalho de 600 litros) para o Bourgogne Hautes-Côtes de Nuits e o Marsannay Clos du Roy. Estes dois vinhos seguem nos mesmos barris para envelhecimento, enquanto os demais são mantidos em tanques de inox. Os vinhos não passam por colagem, apenas leve filtração.

Vinhos regionais e Village

A linha de vinhos elaborados pela Mongeard-Mugneret pode ser dividida em quatro grandes grupos. Eles respeitam a pirâmide de classificação da Borgonha: regionais, Village, Premier Cru e Grand Cru. A primeira categoria inclui quatro tintos (Pinot Noir, Pinot Noir Cuvée Sapidus, Hautes-Côtes de Nuits La Croix e Hautes-Côtes de Nuits Les Dames Huguettes), um rosé (Bourgogne Rosé) e três brancos (Aligoté, Chardonnay e Hautes-Côtes de Nuits Le Prieuré).

Também fazem parte desta categoria aqueles chamados de Expressions du Terroir, como La Superbe (Coteaux Bourguignons), Cuvée M (um Vin de France elaborado a partir da Malbec) e Cuvée Chloé (Crémant de Bourgogne).

Entre os Villages, são nove tintos, todos elaborados a partir da Pinot Noir (Vosne-Romanée, Vosne Romanée Les Maizières-Hautes, Nuits-Saint-Georges, Nuits-Saint-Georges Les Plateaux, Gevrey-Chambertin, Chambolle-Musigny, Fixin, Fixin Vieille Vigne e Savigny-les-Beaune). Os monovarietais de Chardonnay são Marsannay Clos du Roy e Fixin.

Premier Cru e Grand Cru

Nestas categorias, a Pinot Noir reina soberana, algo que não surpreende para uma vinícola com grande parte de seus melhores vinhedos concentrados na Côte de Nuits. São nove Premiers Crus: Vosne-Romanée En Orveaux, Vosne-Romanée Les Suchots, Vosne-Romanée Les Petits Monts, Nuits-Saint-Georges Aux Boudots, Vougeot Les Cras, Vougeot Les Petits Vougeots, Beaune Les Avaux, Savigny-les-Beaune Les Narbantons e Pernand-Vergelesses Les Vergelesses.

Já na categoria que representa o topo da pirâmide, são cinco cuvées: Echézeaux, Echézeaux La Grande Complication (vinho elaborado somente a partir de vinhas velhas), Grands Echézeaux, Clos de Vougeot e Richebourg.

Nome da VinícolaDomaine Mongeard MugneretEstabelecida1680Website https://www.mongeard.com/en/EnólogoVincent MongeardUvasPinot Noir, Chardonnay, Aligoté, MalbecÁrea de Vinhedos30 haSede da VinícolaVosne-Romanée (Bourgogne Franche-Comte)DenominaçõesCoteaux Bouguignons, Vin de France, Bourgogne, Bougogne Aligoté, Hautes-Côtes de Nuits, Crémant de Bourgogne, Vosne-Romanée, Nuits-Saint-Georges,Gevrey-Chambertin, Chambolle-Musigny, Fixin, Savigny-les-Beaune, Marsannay, Echézeaux, Grands Echézeaux, Clos de Vougeot e RichebourgPaísFrançaAgriculturaSustentávelVinificaçãoConvencionalImportador no BrasilTanyno

Fontes: Entrevista com a vinícola; site da vinícola; Inside Burgundy, Jasper Morris

Imagens: Mongeard-Mugneret

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