Muito se falou de regras, se esquecendo do gostar que é próprio. Individual e antes de tudo, um aprendizado. Quase ninguém teve oportunidades de aprendizado do gosto, tanto na gastronomia, quanto nas bebidas. Poucos, depois de certa idade, se permitiram experimentar gastronomias e bebidas diferentes das habituais e cotidianas nas suas vidas.
Temperos variados existem, mas em geral, só usamos os mesmos, ou pela dificuldade de encontrá-los, ou pior, pela comodidade do costume do usual, do já conhecido. As regras para se executar bem certas gastronomias são bem-vindas. As regras de como e quando as comer, já é outro assunto. O mesmo podemos comentar para as bebidas, sejam elas refrescos, bebidas fermentadas, destilados, café, mate, infusões etc…
Regras nas bebidas?
Por muito tempo, nos vinhos em particular, houve um temor pelo excesso de regras e rituais, que fizeram esta bebida se tornar elitista. Já a cerveja, habilmente, desconstruiu regras e dominou o universo dos fermentados.
O que dizer dos diferentes tipos e modos do preparo do famoso chimarrão, advindo da erva mate, tão brasileira? Durante muito tempo ouvimos falar nas regras para se degustar os vinhos, o modo correto de servir. O jeito certo de preparar a cuia do chimarrão, o mate mais verdinho, mais queimado, mas entendo que hoje, quem manda é o consumidor, ele degusta o que gosta e do seu jeito e basta!
Experimentar o diferente
Tudo isto que escrevo serve para as variadas gastronomias, estranhas ou não, distintas do seu habitual cardápio. O mesmo para os cafés, com preconceitos por muitos anos com a variedade canéfora, ou conillon, ou robusta, em detrimento do arábica.
Também para a erva mate temos já estudos para padronização de variadas torras, estilos, granulometrias, que poderão ser postos ao crivo do gosto pessoal de cada consumidor. As infusões, que são as mais variadas, sejam de cascas, flores, folhas, também são hoje mais conhecidas e reconhecidas, desde as que são consideradas fármacos, até as mais exuberantes e diferentes composições.
Tudo isto para exemplificar que o gosto se estuda, se aprende, se aprimora, mas, e antes de tudo, temos que experimentar o diferente, caso contrário, não teremos um leque grande de gostos, de prazeres sensoriais. Espero ter contribuído para conclamar as pessoas a ousarem nos seus gostos, não ficarem na mesmice de sempre.
Tenham todos um próspero ano de 2024.
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão, conhecido como O Engenheiro Que Virou Vinho, me dedico a comentar, escrever, divulgar, dar palestras e ministrar cursos de vinhos, bebidas destiladas e a harmonização com a gastronomia. Assino, dentre outras mídias, o site Divino Guia www.divinoguia.com.br
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Fotos: Álvaro Cézar Galvão, arquivo pessoal
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