Pietradolce: vinhedos centenários, sofisticação e vinhos precisos

Existem várias “gerações” de produtores do Etna, após a região ser praticamente redescoberta para os vinhos de alta gama no começo da década de 1990. Nomes pioneiros como Benanti, Tenuta delle Terre Nere, Passopisciaro e Frank Cornelissen fizeram história e abriram caminhos para muitos outros. Atualmente são mais de 200 produtores na região, boa parte dos quais com atividades há menos de 10 anos.

Entre estes dois grupos, porém, existe também uma geração intermediária, que apostou no Etna na década de 2000. E um dos principais destaques é a Pietradolce, vinícola localizada em Solicchiata, na face norte do vulcão. Com uma área significativa de vinhedos plantados com videiras centenárias e elaborando vinhos de alta precisão, rapidamente se posicionou entre os grandes nomes do vinho do Etna.

Histórico e vinícola

A Pietradolce começou suas atividades em 2005, capitaneada por Michele Faro, membro de uma família intimamente ligada com a agricultura na Sicília. Embora seu avô tenha trabalhado com vinhos a granel do Etna no passado, foi em outros ramos da agricultura (sobretudo cítricos) que que a família Faro ganhou projeção. Isso permitiu um retorno de alto estilo à vinicultura no Etna.

Michele Faro e algumas de suas vinhas centenárias

Sua vinícola, retratada na chamada desta matéria e inaugurada em 2016, é um exemplo de sustentabilidade e bom gosto. É uma estrutura elegante e funcional, com uso de materiais locais, arquitetura orgânica e um impressionante acervo de obras de arte contemporâneas. Porém, se isso não impacta na qualidade do vinho, suas instalações de vinificação o fazem. Modernos tanques troncônicos de fermentação em cimento dividem espaço com tanques de inox e uma moderna sala de barricas, com vinificação inteiramente por gravidade.

Vinhedos

Mas se a estrutura da vinícola impressiona, o que dizer de seus vinhedos? São cerca de 30 hectares, 70% deles plantados com uvas tintas (Nerello Mascalese) e os demais 30% com brancas (Carricante), com certificação orgânica desde 2019.  As joias da coroa são pequenas parcelas em algumas das mais disputadas Contrade do Etna. Destaque para Rampante, Santo Spirito e Feudo di Mezzo, todas na face norte do vulcão e com alta concentração de vinhas velhas, muitas delas pré-filoxéricas. Nestas áreas, todas as videiras têm cultivo em alberello, o tradicional sistema de condução do Etna

Uma parcela, em particular, chama a atenção. Situada próxima da vinícola dentro da Contrada Rampante, a 950 metros de altitude, Barbagalli (com menos de um hectare de área) conta somente com vinhas velhas plantadas em terraços murados, onde o cultivo é inteiramente manual. É desta parcela que surge o vinho de mesmo nome, consistentemente parte do restrito grupo de melhores vinhos tintos do Etna

A Pietradolce cultiva também vinhedos na área de Millo, onde surgem os Etna Bianco Superiore, considerados os melhores brancos da região. Dois de seus vinhos brancos tem origem em vinhas velhas (acima de 130 anos) de Carricante plantadas na Contrada Caselle.

Vinificação

Todos os vinhos da Pietradolce são vinificados por parcela, mesmo no caso daqueles de sua linha de entrada. No caso dos tintos, a fermentação ocorre tanques de cimento troncônicos não vitrificados. Isso garante menor extração, por conta do menor chapéu resultante deste formato de tanque. As uvas são 100% desengaçadas, com cerca de 20 dias de fermentação e uso de leveduras selecionadas. O que muda é o envelhecimento, com maior tempo em carvalho (tonneaux franceses de 700 litros e baixa tostagem) no caso dos vinhos de Contrada.

A sala de vinificação da Pietradolce

Já os vinhos brancos, à exceção do Sant’Andrea, que é um vinho de maceração em barris de carvalho, os brancos passam por fermentação e envelhecimento somente em tanques de inox, com mais algum tempo em garrafa antes do lançamento.  O mesmo conceito funciona para o Rosato.

Vinhos

No total, a Pietradolce elabora dez cuvées distintas todos os anos, sendo três brancos, um rosado e seis tintos. A produção atual fica na casa de 100.000 garrafas, 75 mil das quais nos seus vinhos de entrada (Pietradolce branco, rosado e tinto), os únicos onde há blend de vinhos de diferentes vinhedos e mecanização (parcial) na colheita.

Seus vinhos de Contrada mostram uma produção anual na faixa de 25 mil garrafas, incluindo apenas duas mil garrafas do Barbagalli. O Archineri Rosso foi o primeiro vinho a ser elaborado e conta com uvas da Contrada Rampante, seguido posteriormente por tintos das Contrade Santo Spirito e Feudo di Mezzo (este último a partir da safra 2019). A linha de tintos fecha com outros dois vinhos da Contrada Rampante, um de mesmo nome e o Barbagalli.

Dois brancos trazem uvas da Contrada Caselle, sempre usando a Carricante. O Archineri Bianco tem elaboração tradicional, enquanto o O Sant’Andrea é um vinho laranja, com maceração de oito meses em foudres de 20 hectolitros, seguidos por mais alguns meses em garrafa. 

Nome da VinícolaPietradolceEstabelecida2005Websitehttp://www.pietradolce.it/ita/home.htmlEnólogo responsávelMichele FaroUvasNerello Mascalese, CarricanteÁrea de Vinhedos30 haSede da VinícolaSolicchiata (Sicília)Denominações de OrigemEtna Rosso, Etna Bianco, Etna Rosato, Terre Siciliane IGTPaísItáliaAgriculturaOrgânica certificadaVinificaçãoConvencional

Fontes: Site e entrevistas com o produtor

Imagens: Arquivo pessoal

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