Rioja Alta: conheça mais sobre esta tradicional sub-região da Rioja

A Rioja é a região vinícola mais celebrada da Espanha, levando em conta tanto a qualidade de seus vinhos como sua tradição. Foi a primeira denominação de origem aprovada na Espanha e, além disso, também a primeira a obter a categoria de DOC qualificada (DOCa). Sua área de vinhedos está dividida entre três regiões administrativas distintas (La Rioja, Navarra e País Basco) e pode ser segmentada em três sub-regiões (Rioja Alta, Rioja Alavesa e Rioja Oriental).

Destas, a Rioja Alta é a maior, com cerca de 42% da área de vinhedos, espalhados por 75 municípios diferentes. É, possivelmente, também a mais conhecida, por conta da longa tradição de algumas de suas vinícolas. Nomes como López Heredia (Tondonia), La Rioja Alta, Muga, Marqués de Murrieta e CVNE, todas sediadas na Rioja Alta, ficam dentre os principais embaixadores do vinho da Rioja.

Breve história

A viticultura teria sido introduzida nas áreas em torno do rio Ebro em torno do século X antes de Cristo, com a chegada dos fenícios à região. Porém, teriam sido os romanos, com a conquista desta parte da Península Ibérica no século II AC, que teriam dado maior impulso à produção de vinhos, sobretudo para consumo local.

Nova expansão foi vista durante a Idade Média, com a chegada de ordens religiosas à região, sobretudo após a fundação dos monastérios de San Millán de la Cogolla, Suso e Yuso. O mercado internacional também ganhou atenção, com evidências de que os vinhos da região já eram exportados para Inglaterra e Holanda a partir do final do século XIII. A fundação em 1787 da Real Sociedad Economica de Cosecheros de Rioja, em Fuenmayor (Rioja Alta) foi outro marco importante da vinicultura local.

Todavia, a grande expansão veio a partir do século XIX. Ela foi consequência de três eventos: a chegada do oídio à Galícia na década de 1850, da filoxera à França na década seguinte e da expansão das ferrovias na Espanha. O resultado? Haro, em especial a área próxima da sua estação de trem (Barrio de la Estación), se tonou um dos principais centros da vinicultura na Europa a partir da década de 1870.

Geografia e vinhedos

A Rioja Alta, com uma área de vinhedos que supera 26 mil hectares, está situada no noroeste da Rioja. O rio Ebro forma grande parte de sua fronteira norte. Já as partes mais baixas da Sierra de la Demanda (parte do Sistema Ibérico) servem como sua fronteira sul. É uma região com diversos vales (ela é cortada por quatro grandes afluentes do Ebro) e por várias áreas de maior altitude. Assim como a Rioja Alavesa, é uma região que recebe influência do Atlântico e é mais fria e úmida que a Rioja Oriental.

Os vinhedos de Rioja Alta ficam principalmente ao sul do rio Ebro, em vales fluviais e em terraços construídos nas encostas da Sierra de la Demanda. Os vinhedos são plantados em altitudes entre 300 e 850 metros, com a maioria situada entre 500 a 550 metros. Das três sub-regiões da Rioja, é aquela com maior diversidade de solos. Há maior concentração de solos argilo-calcários ao norte e depósitos aluviais e argila com alta concentração de ferro espalhados por toda sub-região.

As uvas tintas, sobretudo a Tempranillo, dominam os vinhedos, com quase 89% do total. No entanto, dentre as sub-regiões da Rioja, é aquela com maior área de vinhedos plantados com variedades brancas, com destaque para a Viura, que é como a Macabeo é conhecida na região. Cerca de 51% da área total plantada com uvas brancas na Rioja fica na Rioja Alta. Em termos de fronteiras administrativas, os vinhedos da Rioja Alta ficam na província de La Rioja.

Vinhos e principais produtores

Os vinhos da sub-região da Rioja Alta certamente ficam entre os melhores da Rioja. Por conta da altitude e dos solos com alta concentração de ferro, são caracterizados por um estilo mais elegante, com teor de álcool mais moderado. Predominam aqueles elaborados no estilo tradicional da região, com cortes tintos onde a Tempranillo é majoritária. Normalmente, os vinhos passam por estágio em barricas de carvalho americano.

O Barrio de la Estación, em Haro, concentra alguns dos mais tradicionais produtores da Espanha. Além das tradicionais López de Heredia, La Rioja Alta, Muga, Bodegas Bilbainas e CVNE, reúne também a Roda. Esta vinícola ganhou destaque dentre aquelas de estilo mais moderno na Rioja. Já em Logroño, maior cidade da região, fica a Marqués de Murrieta, outro nome icônico da Rioja.

Entre outros produtores, destaque também para Bodega Contador, Bodegas Berceo, Beronia, Campo Viejo, Castillo de Sajazarra, Finca Allende, Finca Valpiedra, Lan, Marques de Cáceres, Montecillo, Olivier Rivière, Ontañon, Ramón Bilbao, Señorio de San Vicente, Sierra Cantabria e Sonsierra.

Quer conhecer?

Possivelmente, a forma mais fácil de acessar a Rioja Alta é de carro. O viajante, dependendo do seu local de origem, pode chegar à região a partir de diferentes pontos. Para quem vem do norte da Espanha (sobretudo a partir do País Basco), pode ser através da AP-68. A partir de Burgos, o acesso é pela N-120 ou N-232; e de Madrid, pela A-1 e AP-68 ou pela A-2 e N-111.

Outros meios de transporte são trem e avião. O aeroporto de Logroño-Agoncillo (com voos diários para Madri), é uma das portas de entrada da Rioja Alta. Da mesma forma, a região também é acessível por trem até Logroño e Haro, com conexão diária a partir de Madri e Barcelona.

Fontes: Rioja Wine; The Wines of Spain, Julian Jeffs; Spanish Wine Scholar Manual; Guia Peñin; Rioja – Introducing Spain´s Most Famous Wine Region, Sarah Ewans MW; Vinos y Bodegas de Rioja

Mapas: Rioja DOCa; Rioja – Introducing Spain´s Most Famous Wine Region, Sarah Ewans MW

Imagem: Haro Turismo

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