A colheita da safra 2023 já começou na Itália. No último dia 3 de agosto, a vinícola Giuseppe Provenzano, localizada em Alcamo, na província de Trapani (Sicilia), colheu suas primeiras uvas de Pinot Grigio. Novamente precoce, esta safra reflete o aquecimento global, que, talvez como nunca, tenha gerado um impacto tão significativo sobre os vinhedos italianos como em 2023.
Mais do que calor a níveis recordes (a temperatura em certas áreas na Sicília chegou perto de 50 graus no final de julho), o aquecimento global muda o padrão das estações, causando eventos climáticos extremos. A primavera foi totalmente atípica no centro-sul da Itália este ano, com um volume recorde de chuvas na Emilia Romagna e umidade extrema no sul do país. O resultado: a explosão dos casos de doenças fúngicas (sobretudo míldio) nos vinhedos, com enorme impacto sobre o volume da safra 2023.
Uma das menores safras em 100 anos
Embora o norte da Itália deve registrar uma safra com volumes relativamente normais, o mesmo não deve ocorrer com o centro-sul do Belpaese. Regiões importantes como Sicília e Puglia, que representam mais de 20% da produção de vinho italiano, devem registrar perdas de até 40% na colheita. Algumas áreas entre Molise e Abruzzo devem ver uma queda de até 60% nos cachos a serem colhidos. A situação também é difícil na Toscana, com algumas vinícolas reportando perdas na casa de 70%.
Estes eventos climáticos causarão uma queda na safra 2023 praticamente sem precedentes, de acordo com estimativas da Coldiretti, associação que representa e presta assistência à agricultura italiana. A produção de vinhos em 2023 deve cair para 43 milhões de hectolitros contra os cerca de 50 milhões registrados na temporada passada. Isso representa uma redução de aproximadamente 14%.
Assim, a safra 2023 deve ser uma das piores em termos quantitativos nos últimos 100 anos da vinicultura italiana, juntamente com 1948, 2007 e 2017. Em diversas regiões no sul do país, possivelmente será a menor safra da história recente. Parte significativa da produção (que pode chegar até 50%) será perdida por conta, sobretudo, do míldio. Já no norte, do Piemonte ao Vêneto, passando pela Lombardia, a produção está relativamente estável, de forma que esta área deve responder por cerca de 65% de todo o vinho italiano em 2023.
Disputa pelo primeiro lugar
Os números finais da safra irão depender do comportamento do clima nas próximas semanas. De acordo com as primeiras projeções, na ausência de novos eventos adversos, é possível que a Itália mantenha sua posição de maior produtor mundial de vinho. Vale lembrar que em 2022 os vinhos italianos lideraram o ranking mundial de produção, com 49,8 milhões de hectolitros, contra 45,6 m/hl na França.
A França também enfrenta problemas com a safra 2023, sobretudo em uma de suas principais regiões, o Bordeaux. O culpado é o mesmo: o míldio, que causou uma devastação quase sem precedentes. Já a Espanha, onde o clima antecipou a colheita em pelo menos duas semanas, deve permanecer em terceiro, com 36,5 milhões de hectolitros e queda de 11% em relação a 2022.
Fontes: WineNews; Coldiretti
Imagem: Diana Butacu via Pixabay
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