Não há dúvidas que o vinho argentino está passando por transformações importantes. Quase sempre associada a vinhos frutados e encorpados, tendo a Malbec como principal embaixadora, a Argentina tem uma nova geração de produtores. O objetivo é trazer novas expressões de terroir, onde elegância e pureza assumem papel central. Criada pelo italiano Piero Incisa della Rocchetta em 2002, a Bodega Chacra é um dos destaques deste novo momento.
Sediada em Maiquém, em Rio Negro, na Patagônia argentina, tem seu foco principal na Pinot Noir e Chardonnay. No caso da última, seus vinhos resultam de uma parceria com Jean-Marc Roulot, que trouxe técnicas e know-how da sua Borgonha nativa. Foi um prazer participar de evento organizado pela sua importadora no Brasil, a Clarets, contando com a presença destes dois craques do mundo do vinho.
Seus vinhedos têm cultivo orgânico e biodinâmico, com uma alta proporção de vinhas velhas, usadas para algumas de suas cuvées mais exclusivas. Na vinificação, as fermentações usam leveduras indígenas e baixa extração em tanques de cimento, com o recipiente usado para o envelhecimento variando de acordo com cuvée e safra.
Barda Pinot Noir 2021, 12,5%
Seu vinho de maior produção, com cerca de 100 mil garrafas anuais, 40% do vinho fez estágio de nove meses em tanques de concreto, com os outros 60% em barris de carvalho (apenas 10% novos). Rubi de baixa concentração, com aromas de frutas vermelhas maduras e especiarias, com nota mais selvagem. Nesta safra teve 15% de cachos inteiros, trazendo leve nota mais verde. Uma boa opção de Pinot Noir de estilo mais fresco e de maior acidez, com menos fruta e mais linearidade. R$ 269,40.
Sin Azufre Pinot Noir 2021, 12%
Elaborado com uvas de vinhedos plantados em 1955 e 50% de cachos inteiros, sem adição de sulfitos em qualquer etapa do processo de vinificação. 60% do vinho ficou nove meses em barricas de segundo, terceiro e quarto uso, 30% em concreto e 10% em ânforas. Com mais concentração, textura, estrutura e taninos mais presentes que o anterior, se mostrou puro e equilibrado, com uma fruta deliciosa e muito equilíbrio. R$ 449,40.
Treinta y dos Pinot Noir 2020, 12,5%
Seu tinto mais exclusivo, com uvas provenientes de um vinhedo de dois hectares plantado em 1932. 50% em tanques de concreto e 50% em barris de carvalho francês por nove meses, seguido por mais nove meses em concreto após o blend. Um vinho de alta gama e muita elegância, com notas florais e mais intensas de fruta vermelhas (framboesa) e chá. Um lindo Pinot Noir, que se mostrou fresco e com muita precisão e tensão, boa profundidade e capacidade de evolução. O grande destaque da noite, em um patamar raro para vinhos sul-americanos. R$ 1.199,40
Roka Malbec 2021, 13,5%
Um monovarietal de Malbec, com uvas de um vinhedo plantado em 1945 e colheita antecipada, para buscar reduzir o dulçor das uvas e trazer mais frescor. 40% em tanques de concreto, 30% em barricas de carvalho francês e 30% em tanques de aço inoxidável, por nove meses. Embora bem mais denso que os anteriores, se mostrou leve para um Malbec, com frutas negras e leve toque verde, boa tensão e frescor. Uma expressão distinta da “uva símbolo” da Argentina. R$ 399,60.
Mainqué Chardonnay 2021, 13%
O Chardonnay “de entrada”, mas com credenciais. Estágio de 20% em tanques de concreto, 70% em barricas francesas (apenas 9% novas) e 10% em tanques de inox, por nove meses. Expressivo e de estilo redutivo no olfativo, com notas de frutas brancas, amarelas e giz; palato direto e fresco, alta acidez, textura mais destacada no retrogosto e toque salino. R$ 439,80.
Chacra Chardonnay 2021, 13%
Vinificação similar ao anterior, porém com uso distinto de recipiente de envelhecimento: 25% em tanques de concreto, 75% em barricas francesas (14% novas). Um vinho mais refinado, com fruta branca delicada, mais tensão, precisão e vibração, além de maior profundidade e estrutura ainda mais equilibrada. Delicioso. R$ 799,80.
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