Depois de alguns sustos ao longo do caminho, uma safra que deixou produtores felizes e aliviados. Este pode ser o resumo da safra 2002 na Borgonha. Depois de três anos de uvas de qualidade, porém com baixa quantidade, por conta de rendimentos impactados por eventos climáticos, foi uma safra bem-recebida tanto do ponto de qualidade como quantidade.
Um relatório do Bureau Interprofissionel des Vins de Bourgogne (BIVB), que regula a vinicultura na região, deixou isso claro. “Apesar de algumas pequenas disparidades, dependendo da variedade, as vinhas resistiram muito bem a um clima bastante extremo e foram capazes de aproveitar as baixas precipitações. À medida que os vinhos iniciam o processo de envelhecimento em caves, empilhadas até três barris de altura, os enólogos e os négociants estão felizes porque a colheita de 2022 certamente seduzirá os paladares dos amantes do vinho em todo o mundo”.
Condições meteorológicas
Uma safra onde não faltaram emoções para os produtores da Borgonha. Se até o final de março as temperaturas estavam ligeiramente mais altas e o clima um pouco mais seco que o normal, veio o primeiro susto. No início de abril uma geada atingiu diversos vinhedos da região, com maior impacto em Chablis. Felizmente, porém, a intensidade não foi a mesma vista em 2021, que, combinado com uma rápida elevação das temperaturas desde então, resultou em perdas muito menores.
Temperaturas mais altas que a média foram registradas durante praticamente toda a safra, mas isso não foi uma grande preocupação. O maior temor dos viticultores foi a seca intensa, com índices pluviométricos muito abaixo da média em boa parte do ano. A situação chegou a um ponto extremo em meados de junho, colocando em risco a colheita. Porém, felizmente, as chuvas vieram de forma intensa entre 21 e 25 de junho, inclusive criando condições para as videiras enfrentarem um verão mais seco que o normal.
A visão dos produtores
A safra 2002 certamente foi quente e com rendimentos acima do normal, afirmou François Chaveriat, enólogo-chefe da Domaine Chantal Lescure. “Nossos rendimentos foram elevados, de 38 hectolitros por hectare, acima dos 35 hl/ha que consideramos como normais. Do ponto de vista de qualidade das uvas, as chuvas vieram no momento certo, ao contrário do que ocorreu em 2020. Assim, a safra começou no início de setembro e as fermentações têm sido rápidas, mas ainda é cedo para falar dos vinhos. Vale lembrar que 2022 veio após uma safra excepcional do ponto de vista de qualidade”.
Talloulah Dubourg e Hugo Mathurin, que juntos administram a Domaine de Cassiopée, uma das mais promissoras novas vinícolas da Borgonha, dividem a mesma opinião. Após um ano extremamente conturbado como 2021, marcado por geada e forte pressão de doenças fúngicas (sobretudo míldio), a safra 2022 foi muita mais tranquila.
Para o jovem casal, o aspecto sanitário das uvas foi “quase um sonho” e quantidade superou as expectativas. O evento-chave, para eles, que estão baseados em Sampigny-les-Maranges, acabou sendo as chuvas, mas não somente as de junho. Com as videiras novamente sentindo a seca em meados de agosto, fortes chuvas atingiram a região e acabaram por atrasar a colheita para o início de setembro. Com matéria-prima abundante e de qualidade, o trabalho na adega foi mais simples e a expectativa é otimista para os vinhos.
Fontes: Vins de Bourgogne; entrevistas com produtores
Imagem: Arquivo pessoal
Gráfico: Vins de Bourgogne
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