Além de Chambertin e Clos de Bèze: conheça sete outros Grands Crus de Gevrey-Chambertin

O nome Chambertin desperta emoções para quem aprecia vinhos de alta qualidade. O histórico vinhedo de cerca de 13 hectares é um dos símbolos da Borgonha e o vilarejo de Gevrey-sur-la-Montagne deixou isso claro em 1847. Foi a primeira commune francesa a alterar seu nome com a inclusão do nome de seu vinhedo mais famoso, passando a ser conhecida, desde então, como Gevrey-Chambertin.

Mas Chambertin atualmente não dá nome a apenas um vinhedo Grand Cru. Praticamente toda a área ao seu entorno, mais especificamente oito climats distintos, todos também Grands Crus, podem usar o termo Chambertin anexado a seu nome. Se Chambertin-Clos de Bèze é o mais antigo e mais conhecido, vale a pena conhecer as características dos outro sete Grands Crus, todos eles dentro de um bloco único, localizado inteiramente na commune de Gevrey-Chambertin.

A “família” Chambertin

Este grupo de nove vinhedos tem uma área de cerca de 85 hectares, o que o coloca como o terceiro maior conjunto de vinhedos Grand Cru da Borgonha, somente atrás de Corton (com cerca de 160 hectares) e o grupo de Grand Cru de Chablis, que soma 99,70 hectares. A produção total média, concentrada inteiramente em Pinot Noir, atinge 3.239 hectolitros, que corresponde a cerca de 430 mil garrafas ao ano.

Mazis-Chambertin

Dois vinhedos compõem a fronteira norte do bloco, próximos ao centro do vilarejo de Gevrey-Chambertin. O maior deles é Mazis-Chambertin, com cerca de 9,1 hectares. Este climat que, assim como os outros, se tornou uma denominação de origem Grand Cru em 1937, é composto por dois lieux-dits diferentes: Les Mazis Haut e Les Mazis Bas.

Com uma estrutura de solo similar a Clos de Bèze, dá origens a vinhos de estilo semelhante, porém com taninos mais firmes. É uma área ligeiramente mais fria, por conta da influência da Combe Lavaux. Em geral, a parte mais perto de Clos de Bèze (Les Mazis Haut), é considerada a melhor, com solos mais pobres e com maior concentração de calcário.

Apesar da área relativamente pequena, concentra parcelas de quase 20 produtores distintos, apenas dois dos quais com áreas acima de um hectare: Hospices de Beaune (1,75 hectare) e Domaine Faiveley (1,56 ha). Destaque também para dois produtores baseados em Gevrey-Chambertin: Domaine Armand Rousseau e Domaine Dugat-Py.

Ruchottes-Chambertin

Também na direção do centro do vilarejo, embora na parte mais alta da colina, já junto ao bosque, fica Ruchottes-Chambertin, com apenas 3,3 hectares. Apesar do pequeno tamanho, também é dividido em dois lieux-dits diferentes (Ruchottes du Bas e Ruchottes du Dessus), o último contendo o Clos des Ruchottes. Este monopole de 1,06 hectare faz da Domaine Armand Rousseau o maior proprietário nesta denominação de origem.

No total, são oito proprietários, com destaque também para Domaine Mugneret-Gibourg (0,62 ha) e Christophe Roumier (0,54 ha), que, como Armand Rousseau, tem sua parcela em Ruchottes du Dessus. Este lieux-dit é possivelmente aquele de solos mais calcários e pobres de todo o bloco que compõe os vinhedos Grands Crus Chambertin e dá origem a vinhos mais precisos, algumas vezes austeros quando jovens.

Chapelle-Chambertin

Outra denominação de origem com dois lieux-dits distintos (En la Chapelle e Les Gemeaux), Chapelle-Chambertin tem uma área regulamentada de 5,5 hectares. Este vinhedo fica localizado diretamente abaixo de Clos de Bèze na encosta, a leste da Route des Grands Crus. O nome vem da Chapelle de Nôtre Dame de Bèze, erigida em 1157, mas destruída de forma definitiva em 1830.

O maior proprietário é Pierre Damoy, que, com 2,22 hectares, considera Chapelle-Chambertin a “Musigny” de Gevrey-Chambertin. Por conta de seus solos pobres e pouco profundos, dá origem a vinhos de estilo mais delicado. São apenas oito proprietários, com destaque também para Domaine Trapet, Domaine Rossignol-Trapet e Domaine Drouhin-Laroze, todos com áreas ligeiramente acima de meio hectare.

Griotte-Chambertin

Logo ao sul de Chapelle-Chambertin fica Griotte-Chambertin, a menor denominação Grand Cru da commune de Gevrey-Chambertin. Com apenas 2,73 hectares e um lieux-dit (En Griottes), a produção anual é de cerca de 14 mil garrafas. São oito proprietários, com destaque para Laurent Ponsot (0,89 hectare), Domaine Leclerc (0,68 ha), Joseph Drouhin (0,53 ha) e Domaine Fourrier (0,26 ha).

Os vinhos de Griotte-Chambertin são considerados os mais leves entre os Grands Crus de Gevrey, mas se destacam pelo olfativo. Podem ser muito perfumados, com notas florais intensas acompanhando os tradicionais aromas de frutas vermelhas, com destaque para cerejas.

Charmes-Chambertin e Mazoyères-Chambertin

Estes dois Grands Crus acabam causando muita confusão. Os vinhos de Mazoyères-Chambertin, que têm uma área regulamentada de 18,6 hectares, podem ser engarrafados, por opção do produtor, como Charmes-Chambertin. Por conta disso, a produção de Charmes-Chambertin é a maior entre os nove Grands Crus de Gevrey, com 1.106 hectolitros, apesar da área ser de 12,2 hectares, a terceira maior. Por outro lado, são produzidos, em média, apenas 125 hectolitros de Mazoyères-Chambertin, pouco acima da produção de Griotte-Chambertin, que tem área quase sete vez menor.

De forma geral, são considerados os vinhos menos interessantes entre os Grands Crus de Chambertin, mas existe uma enorme heterogeneidade, até pela extensão dos vinhedos e sua localização. De um lado, existem parcelas praticamente adjacentes ao Grand Cru Chambertin, de outro há trechos na parte mais baixa da colina, praticamente planos e à beira da rodovia D974. Assim, mais do que a distinção entre Charmes-Chambertin e Mazoyères-Chambertin, vale a pena checar a localização da parcela antes de comprar um vinho destes dois vinhedos.

Com uma área combinada superior a 30 hectares, conta com quase 50 produtores diferentes, o que adiciona ainda mais complexidade no entendimento da região. Os maiores proprietários são Domaine Camus (6,90 hectares), Domaine Perrot-Minot (1,65 ha), Domaine Taupenot-Merme (1,43 ha), Domaine Armand Rousseau (1,37 ha), Domaine Henry Rebourseau e Domaine Arlaud (ambos com 1,32 hectare).

Latricières-Chambertin

Por fim, imediatamente ao sul do Grand Cru Chambertin fica Latricières-Chambertin, com área regulamentada de 7,35 hectares. Fica quase na divisa com os Grands Crus de Morey-Saint-Denis, separado apenas pelo Premier Cru Aux Combottes. Próximo da saída da Combe Grisard, contém solos aluviais, mais profundos e com maior concentração de ferro e argila.

Apesar dos solos mais ricos, seus vinhos são considerados elegantes, com taninos mais leves que os demais Grands Crus de Gevrey. Apresentam notas de frutas puras no olfativo quando jovens, evoluindo para aromas e sabores mais terrosos, especiados e trufados com a idade. No total, são 12 produtores distintos com parcelas neste climat, com destaque para Domaine Camus (1,52 hectare), Domaine Faiveley (1,21 ha) e Domaine Trapet (0,74 ha).

Fontes: Vins de Bourgogne; Wine Scholar Guild; Inside Burgundy, Jasper Morris; Burgundy Report; The Climats and Lieux-dits of the Great Vineyards of Burgundy, Marie-Hélene Landrieu-Lussigny & Sylvian Pitiot

Mapa: Vins de Bourgogne

Imagens: Arquivo pessoal

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