Antinori assume controle da Stag´s Leap. Mais europeus comprando vinícolas nos Estados Unidos?

Uma das maiores vinícolas independentes da Itália fincou de vez o pé nos Estados Unidos. A Marchesi Antinori solidificou sua posição no Napa Valley, adquirindo esta semana o controle total da Stag’s Leap Wine Cellars, junto ao seu parceiro local, a Ste. Michelle Wines Estates (SMWE). As duas empresas anunciaram que a Antinori, antes sócia minoritária da icônica vinícola do Napa desde que a Ste. Michelle a comprou do fundador Warren Winiarksi em 2007, adquiriu a participação de 85% do parceiro.

A transação, que já era esperada por conta da profunda reestruturação da SMWE nos últimos anos, não teve seus valores divulgados. Ela incluiu todos os ativos da Stag’s Leap, inclusive a vinícola, as marcas e cerca de 120 hectares de vinhedos, com destaque para os míticos Fay e SLV. Anualmente, a Stag’s Leap produz cerca de 1,5 milhão de garrafas ao ano.

Os dois grupos têm um longo relacionamento. Eles se uniram para criar a marca Col Solare no estado de Washington, que em 2007 inaugurou uma vinícola com grande capacidade de produção, além de vinhedos ao seu redor. No mesmo ano, adquiriram o controle da Stag’s Leap, na proporção 85%/15%. A SMWE importa para os Estados Unidos as marcas italianas e chilenas da Antinori e vende os vinhos Antica Napa Valley, também da Antinori.

Invasão europeia?

Esta não foi a única transação envolvendo icônicas vinícolas norte-americanas e compradores europeus nos últimos meses. Em junho de 2022, o grupo francês LVMH, através da sua divisão Moët Hennessy, adquiriu o controle da Joseph Phelps Vineyards. A vinícola norte-americana, fundada em 1973, produz cerca de 750 mil garrafas ao ano. Seu vinho premium é o Insignia, um corte bordalês que é vendido acima de US$ 200 por garrafa nos Estados Unidos. Assim como no caso da transação da Stag’s Leap, não houve divulgação dos valores envolvidos.

Estas não, porém, as únicas vinícolas de renome da Califórnia com europeus no comando. A Domaine Carneros é uma assoiciação da francesa Taittinger com um grupo norte-americano. Já a Opus One nasceu como uma joint-venture entre o Barão Philippe de Rothschild, do bordalês Château Mouton-Rothschild, e Robert Mondavi. Estima-se que atualmente existem mais de 20 vinícolas no Napa Valley integralmente ou parcialmente controladas por sócios franceses.

Mais transações adiante?

A saída da SMWE da Stag’s Leap coloca um ponto de interrogação a respeito do futuro de outra joint-venture que ela controla junto a uma vinícola europeia. A Eroica Wines, sediada no estado de Washington, foi criada em 1999 pela SMWE e pelo produtor alemão Dr. Loosen. Ela foca em vinhos elaborados a partir da Riesling, variedade nativa da Alemanha, mas que se adaptou muito bem ao Noroeste dos Estados Unidos.

A SMWE indicou que a saída da Stag´s Leap teve a ver com a decisão de focar suas atividades somente nos estados do Noroeste dos Estados Unidos. Porém, há quem aponte que o fato de a empresa norte-americana ter a Sycamore Partners (um fundo de private equity) como controlador evidencie que o foco passa mais por rentabilidade do que estratégias regionais.

Fontes: Ste. Michelle Wine Estates; Northwest Wine Report; Wine Spectator

Imagem: Ste. Michelle Wine Estates

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