Apesar de não ser uma definição formal, Prestige Cuvée é um termo utilizado em Champagne desde 1876. Mesmo não sendo regulado, seu significado é amplamente associado com prestígio e reconhecimento entre os consumidores. E precificados como tal.
Esse será o tema da coluna desse mês. A origem do conceito e alguns dos principais rótulos disponíveis no mercado
A história do Prestige Cuvée
No século XIX a Russia era um dos grandes destinos dos espumantes produzidos em Champagne. Em 1876 o Czar Alexander II solicitou à Maison Roederer separar anualmente o melhor cuvée da safra para seu consumo. E para identificar esse lote especial, um rótulo transparente e decorado de forma especial foi desenvolvido. Nascia assim o Prestige Cuvée.
O que era o pedido de um cliente especial, aliás muito especial, virou uma prática seguida por outras Maisons ao longo do tempo. Porém não mais sendo associado a um cliente exclusivo. O Prestige Cuvée passou a ser ofertado no mercado destinado aos consumidores “sedento” por um produto de Champagne muito especial. E com o “bolso recheado” para ter acesso a ele.
Em 1936, foi lançada a primeira Prestige Cuvée Don Perignon. Em 1945 foi a vez da Cristal. Em 1959 chegou ao mercado a Great Siécle da Laurent Perrier.
Alguns exemplos
O caso do Dom Pérignon é emblemático de como o conceito evoluiu ao longo do tempo. Por anos foi considerado o melhor espumante da Moet & Chandon. Era, portanto, um típico Cuvée Prestige. Hoje, porém, Dom Pérignon é uma vinícola independente (do ponto de vista da produção e não do controle acionário) e está localizada em Hautvillers, com um time de produção dedicado exclusivamente a ele.
Em anos espetaculares é lançada uma edição especial. Ou seja, o que era um Prestige Cuvée virou um produto “regular”, lançado anualmente, que passou a contar com edições especiais, sempre associadas com uma safra específica. E um processo de vinificação diferenciada, como por exemplo o tempo de envelhecimento e a composição das uvas do blend, que varia conforme a disponibilidade e objetivos do enólogo.
Esse conceito foi seguido por outras Maisons. É o caso da Roereder Cristal. A safra mais recente considerada vintage é a 2008. Trata-se de um rótulo tão especial, envelhecido por 10 anos, sendo 8 anos sur lees.
A primeira edição da Veuve Cliquot La Grande Dame foi a safra 1962, lançada em 1972.A safra mais recente disponível é a 2008, a primeira que foi liderada pelo Chef de Cave Dominique Demarville. As próximas edições serão as safras 2012 e 2015.
Outros exemplos de Cuvée Prestige que merecem serem citados são: Piper-Heidsieck Rare, Perrier-Jouet Belle Epoque, Henriot Cuvée Hemera, Pol Roger Cuvée Sir Winston Churchill, Salon, Charles Heldsieck Blanc des Millénaires, Ruinart Dom Ruinart e Taittanger Comtes de Champagne, dentre outros.
Um termo usado com muito respeito pelos produtores de Champagne
Poucas regiões vinícolas do mundo são tão reguladas como Champagne. Mesmo uma simples atividade, como o replantio de uma videira, exige o monitoramento do órgão regulador.
Por isso chama tanto a atenção o respeito a um termo não disciplinado por nenhuma regulamentação oficial. Mas o que ocorre em Champagne não é seguido em outras partes do mundo, onde produtos sem nenhuma qualificação especial são rotulados com o termo.
Renato Nahas é Professor da ABS-Campinas. Concluiu a certificação de Bourgogne Master Level da WSG, é Formador homologado pelo Consejo Regulador de Jerez e Italian Wine Specialist – IWS, pela WSG. Sommelier formado pela ABS-SP, possui também as seguintes certificações: WSET3, FWE e CWS, este último pela Society Wine Educators.
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Foto da capa: Renato Nahas, arquivo pessoal
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