Benanti e seus vinhos tintos: múltiplas expressões do Etna

Fundada em 1988, em uma época quando menos de 10 produtores engarrafavam seus próprios vinhos na região (hoje são mais de 200), a Benanti é uma das pioneiras da nova fase da vinicultura no Etna. Atualmente produz 15 vinhos diferentes todos os anos, dos quais oito tintos. Conhecida por um dos grandes brancos do Etna (Pietramarina), é também a única vinícola da região a produzir tintos de Contrada (micro-regiões) em quatro faces do Etna.

Isso o que permite uma comparação muito interessante entre as diferentes cuvées, sobretudo seus quatro tintos de Contrada: Cavaliere, Monte Serra, Dafara Galluzzo e Calderara Sottana. Além deles, foram também degustados, em agradável visita à vinícola, seu monovarietal de Nerello Cappuccio e seus dois tintos mais icônicos: Serra della Contessa e Rovitello.

Vinhos de Contrada

Os quatro vinhos de Contrada, todos da safra 2021 e comercializados na Europa na faixa de € 35, foram elaborados da mesma forma. As uvas de Nerello Mascalese foram fermentadas com uso de leveduras exclusivas, com macerações de cerca de 20 dias. Os vinhos fizeram estágio de 12 meses em tonneaux de carvalho francês, seguidos por mais seis a nove meses em garrafa. Com isso, as diferenças entre eles permitem uma excelente percepção dos distintos terroirs da região.

Contrada Cavaliere – está situada a cerca de 900 metros de altitude, na área sudoeste do Etna. Com coloração rubi e média concentração, este Nerello Mascalese mostrou um olfativo marcado por frutas vermelhas frescas e notas florais e de menta. Na boca, um vinho “mais frio”, linear e austero, com alta acidez, frescor e leve toque verdeal. Direto e elegante.

Contrada Monte Serra – localizada na seção sudeste do vulcão, mais próxima ao mar e a uma altitude de 450 metros. Visual rubi de baixa concentração, com fruta mais intensa e especiarias (sobretudo pimenta) no nariz. No palato, trouxe boa acidez e corpo médio, um vinho “mais quente”, com taninos presentes e discreta rusticidade.

Contrada Dafara Galluzzo – com 750 metros de altitude, está localizada na área nordeste do Etna. Um vinho elegante e de maior complexidade, com olfativo mostrando aromas florais e de frutas vermelhas, com a boca marcada por alta acidez, taninos presentes, mas finos, corpo médio. Delicioso.

Contrada Calderara Sottana – uma das áreas mais disputadas da face norte do Etna, a 650 metros de altitude. Também com coloração rubi de baixa/média concentração, no nariz mostrou notas florais e de frutas vermelhas (cereja) mais intensas, com um gustativo mais profundo e redondo. Com alta acidez e taninos finos, um vinho muito interessante, combinando elegância e potência.

Demais tintos

A Benanti é uma das poucas vinícolas da região a elaborar um monovarietal de Nerello Cappucio, uma variedade geralmente usada como parceiro minoritário da Nerello Mascalese nos cortes tintos do Etna. Ao contrário dos anteriores, não passou por carvalho, com tanto a fermentação como o envelhecimento em inox. Um vinho de coloração rubi de média concentração, com o olfativo trazendo aromas de especiarias (pimenta negra) e couro, ao lado de notas de frutas vermelhas maduras. No palato, mostrou alta acidez, mais corpo e taninos presentes, com leve rusticidade.

Os dois vinhos que fecharam o painel, ambos da safra 2013, têm longa e merecida reputação, ao lado do Pietramarina. O Serra della Contessa passou 18 meses em botti, com mais um ano de garrafa. Um vinho com evolução mais evidente, com destaque para notas terciárias, especiarias e casca de laranja no olfativo. Palato muito elegante, com boa textura, alta acidez e taninos integrados.

O Rovitello fechou o painel com chave de ouro. Foi elaborado de vinhas velhas (cerca de 90 anos) de plantas de pé-franco, provenientes de uma parcela na Contrada de Dafara Galluzzo. Um vinho de alta gama, com coloração granada de média intensidade e olfativo marcado por aromas de frutas vermelhas, couro, especiarias, com notas terrosas e de alcaçuz. Na boca, lembrou um Barbaresco, com alta acidez, corpo médio e taninos finos. Um corte onde a Nerello Mascalese representa mais de 90% que mostrou intensidade e profundidade, aliadas a elegância e longa persistência.

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