A ano de 2022 trouxe novos recordes para as vendas de espumantes no mundo, contando com um desempenho impressionante de duas regiões e estilos em particular: Champagne e Prosecco. Ambos bateram recordes de vendas no ano passado e, levando em consideração o aumento de seus preços, atingiram patamares de faturamento nunca vistos antes.
Mas como comparar as duas referências principais referências de espumantes (ao menos em termos de quantidade) no mundo? Mesmo sem entrar em discussões a respeito de qualidade e preferências pessoais, não é só o método de produção (Champenoise vs Charmat) que diferencia estes dois gigantes. Cada dia mais, eles parecem voltados a segmentos distintos, ou seja, atuam menos como competidores e mais como líderes acessando públicos diferentes.
Produção e faturamento
Em 2022, saíram das adegas de produtores da Champagne 326 milhões de garrafas, um crescimento de 1,6% frente ao ano anterior. Já o faturamento, refletindo um aumento generalizado de preços, superou a barreira de € 6,3 bilhões, acima dos € 5,5 bilhões de 2021 e do patamar visto antes da pandemia de COVID-19, que ficou na faixa de € 5 bilhões.
Os dados divulgados pela Prosecco DOC (a maior das denominações de origem produzindo este espumante) mostram uma tendência semelhante. O volume produzido superou 638 milhões de garrafas, um incremento de 1,8% em relação a 2021. Já em termos de valores, o aumento foi mais significativo, de 11,5%, superando € 3 bilhões. Os dados confirmam que o espumante italiano segue sendo o líder disparado em termos de produção, mas com um faturamento substancialmente inferior à Champagne.
Mercado externo em alta
Ambos os espumantes têm no exterior seus maiores mercados. E mostram tendências similares, porém com pesos diferentes. As exportações representaram 57% das vendas de Champagne, um patamar cada ano maior, lembrando que em 2012 as vendas externas representavam 45% do volume vendido. Em 2022, o volume vendido no mercado francês caiu, sendo compensado por um crescimento no mercado externo. Fora da França, os maiores mercados de Champagne são Estados Unidos, Reino Unido e Japão.
Já no caso da Prosecco DOC, a parcela do mercado internacional é muito mais relevante. Em 2022 as exportações atingiram cerca de 81,2% do volume produzido, patamar recorde. Os Estados Unidos, com 134 milhões de garrafas, atingiram a liderança como maior mercado, destronando o Reino Unido (130 milhões) e seguido, com certa distância, pela Alemanha (46 milhões). Assim, tanto norte-americanos como britânicos consumiram mais Prosecco que os próprios italianos, que compraram 120 milhões de garrafas.
Curiosamente, a França, quarto maior mercado externo, mostrou forte crescimento, tanto em termos de valor (30%) como volume (19%). Da mesma forma, os italianos também compraram mais Champagne em 2022 (crescimento de 11,5% em volume e 19% em valor), assumindo a quarta posição em valor.
Histórias de sucesso
Embora possam, na teoria, atender ao mesmo público, cada dia parece mais evidente que Champagne e Prosecco estão ocupando segmentos diferentes de mercado. E o fator principal por trás disso é a enorme diferença de preços entre eles. Usando os dados acima, na média uma garrafa de Champagne foi vendida em 2022 a € 19,30, mais de quatro vezes o preço médio de € 4,70 cobrado por uma garrafa de Prosecco DOC.
Obviamente, nem sempre existe uma relação direta entre preço e qualidade, além do que, há diferenças consideráveis de qualidade tanto entre Champagnes como entre Proseccos. Porém, não há como negar que os dois espumantes mais consumidos no mundo são hoje muito bem-sucedidos na conquista e ampliação de seus públicos-alvo. A cada ano, ganham fatias maiores nas exportações de vinho de seus respectivos países, representando duas inegáveis histórias de sucesso, como poucas dentro do mercado mundial de vinhos.
Fontes: CIVC; Prosecco DOC; Winemag
Imagem: Gerd Altmann via Pixabay
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