Cápsulas das garrafas de vinho: passado, presente e futuro

Quem está começando no mundo do vinho pode se perguntar: qual a função daquela cápsula que envolve a rolha e o bico de tantas garrafas de vinho? Seria uma questão estética? Algo que pode afetar a qualidade do vinho? Uma tradição do passado que foi mantida? Ou realmente ela teria uma utilidade prática que justifique o trabalho que muitas vezes é necessário para retirá-la?

A resposta correta é uma combinação entre os questionamentos acima. E vale a pena voltar um pouco na história para entender melhor. Foi somente com o uso de tecnologias que garantiam a fabricação de garrafas mais robustas, o que ocorreu no século XVII, que as rolhas passaram a ser usadas como fechamento. Embora servissem bem a função de isolar o vinho dentro da garrafa, elas tinham um problema.

A cortiça, apesar de flexível, é um material de origem orgânica e relativamente frágil. Imagine só milhares de garrafas de vinho em um depósito ou adega escura. Se as garrafas oferecem proteção contra insetos ou roedores, o mesmo não pode se dizer das rolhas. Deste modo, a alternativa que acabou prevalecendo foi a criação de cápsulas, na época de chumbo, que garantiam a proteção necessária.

Múltiplos usos

Se a proteção contra insetos ou roedores foi o motivo principal por trás da criação das cápsulas, elas acabaram assumindo também outras funções ao longo do tempo. Diversos produtores passaram a adotar cápsulas de características diferentes, como uma espécie de complemento aos rótulos. O objetivo é facilitar a vida do consumidor na hora de diferenciar seus vinhos.

Por exemplo, até hoje na Alemanha é comum encontrar garrafas de vinhos de alta gama com cápsulas douradas. Se tornou uma tradição usar cápsulas desta cor para diferenciar os melhores vinhos em relação àqueles mais básicos, que geralmente usam cápsulas brancas. Ou seja, a cápsula ganhou mais uma função, desta fez relacionada com a qualidade com o que está dentro da garrafa.

A cápsula logrou também uma importante função decorativa, ajudando a compor um conjunto harmônico com o rótulo. E não é só isso. Em alguns segmentos de mercado, como, por exemplo, os vinhos naturais e de baixa intervenção, também o material usado para a cápsula pode ser um indicativo do que está dentro da garrafa.

Diversos materiais  

Até o início da década de 1990, o chumbo era o material mais usado na fabricação de cápsulas. No entanto, ele gradualmente perdeu espaço, em parte devido aos receios de uma possível transferência de resíduos de chumbo para o vinho, ao abrir a garrafa. Outro motivo foi a constatação de que este material, que pode ser tóxico, causasse danos ao meio ambiente.

Por conta disso, o chumbo foi proibido para uso em cápsulas em vários países, inclusive nos EUA em 1996, onde a proibição passou a valer também para garrafas importadas. Atualmente, as cápsulas têm como materiais principais estanho, plástico, PVC, alumínio ou mesmo cera. Este último material, por exemplo, acabou se tornando uma espécie de símbolo. Ele tem uso difundido entre produtores de vinhos naturais ou de baixa intervenção, alguns dos quais se orgulhando de abrigar em seus vinhedos as abelhas que produzem a cera.

Presente e futuro   

O mundo segue em evolução, e com o vinho não é diferente. Embora o estanho tenha sido por muito tempo o material mais popular para as cápsulas, ele vem perdendo espaço. O preço deste metal tem aumentado, tornando as cápsulas caras para as vinícolas. Isso levou muitos produtores que fabricam garrafas vendidas por US$ 20 ou menos a migrar para o plástico.

Não podemos também esquecer do crescimento do uso de outros fechamentos, com as tampas de rosca, as tais screw cap. Anteriormente de uso restrito a vinhos mais baratos, hoje elas ganham presença, por conta de sua praticidade e qualidade, também para vinhos mais caros. As tampas de rosca, como sabemos, dispensam o uso de cápsulas separadas.

Estas mudanças levam a uma nova pergunta: será que o uso de cápsulas ainda se justifica? Em um mundo onde as preocupações com o meio ambiente e desperdício de material ganham evidência, a própria existência da cápsula está em xeque. Cresce a cada dia o número de vinícolas que optam pelo lançamento de garrafas sem cápsulas. É difícil prever o que acontecerá com elas, mas algo é certo: a quantidade de gente que acredita que as cápsulas são essenciais cai a cada dia. Viva o futuro!

Fontes: Meiningers International; The Drinks Business; Crush Wine Co; California Wine Club

Imagem: phideg via Pixabay

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