Cinco dicas para visitar a Borgonha e conhecer a origem de alguns dos melhores vinhos do mundo

Para quem gosta de grandes vinhos, a Borgonha é um ponto de referência fundamental e parada obrigatória. Se os cristãos fervorosos têm Roma e Jerusalém, e os muçulmanos Meca e Medina, entusiastas do vinho têm também duas regiões sagradas. A Borgonha é uma, já a segunda varia de acordo com seu gosto pessoal.

Conhecer esta região francesa e seus vinhedos é uma experiência única para quem ama o vinho. A Borgonha é origem de muitos conceitos atualmente aplicados na vinicultura mundial (pense em terroir, vinificação por parcela, técnicas de enologia e cuidados nos vinhedos) e até hoje segue na vanguarda. Mesmo com longa tradição, há sempre novos produtores e tendências.

Conhecendo a Borgonha

A Borgonha certamente tem outros atrativos, mas o que realmente a torna única é seu imenso patrimônio relacionado à vitivinicultura. Portanto, o foco da visita passa por conhecer estes atrativos da forma mais completa possível. Saber onde ficar, quando ir, o que conhecer e onde comer e beber, além de se preparar da forma correta, pode fazer toda a diferença.

Pensando nisso, pensei em cinco dicas para tornar esta experiência mais agradável e eficiente. Obviamente, não dá para entrar em detalhes específicos sobre hospedagem, produtores, restaurantes e outros. É algo que será explorado em outros textos, como já fiz para as melhores lojas de vinho da área de Beaune.  

Onde ficar

Fique em Beaune, ponto final. Sua posição central, incrível infraestrutura e foco no vinho a fazem especial. É um vilarejo de apenas 22 mil habitantes, mas que respira vinho. Situada no norte da Côte de Beaune, permite rápido acesso (menos de uma hora de carro) a todos os vilarejos da Côte d’Or. Mesmo pequena, tem uma incrível diversidade de restaurantes e opções para quem aprecia a gastronomia (supermercados, empórios, bolaungeries etc).

Pelo seu pequeno porte, é um local tranquilo e de fácil acesso. Pode ser percorrida a pé (de longe a melhor opção), deixando o carro (de graça) em alguns dos estacionamentos ao longo de sua área murada. Diversos produtores e négociants escolheram Beaune como sua sede, o que facilita as visitas de entusiastas do vinho.   

Quando ir

Para quem gosta de vinhos e pretende visitar produtores, a Borgonha tem um calendário próprio. Nem pense em visitar produtores (a não ser que tenham estrutura turística para isso) entre o meio de maio e meados de outubro. Se você quiser conversar com os produtores, saiba que, nesta época, a prioridade deles é o cuidado com os vinhedos, a colheita e a elaboração dos vinhos.

Sendo uma região do centro-norte da Europa, tem um inverno frio e muitas vezes chuvoso. Se escolher ir em dezembro, janeiro e fevereiro, prepare-se para isso. Será relativamente fácil visitar produtores, mas os dias serão curtos e possivelmente cinzentos. Abril, começo de maio e final de outubro podem ser boas alternativas para quem quiser visitar produtores e, ao mesmo tempo, aproveitar outras atividades na região.

Visite os vinhedos

Os vinhedos da Côte d’Or receberam da UNESCO em 2015 o status de patrimônio da humanidade. E isso não é tudo. O próprio de conceito de climat (que não é tão diferente de um vinhedo) surgiu na Borgonha, como resultado do exaustivo trabalho de monges de ordens monásticas por séculos. Conhecer a Borgonha sem conhecer seus vinhedos é como ir à pizzaria e pedir batatas fritas.

O vinhedo de Romanée-Conti, foto: arquivo pessoal

Visitar é simples. Com raríssimas exceções (Romanée-Conti é uma delas), os vinhedos são abertos ao público. Obviamente, bom senso é sempre bem-vindo, estamos falando de um patrimônio mundial, portanto nada de mexer nas videiras, subir em muros ou colher uvas. Para facilitar, estude os vinhedos previamente e se oriente, há aplicativos e mapas disponíveis os descrevendo em detalhes. E uma dica para quem gostar de caminhar: o escritório de turismo vende uma imperdível coleção de sugestões de trilhas, muitas das quais passam pelos vinhedos.

Agende tudo previamente

À exceção dos vinhedos, que podem ser visitados sem reserva prévia, se planeje antes de fazer qualquer coisa na Borgonha. Visitar produtores? Jantar? Almoçar? Tente fazer tudo isso com agendamento prévio. Os borgonheses são metódicos e organizados, improvisação não é o forte nesta parte da França.  

Fique pelo menos uma semana

Embora relativamente pequena, a Borgonha tem muito a oferecer para quem ama vinhos. Se você consegue “conhecer” e fotografar o Arco do Triunfo em Paris em 10 minutos, Beaune e suas adjacências não combinam como este tipo de turismo. É uma região pacata, com muita natureza e opções de gastronomia, além de muitos vilarejos charmosos.

A melhor opção é viajar de carro, seja a partir de Paris ou Lyon. Já instalado em Beaune, tenha dias suficientes para visitar outros vilarejos ou vinhedos. É um local ótimo para a prática de atividades outdoor (quem curte fazer tracking, correr ou andar de bicicletas tem múltiplas opções) e também para a gastronomia. Vale a pena, portanto, reservar ao menos uma semana, tenho certeza que, se você curte vinho, não vai se arrepender.

Como eu me descrevo? Sou um amante exigente (pode chamar de chato mesmo) de vinhos, um autodidata que segue na eterna busca de vinhos que consigam exprimir, com qualidade, artesanalidade, criatividade e autenticidade, e que fujam dos modismos e das definições vazias. A recompensa é que eles existem, basta procurar!

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Foto da capa: Arquivo pessoal

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