Segundo maior produtor de vinhos do mundo, a França também se destaca quando se considera o consumo. Em uma base per capita, os franceses garantiam a medalha de prata em 2017. Com um consumo anual de 50,7 litros por pessoa acima de 15 anos, a França ficava somente atrás de Portugal e logo à frente de Itália, Suíça e Áustria. Mas isso pode mudar radicalmente nos próximos anos, com novas gerações ditando os rumos do consumo de vinhos na França.
Estimativas divulgadas pelo Comité National des Interprofessions des Vins à appellation d’origine et à indication géographique (CNIV) apontam uma forte queda no consumo de vinho na França nos próximos anos, acelerando a uma incômoda tendência já vista há algum tempo. Se a estimativa de consumo em 2022 foi de 24 milhões de hectolitros, as expectativas para 2034 ficam entre 17,6 e 19,5 m/hl, uma queda entre 19% e 26%.
Dois fatores derrubando o consumo
As perspectivas de queda se baseiam em dois movimentos paralelos: a redução de consumo em todas as faixas de idade e o aumento da parcela da população mais jovem, que consome menos. As estimativas apontam que o mercado francês consumirá 4,5 a 6,4 milhões de hectolitros a menos em 2034, por conta do efeito combinado das duas tendências.
De um lado, o consumo de vinho não somente na França, mas também em praticamente toda a Europa, tem caído e deve seguir em baixa nos próximos anos em todas as faixas etárias. O motivo principal é a busca de um estilo de vida mais saudável, com menor consumo de bebidas alcóolicas, afetando também o consumo de vinho.
Impacto das novas gerações
Porém, o motivo principal tem a ver com alteração do perfil geracional. A mudança demográfica, ou seja, substituição de uma geração mais velha e de maior consumo, por outra mais jovem deve resultar em uma queda anual de consumo de 3,5 milhões de hectolitros. Destes, 2 milhões de hectolitros estarão concentrados em vinhos tintos, categoria no qual o consumo já tem caído mais rapidamente.
De acordo com pesquisas da Kantar Home Consumption Panel, apenas dois terços dos jovens de 18 a 35 anos compram vinhos tranquilos. A compra média anual é de 13 garrafas, enquanto gerações mais antigas adquirem, em média, 61 garrafas ao ano.
O que fazer?
As estimativas e perspectivas indicam, portanto, que a descorrelação entre consumo e produção de vinho na França não é cíclica, mas estrutural. “As gerações mais jovens que entram no mercado consomem apenas ocasionalmente, ou mesmo excepcionalmente”, resume o CNIV em seu último boletim. Por outro lado, o potencial de produção já está sobredimensionado em algumas regiões.
“O resultado pode causar um choque, mas não devemos desviar o olhar”, alerta Bernard Farges, presidente da CNIV, no boletim, notando que “Há urgência: o potencial de produção já está sobredimensionado em parte da França e será ainda maior se nada for feito, se o mix de produtos não mudar, ou se a promoção do vinho seguir como feita atualmente”. Entre os caminhos para o futuro, o estudo da CNIV aponta para maiores esforços junto aos jovens e, também, a busca de crescimento do consumo feminino.
Fontes: Vitisphére; Comité National des Interprofessions des Vins à appellation d’origine et à indication géographique
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