Cultivando vinhedos: conheça o método de Cordon de Royat

Dentre as diversas decisões disponíveis para o viticultor na hora de cultivar seus vinhedos, a escolha do sistema de condução e do tipo de poda ficam entre as mais importantes. Afinal de contas, são duas variáveis importantes para a definição do rendimento de uma videira, com grande impacto sobre a qualidade do vinho que será elaborado a partir destas uvas.

No que diz respeito ao sistema de condução há uma alternativa mais popular ao redor do mundo. A espaldeira é, de modo geral, a mais utilizada, com destaque para as principais regiões, como Borgonha, Bordeaux, Champagne, Piemonte, Toscana ou Rioja. Já em relação ao tipo de poda, não há consenso: Guyot e Cordon de Royat (como é mais conhecido) dividem as atenções, embora existam também outras técnicas.

Vinhedo em espaldeira e Cordon de Royat em St-Aubin, na Borgonha

O método Cordon de Royat ganhou este nome em função da sua criação no século XIX pela escola de agronomia de Royat, na região de Ariège, no sudoeste da França. Ao redor do mundo, seu nome pode variar, quase sempre com referência ao fato de manter diversos esporões da videira. Assim, na Itália é chamado de Cordone Speronato e no Brasil de cordão esporonado.

Moldando a videira

Se no método Guyot o viticultor poda de forma mais intensa a videira todos os anos, deixando apenas varas que serão usadas nas safras seguintes, o uso da técnica de Cordon é diferente. De grande popularidade ao redor do mundo, esta técnica “molda” o tronco da videira, que se estende horizontalmente em linha com o fio de condução.

A figura abaixo permite entender melhor a diferença entre estes dois métodos. No caso do Cordon, os esporões são mantidos sobre um ramo formado nos primeiros anos da videira, o que não ocorre no caso do Guyot, onde as varas são renovadas periodicamente. No momento da poda de inverno, cabe ao viticultor podar os galhos ou varas, mantendo o cordão praticamente inalterado.

Esta técnica permite que a videira produza cachos em níveis próximos, facilitando bastante a colheita mecânica, além de favorecer uma maturação mais homogênea das uvas. É um método de poda que também reduz o rendimento das videiras.  Por outro lado, tem desvantagens, sobretudo, por conta de um possível envelhecimento rápido do cordão. Assim, é necessário pensar em renovar o cordão para evitar um envelhecimento do tronco.

Simples ou duplo

Possibilitando o crescimento de varas na mesma posição por vários anos, este método é mais comum em regiões de clima mais quente ou seco, permitindo uma menor densidade de videiras. Considerando seu uso na França em sua versão mais simples (apenas um cordão, como na figura anterior), embora seja usado na Champagne e Borgonha, ele também é popular no Beaujolais, Savoie, Loire, Languedoc, Roussillon e Córsega.

Além de sua versão simples, existe também o Cordon duplo, muito usado na região do Bordeaux. Semelhante em funcionamento ao cordão simples, depende de cordão permanente, mas nesse caso, ”moldado” para duas direções separadas (formando uma espécie de “T”), com até cinco esporões por cordão. Com mais espaçamento de uma videira para outra, o sistema de cordão duplo permite uma densidade de videira muito baixa, que pode ser vantajosa em regiões propensas à seca, ou em custos de economia no plantio, já que menos plantas são necessárias.

Imagens: Arquivo pessoal

Fontes: Institut Française de la Vigne et du Vin; Wine Scholar Guild; Wine Folly; Bosco di Ogigia; Dico du Vin

Diagrama: Wine Scholar Guild

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