Degustando os vinhos de Marco De Bartoli

Criada em 1978 por Marco De Bartoli, a vinícola que até hoje carrega o nome de seu fundador é a principal referência da região de Marsala, na Sicília. Em tendência contrária à grande maioria dos produtores locais, decidiu apostar em qualidade, não quantidade. Ao invés do foco em vinhos fortificados doces que mais servem para a culinária, De Bartoli apostou inicialmente na tradição do vino perpetuo, ampliando a gama também para vinhos secos e espumantes, sem esquecer também da recuperação da tradição dos vinhos da ilha de Pantelleria.

São vinhedos cultivados de forma orgânica e com vinificações de baixa intervenção. Seus objetivos? Resgatar a tradição local e, também, mostrar novas possibilidades com as uvas autóctones das duas regiões onde atuam (Marsala e Pantelleria). Foi um prazer provar diversas de suas criações em visita à vinícola, guiado por sua filha, Giusippina.

Pietranera 2022, 11%

Monovarietal de Zibibbo (como a Moscatel de Alexandria é conhecida na Sicília), com uvas provenientes de Pantelleria. Lançado em 1989, foi o primeiro branco seco elaborado na ilha. Fermentado com leveduras indígenas (como todos seus vinhos) e estágio em inox, um vinho leve e elegante. Bastante aromático no nariz, com notas florais (jasmim) e de fruta branca (maçã), trouxe, no palato, alta acidez e leve adocicado, com muito frescor.

Integer Zibibbo 2021, 11,5%

Outro vinho da mesma uva, mas com processo completamente diferente. Os cachos inteiros vão para ânforas, onde ficam três semanas com as cascas. Após isso, segue por 11 meses nos mesmos recipientes com suas lias finas e controle de temperatura. Engarrafamento sem SO2. Um lindo vinho, com aromas de maçã verde, florais e laranja, com alta acidez, notas cítricas e muita salinidade. Preciso e elegante, bem mais profundo.

Grappoli del Grillo 2021, 13%

100% Grillo. Começa a fermentação em inox, mas conclui em carvalho (cerca de 10% de barris novos), com bâtonnage constante e 12 meses com suas lias. Vinho com grande potencial de evolução, lançado dois anos depois da safra. No olfativo, mostrou aromas de frutas brancas, toque de madeira e notas florais, minerais e maçã verde, com um palato de boa acidez, leve residual e menos tensão que os anteriores.

Integer Grillo 2021, 13%

Elaborado da mesma forma que o outro Integer, mas com Grillo dos vinhedos de Marsala. Com leve turbidez no visual, trouxe um aromático rico e intenso, com destaque para notas de ervas secas, giz, maçã cozida, floral e muita maresia, com leve oxidativo. Um vinho de alta gama, com alta acidez, textura e cremosidade, se mostrou profundo e com final bem salino. Um dos destaques entre os secos.

Rosso di Marco 2021, 12,5%

Seu único tinto, um monoverietal de Pignatello (como a Perricone é conhecida em Marsala). Lançado em 1998, até 2011 usava Syrah e Merlot no corte. Vinificação em inox, com um mês de maceração e estágio de 12 meses. Bastante distinto em termos estilísticos, com nariz trazendo notas de passas e fruta bem madura, com boa acidez, taninos presentes, fruta mais madura e certa rusticidade. Um vinho rico e complexo.

Vecchio Samperi 20 anos solera, 16,5%

O vinho que representou o renascimento comercial do chamado vino perpetuo, elaborado no sistema de soleras, trazido pelos espanhóis quando controlavam a Sicília. Coloração ocre, com olfativo complexo, com destaque para notas oxidativas, cítricas, terrosas e fruta seca. Na boca, um vinho seco (6 g/l de açúcar), salino e complexo, mostra bastante fruta, mas com muita elegância intensidade e equilíbrio. Daqueles vinhos que todo fã desta bebida deve provar

Vigna La Miccia Marsala Superiore Oro 2018, 18%

Um Marsala da tipologia Oro (adição limitada de álcool e de mosto fresco), elaborado com 100% Grillo. Dourado, com fruta intensa e dulçor bem mais presente (80 g/l), com notas oxidativas, boa acidez e longa persistência.

Marsala Riserva Superiore Oro 1998, 19%

A diferença que o maior tempo em carvalho traz (foram 20 anos em grandes botti). Um vinho incrível, rico e elegante, traz residual alto (cerca de 60 g/l) mas plenamente integrado pela alta acidez (mais de 8 g/l) e notas de nozes, flores secas. Muito equilibrado e denso, daqueles vinhos que parecem infinitos. Absolutamente imperdível.

Bukkuran Padre della Vigna 2019, 14,5%

Nas melhores safras (quando o processo de apassimento é completo) este vinho recebe este nome. Caso contrário, é chamado de Sole d’Agosto. Elaborado com Zibibbo proveniente de Pantelleria, é um dos símbolos desta denominação de origem. Com apenas 6 mil garrafas produzidas, são 20 meses em barricas de carvalho usado, com mais seis meses em inox. Um vinho de sobremesa soberbo, com olfativo rico em notas de casca de laranja e rapadura, trazendo, na boca, alta acidez, dulçor (quase 200 g/l), untuosidade, profundidade e muita persistência.

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