Domaine Chantal Lescure: pureza e foco na assinatura do terroir

Vinhos de muita vivacidade e pureza, elaborados por um vinhateiro intenso e apaixonado pelo que faz. Fundada em 1975 e sediada em Nuits-Saint-Georges, a Domaine Chantal Lescure é, desde 1996, administrada por François Chaveriat. Foi Chaveriat que mudou o modo de atuação da vinícola. Ele foi responsável pela conversão de seus vinhedos para a agricultura orgânica e a adoção de uma filosofia de baixa intervenção na adega. O objetivo? Elaborar vinhos que representem fielmente a assinatura do terroir.

Atualmente são 19 hectares de vinhedos próprios, distribuídos entre diversas denominações de origem ao longo da Côte d’Or, com cerca de 20 cuvées distintas elaboradas anualmente. Além dos vinhos produzidos a partir de vinhedos próprios, há também uma atuação menor como micro-négociant, com os vinhos resultantes rotulados como Chantal Lescure Selection.

História e filosofia

A Domaine Chantal Lescure é uma vinícola relativamente nova para os padrões da Borgonha. Foi fundada em 1975 pela Madame Chantal Lescure e por Xavier Machard de Gramont. A partir do falecimento da Madame Lescure em 1996, passou a ser controlada pelos seus filhos Aymeric e Thibault. Os dois irmãos decidiram rapidamente colocar a administração da vinícola e a posição de enólogo-chefe nas mãos de François Chaveriat. Ele já conhecia a estrutura da Chantal Lescure a fundo, por conta de seu envolvimento prévio com o distribuidor dos vinhos.

Na época com 22 hectares de vinhedos, Chaveriat revolucionou a vinícola. O uso de pesticidas e herbicidas nos vinhedos foi abandonado em 1998, com a certificação orgânica sendo obtida em 2006. Chaveriat descreve as práticas adotadas como “não clássicas da Borgonha”, por conta do cuidado em manter um estilo de vinificação que muda muito pouco entre as diferentes cuvées. Para ele, o papel do vinhateiro é relativamente simples, permitir que o terroir se expresse da melhor forma possível.

Vinhedos e agricultura

Seus 19 hectares de vinhedos se distribuem de norte a sul da Côte d’Or, cinco dos quais situados na Côte de Beaune e os demais na Côte de Nuits. São quase integralmente plantados com as uvas principais da Borgonha, a Pinot Noir (que representa cerca de dois terços dos vinhedos) e a Chardonnay. A “jóia da coroa” é um parcela na parte nobre do Grand Cru Clos de Vougeout, além de diversos lotes em vinhedos Premier Cru, como Vosne-Romanée Suchot, Pommard Les Bertin e Nuits Saint-Georges Les Vallerots. A Chantal Lescure possui também parcelas significativas em uma das menos conhecidas denominações da Côte d’Or, a Côte de Beaune AOC.

Os vinhedos são certificados orgânicos e cultivados com o uso de diversas práticas biodinâmicas, tanto no que diz respeito ao uso de preparos como seguindo, em várias etapas do ciclo de cultivo, o calendário biodinâmico. Além disso, a Chantal Lescure adota uma estratégia de obter rendimentos bem inferiores que os determinados pelos regulamentos das denominações de origem, resultando em uvas mais concentradas. A domaine, que não adota a técnica de poda verde, conta também com uma alta proporção de vinhas velhas, muitas das quais com mais de 40 anos.

Vinificação

Ao contrário de diversos produtores da Borgonha, que optam por vinificar diferentes cuvées com estilos e/ou técnicas distintas, a Chantal Lescure adota um estilo bastante homogêneo. A vinificação é sempre feita por parcelas e realizada em recipientes individuais, visando respeitar o terroir de cada uma delas. No caso dos vinhos tintos, as uvas são sempre 100% desengaçadas e com uso de gravidade (sem uso de bombas) em todas as etapas do processo, com pigéage discreta. O objetivo é obter uma extração mais suave e gerar vinhos mais frescos.

As fermentações, que duram entre 16 e 20 dias no total, são realizadas exclusivamente com leveduras indígenas em tanques fechados, com uso de sulfitos somente antes do engarrafamento. Os vinhos passam por períodos variáveis (de acordo com as características da safra) em contato com carvalho (quase sempre usado, especialmente para os brancos) e são engarrafados sem filtração ou colagem.

Vinhos

O estilo dos vinhos da Chantal Lescure reflete as práticas nos vinhedos e na adega, respeitando o terroir de cada parcela. Na comparação com produtores dos mesmos vinhedos, costumam mostrar uma presença mais intensa de frutas frescas, com frescor e vivacidade em destaque. São vinhos mais leves e elegantes, sem os defeitos às vezes encontrados em produtores de baixa intervenção.

Atualmente, são elaboradas cerca de 20 cuvées distintas, com uma gama focada principalmente em vinhos tintos.  Destes, os climats da Côte de Nuits ganham destaque, como o Clos de Vougeot Grand Cru, Vosne Romanée Premier Cru Les Suchots, Nuits-Saint-Georges Premier Cru Les Vallerots, Nuits-Saint-Georges Village, Nuits-Saint-Georges Les Damodes e Chambolle-Musigny Les Mombies.

Além dos regionais Bourgogne Les Verduns e Bourgogne Les Taupes Maison Dieu, elabora também, a partir dos vinhedos na Côte de Beaune, vinhos como Pommard Premier Cru Les Bertins, Pommard Les Vignots, Pommard Les Vaumuriens, Volnay Village e Côte de Beaune Rouge Le Clos des Topes Bizot. Entre os brancos, o destaque fica com Beaune Premier Cru Les Choaucheux, além de Meursault Village, Pommard Village, Côte de Beaune La Grande Chatelaine e Côte de Beaune Blanc Clos des Topes Bizot.

Nome da VinícolaDomaine Chantal LescureEstabelecida1975Website https://domainelescure.fr/en/EnólogoFrançois ChaveriatUvasPinot Noir, ChardonnayÁrea de Vinhedos19 haSede da VinícolaNuits-Sait-Georges (Bourgogne Franche-Comté)DenominaçõesBourgogne Rouge, Côte de Beaune, Pommard, Pommard Premier Cru, Nuits-Saint-Georges, Nuits-Saint-Georges Premier Cru, Meursault, Volnay, Beaune Premier Cru, Chambolle-Musigny, Vosne-Romanée Premier Cru, Clos de Vougeot Grand CruPaísFrançaAgriculturaOrgânica CertificadaVinificaçãoBaixa Intervenção

Fontes: Website da vinícola; visita e entrevista com o produtor; Inside Burgundy, Jasper Morris MW

Imagem: Arquivo pessoal

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