Domaine Duroché: elegância, precisão e frescor em Gevrey-Chambertin

Por muitos anos, a Domaine Duroché foi incluída no grupo de estrelas ascendentes da Borgonha. Mas este consenso agora parece ter mudado. Atualmente é difícil não colocar esta vinícola sediada no centro de Gevrey-Chambertin entre os melhores produtores da Borgonha. Ou seja, mais do que ascendente, é uma vinícola que já conquistou seu espaço no seleto grupo de estrelas da mais famosa região vinícola do mundo.

E este sucesso é diretamente relacionado à qualidade de seus vinhos, sobretudo após Pierre Duroché ter assumido o controle da vinícola. A partir de uma boa diversidade de vinhedos, com destaque para parcelas em quatro Grands Crus e igual número de Premiers Crus, Pierre elabora vinhos de incrível precisão e muita elegância.

Quinta geração

Os passos iniciais da Domaine Duroché foram dados em 1906, quando Louis Duroché adquiriu os primeiros vinhedos. O controle passou para seu filho Émile e, posteriormente, para seu neto Philippe, que, juntamente com sua esposa Odile (filha de um viticultor) levaram a área total plantada para cinco hectares. Foi o pai de Pierre, Gilles, o responsável por ampliar os vinhedos para 8,5 hectares, através de novas aquisições.

Mas o grande salto qualitativo se deu a partir de 2003, quando Pierre Duroché, na época com 21 anos, passou a atuar na vinícola familiar. Com controle da vinícola desde 2007, ele e sua esposa Marianne passaram a imprimir um estilo que privilegia mais a elegância e precisão. Isso é algo relativamente raro em uma denominação de origem como Gevrey-Chambertin, conhecida pela intensidade e potência de seus vinhos.

Agricultura e vinhedos

A Domaine Duroché cultiva seus vinhedos com uso de agricultura sustentável, porém incorporando diversos princípios da agricultura orgânica. Por exemplo, não há uso de pesticidas ou herbicidas (apenas cobre e enxofre, em linha com a certificação orgânica), porém com tratamentos contra doenças fúngicas, como míldio e oídio. De forma geral, a vinícola trabalha com rendimentos bem inferiores aos limites máximos das diversas denominações de origem onde atua.  

A totalidade dos vinhedos está localizada em torno do vilarejo de Gevrey-Chambertin, inclusive aqueles que dão origem aos vinhos de denominação regional (Borgonha AOC). Uma parte significativa dos vinhedos (mais de 50% do total), porém, são classificados como Village, incluindo parcelas nos lieux-dits Jeunes Rois, Champ, Aux Etelois, Em Vosne e Les Clos.

As parcelas da Domaine Duroché (em cor mais escura)

Há também uma parcela significativa de vinhedos em climats classificados como Premier Cru, com pequenas parcelas em Champeaux, Cazetiers e Estournelles Saint-Jacques. O maior destaque entre os Premiers Crus, todavia, fica com cerca de 1,20 hectare em Lavaut Saint-Jacques. Por fim, a Domaine cultiva também quase 1 hectare de vinhedos Grand Cru, como Chambertin Clos de Bèze, Latricriéres-Chambertin e Charmes-Chambertin, além de uma pequena parcela em Griotte-Chambertin.   

Vinificação

De forma geral, não há normas fixas para alguns aspectos do processo de vinificação, dependendo da cuvée ou safra. Por exemplo, em geral o uso de cachos inteiros é limitado a 30%, mas há cuvées (como Cazetiers e Griotte-Chambertin) que usam 100% de cachos inteiros. O uso de barricas novas é limitado somente às cuvées de maior produção, onde seu impacto pode ser diluído.

Por outro lado, alguns aspectos são comuns para todos os vinhos, como uso exclusivo de leveduras indígenas, baixa a média extração (geralmente remontage, com pouco uso de pigéage) e uso de sulfitos somente após a fermentação maloláctica. O tempo de permanência em barricas varia entre 15 e 16 meses (sem trasfegas) e os vinhos são engarrafados geralmente sem filtração ou colagem.

Vinhos

Sua linha de vinhos reflete, de forma geral, suas parcelas nas diversas denominações de origem, porém, com algumas exceções. A partir dos vinhedos Grand Cru são elaboradas quatro cuvées distintas: Chambertin Clos de Bèze, Latricères-Chambertin, Griotte-Chambertin (em minúsculas quantidades) e Charmes-Chambertin.

Já a partir dos climats Premiers Crus são cinco cuvées: Gevrey-Chambertin Estournelles Saint-Jacques, Gevrey-Chambertin Les Cazetiers, Gevrey-Chambertin Les Champeaux e duas cuvées de Gevrey-Chambertin Lavaut-Saint Jacques (consideradas por muitos como seus melhores vinhos nesta categoria), uma delas produzida exclusivamente com vinhas velhas (plantadas em 1923).

Com base nos vinhedos classificados como Village são seis cuvées: Gevrey-Chambertin Vieilles Vignes, Gevrey-Chambertin Aux Etelois, Gevrey-Chambertin Les Jeunes Rois, Gevrey-Chambertin Le Clos, Gevrey-Chambertin Champ, além de um Gevrey-Chambertin elaborado a partir de diversas parcelas de vinhas mais jovens. A linha fecha com um Bourgogne Rouge e um Bourgogne Blanc. Vale lembrar que a partir de 2017 foi lançada uma linha de négoce (com uvas de vinhedos de terceiros), chamada Pierre & Marianne Duroché.

Nome da VinícolaDomaine DurochéEstabelecida1906Website https://www.domaine-duroche.com/EnólogoPierre DurochéUvasPinot Noir, ChardonnayÁrea de Vinhedos8,5 haSede da VinícolaGevrey-Chambertin (Bourgogne Franche-Comté)DenominaçõesChambertin Clos de Bèze, Latricières-Chambertin, Griotte-Chambertin, Charmes-Chambertin, Gevrey-Chambertin, Gevrey-Chambertin Premier Cru, Bourgogne Rouge, Bourgogne BlancPaísFrançaAgriculturaSustentável, com práticas orgânicasVinificaçãoBaixa Intervenção

Fontes: Website da vinícola; entrevista com o produtor; Inside Burgundy, Jasper Morris MW; Polaner Selections (seu importador nos Estados Unidos)

Mapa: Domaine Duroché

Imagem: Arquivo pessoal

O post Domaine Duroché: elegância, precisão e frescor em Gevrey-Chambertin apareceu primeiro em Wine Fun.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *