Envelhecendo vinhos em carvalho americano: vantagens e desvantagens

O carvalho americano ganhou fama no mundo do vinho principalmente a partir do sucesso obtido pelos vinhos espanhóis, sobretudo aqueles da Rioja. Antes mesmo que os vinhos norte-americanos (muitos dos quais começaram sua trajetória com envelhecimento em barricas de carvalho americano)  ganhassem espaço no mercado mundial a partir da década de 1970, a reputação de vinhos de qualidade que passaram por barricas de madeira americana já estava estabelecida.

Do outro lado, porém, não são poucos aqueles que mostram clara preferência pelo carvalho francês. Para julgar melhor, é importante saber mais sobre o carvalho norte-americano e seu impacto no envelhecimento de vinhos

Quercus Alba

Existem muitos tipos de carvalho na América do Norte, porém a espécie mais usada no mundo do vinho é o Quercus Alba, conhecido como carvalho branco americano. O Quercus Alba cresce em todo o centro-leste dos EUA, com destaque aos estados de Missouri, Minnesota e Wisconsin. Porém, mais do que contribuir para o envelhecimento do vinho, há uso intensivo desta espécie também no envelhecimento de whiskies, sobretudo os Bourbons, e também em diversos de seus similares escoceses.

E quais as características deste carvalho e como ele impacta os vinhos que nele envelhecem? Quercus Alba tem uma granulação grossa (o que resulta em uma menor oxigenação) e cresce mais rápido do que os tipos europeus. O carvalho americano é também mais rico em tiloses, o que o faz menos poroso (retém melhor os líquidos, uma vez que as tiloses bloqueam melhor o caminho da seiva).

Por conta disso, pode ser cortado de forma mais fácil que o carvalho francês. No caso dos carvalhos franceses, a madeira tem que ser cortada ao longo dos canais de seiva para que não ocorram vazamentos no futuro. Esta restrição não se aplica ao carvalho americano. Por conta desta diferença, apenas cerca de 25% de um lote de carvalho francês pode ser usado para fabricar barris, enquanto no carvalho americano pelo menos 50% da árvore é usada. E isso se reflete, obviamente, no preço.

Impacto nos vinhos

Também a contribuição para o sabor do vinho é diferente. De forma geral, o carvalho americano tem taninos mais baixos e libera aromas mais rápido. Além disso, transfere maior quantidade de lactonas (que são as notas adocicadas – como côco, baunilha, caramelo e especiarias doces).

Por conta da sua granulação mais grossa, evita uma oxidação mais pronunciada. Assim, este tipo de carvalho é mais frequentemente usado para envelhecer vinhos feitos a partir de uvas com taninos altos, pois a exposição à madeira não vai adicionar mais taninos ao vinho e o menor contato com oxigênio contribuirá para um envelhecimento lento.

Diversidade

Além de extremamente popular entre os vinicultores da região de Rioja, também os produtores australianos de Shiraz usam bastante o carvalho americano. Dois são os motivos principais. Em primeiro lugar, ele harmoniza bem com as variedades usadas nestas regiões e adiciona características desejadas pelos enólogos. Outro fator, porém, também ajuda o carvalho americano: o preço. Por conta das características descritas acima, um barril custa cerca de metade do que um feito com carvalho francês.

Vale lembrar que a Quercus Alba não é a única variedade de carvalho americano usado para o envelhecimento de vinhos. Outras espécies, como o Quercus Garryana, conhecido como carvalho branco do Oregon, também vem gradualmente ganhando importância, embora apresente caraterísticas distintas, como níveis mais altos de tanino, por exemplo.

Fontes: The Buyer.net; Food and wine.com; GuildSomm.com; WineFolly.com

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