G.B. Burlotto e alguns de seus vinhos

Dentro da área da denominação de origem Barolo, os vinhedos da comuna de Verduno ficam mais ao norte, dando origens a vinhos conhecidos por sua maior leveza, combinando elegância com notas picantes e florais. Em tempos de aquecimento global, com calor excessivo e seca afetando o perfil de maturação das uvas, estas características aparecem como uma vantagem importante.

Quando se leva a tradição em conta, um nome se destaca em Verduno. Criada por Giovan Batista Burlotto em meados do século XIX, a Comm. G.B. Burlotto teve um importante papel não somente no desenvolvimento da vitivinicultura desta área, mas também ajudou a criar o próprio conceito dos vinhos do Barolo.

Tradição e diversidade

Atualmente cultivando pouco mais de 14 hectares de vinhedos, a G.B. Burlotto não foca somente na produção de Barolos. Ela elabora também diversas cuvées tanto a partir de outras variedades (como Barbera, Dolcetto, Freisa, Sauvignon Blanc e a rara Pelaverga), como a partir da Nebbiolo em outras denominações, como Langhe.

Porém, os seus vinhos de maior destaque são, sem dúvida, seus Barolos. Com uvas provenientes da região de Verduno, são três cuvées distintas: Barolo “básico”, Barolo Acclivi e Barolo Monvigliero, este último possivelmente um dos mais respeitados Crus de todo o norte da denominação de origem. Há também o Barolo Serralunga e, em especial, o Barolo Cannubi, com uvas provenientes do famoso e controvertido Cru, localizado na comuna de Barolo.

Barbera e Langhe

Alguns destes vinhos chegaram ao Brasil, trazidos pela Clarets, e tive o prazer de provar quatro deles em evento organizado pela importadora. A degustação começou com o Barbera d’Alba Aves 2020, produzido somente nas melhores safras, a partir de parcelas em Verduno e Roddi. Um vinho equilibrado e com muita presença de fruta negra tanto no olfativo como no palato, já muito agradável para consumo, com acidez e estrutura que tornaram os 15% de álcool imperceptíveis. Considerando o desconto, seu preço ao consumidor é de R$ 329,40.

Já o Nebbiolo Langhe 2020 se mostrou um vinho fácil de beber, com coloração rubi de baixa concentração e olfativo marcado por aromas de frutas vermelhas (goojeberry em destaque), com notas de pimenta branca e discreto toque de álcool. Na boca, um Nebbiolo de alta acidez, corpo médio e taninos presentes. Mostrou profundidade média, porém um vinho fino, elegante e picante, certamente um excelente custo-benefício a R$ 299,40

Barolo

Na sequência foram servidos dois Barolos, ambos da safra 2017: o “básico” e o Cannubi. O primeiro foi elaborado com uvas de quatro parcelas distintas (Breri, Neirane, Rocche dell’Olmo e Boscatto), todas na área de Verduno. Na vinificação, fermentação com baixa extração a temperaturas controladas, seguido por estágio de 20-33 meses (dependendo da safra) em botti de carvalho francês, mais nove meses em garrafa. Um Barolo de muita vivacidade e (surpreendentemente) já dentro de sua janela de consumo.

Mostrou coloração rubi de baixa concentração, com um olfativo complexo e muito agradável, com aromas de frutas vermelhas frescas (cereja em destaque), e notas de especiarias, florais (rosa e lavanda) e piche. No palato, um vinho já plenamente acessível, com alta acidez, corpo médio, muita expressão de fruta fresca e boa textura. Seu preço é de R$ 699,60.

Barolo Cannubi

Já o Barolo Cannubi 2017 evidenciou a enorme diferença entre os vários terroirs dentro da denominação Barolo. Com um processo de elaboração muito similar ao anterior (pode passar mais tempo nos botti, dependendo das safras), se mostrou completamente distinto. Um vinho com muito mais complexidade e profundidade, porém ainda longe da sua janela ideal de consumo. Foi elaborado a partir de vinhas replantadas em 1988 em Cannubi Valleta e mostrou coloração rubi com concentração mais intensa e olfativo mais austero, com destaque para cereja negra e pimenta preta.

No palato, trouxe mais matéria e múltiplas camadas, mais seco, com boa amplitude e notas menos frutadas, com destaque para ervas secas, piche e rosa. Um Barolo tradicional “de carteirinha”, que precisa de um bom tempo de adega para plenamente revelar suas qualidades. Seu valor, após desconto, é de R$ 2.199,60.

Uma excelente degustação, com vinhos de alta qualidade e que mostrou algumas das distintas faces do Piemonte e do Barolo, em particular. Uma má notícia, porém. Todos os vinhos esgotaram no primeiro dia de vendas. Resta agora esperar a chegada da safra seguinte ao Brasil, que deve ocorrer ainda em 2023.

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