Ícones do Chile: degustando oito dos mais conceituados vinhos chilenos

Os vinhos chilenos ganharam muito destaque no cenário mundial nas últimas décadas, e, quando se fala em maior projeção, o destaque fica para movimento capitaneado por um grupo restrito de produtores. Ao invés de foco em volume (o Chile é o quinto maior exportador mundial de vinho), o foco destes produtores ficou na qualidade, com clara inspiração nos vinhos de Bordeaux.

Os chamados “ícones chilenos”, são em sua maioria, cortes bordaleses, com foco principal na Cabernet Sauvignon. Outras variedades, como Carménère (que por muitos é considerada como a “uva nacional do Chile, apesar de suas origens francesas), Cabernet Franc, Merlot e Petit Verdot também são muito usadas.

Um estilo dominante

Boa parte destes vinhos ganhou destaque internacional no final da década de 1990 e início dos anos 2000, quando um crítico reinava praticamente supremo no mundo do vinho: Robert Parker. Não é surpresa, portanto, que boa parte dos vinhos dos Novo Mundo considerados super premium tenha seguido a receita tradicional valorizada pelo crítico norte-americano. Um menu composto por uvas sobremaduras, muita extração e uso extensivo de carvalho, gerando vinhos potentes, frutados, alcóolicos e com presença destacada de notas tostadas.

E muitos dos vinhos provenientes do Chile que buscaram se colocar neste segmento super premium, seguiram esta receita, ao menos no período que durou até 2010/2015. Com o estilo dominante mudando nos últimos anos, com mais destaque para frescor e elegância, o que podemos esperar das safras mais recentes dos “ícones” chilenos? Para responder esta pergunta, foi lançada a Chilean Wine Challenge e eu recebi o convite da Cg10 Canal Gourmet para fazer parte do corpo de degustadores.

O painel selecionado

No total, foram oito vinhos escolhidos, com as safras variando entre 2015 e 2019, com o intuito de refletir a disponibilidade atual destes vinhos no mercado brasileiro. São eles: (em ordem alfabética e com o valor no qual eram comercializados em agosto de 2022).

Almaviva 2018 – R$ 2.674

Chadwick 2017 – R$ 4.949

Clos Apalta 2017 – R$ 1.609

Don Melchor 2019 – R$ 1.357

Gandolini 2015 – R$ 890

Seña 2017 – R$ 1.659

Taita 2015 – R$ 2.703

Vik 2016 – R$ 1.181

Resumo da degustação

O painel trouxe uma excelente fotografia atual dos ícones chilenos, embora a diferença de safras (em boa parte causada pelos diferentes calendários de lançamento dos vinhos pelas vinícolas) causasse algumas distorções, penalizando os vinhos mais jovens. Até pelo seu perfil de elaboração, são vinhos que demandam tempo para atingir sua janela de consumo ideal, que não foi o caso para a grande maioria dos vinhos degustados.

Como Bordeaux segue sendo a principal referência para estes vinhos, não há dúvida que o terroir chileno tem um enorme peso nas características e qualidade dos vinhos. Por exemplo, foi comum encontrar notas mais destacadas de pirazina em boa parte dos vinhos degustados, por conta de dois fatores principais. Um é o uso da Carménère em alguns cortes e o outro se refere ao descompasso que geralmente existe entre maturação alcóolica e fenólica em diversas regiões do Chile, sobretudo em safras mais quentes.

Em termos de estilo, já se nota que alguns produtores adaptaram seus métodos de elaboração na busca de vinhos mais frescos e elegantes. Porém, uma parte significativa dos vinhos mostrou presença intensa de frutas maduras, notas de madeira bem presentes, teor alcóolico elevado e alta concentração. São vinhos muito bem-feitos e sofisticados, mas parece que, em boa parte deles, a potência ainda segue acima da elegância.

Os vinhos degustados    

A degustação foi feita à cegas, na seguinte ordem e de conhecimento prévio apenas dos organizadores do evento.

Vinho 1 – Viñedo Chadwick 2017, Viñedo Chadwick

O Viñedo Chadwick, única cuvée elaborada pelo produtor de mesmo nome, talvez seja atualmente o vinho chileno de maior reconhecimento internacional. Isso é refletido em seu preço, o mais alto dentre os oito vinhos degustados. Na safra 2016 foi um corte de 96% Cabernet Sauvignon e 4% Petit Verdot, com uvas provenientes de vinhedos de cultivo sustentável plantados a 650 metros de altitude em solos aluviais na região de Puente Alto.

Na vinificação, após colheita criteriosa das uvas, a fermentação foi feita a temperaturas controladas (24°C a 28ºC), 40% em pequenos tanques de inox e os demais 60% em tanques de concreto. O mosto passou por remontage até três vezes ao dia, com tempo de maceração de 18 a 30 dias, dependendo do lote de uva. 80% do vinho foi mantido em barricas francesas e 20% em foudres, com envelhecimento de 22 meses.

Foi um vinho que agradou, mostrando alta qualidade e muita tipicidade de Cabernet Sauvignon. No visual, exibiu coloração rubi violáceo e média concentração, com o olfativo marcado por aromas de pimentão, pimenta do reino e fruta vermelha, com notas especiadas e de goiaba. Na boca, trouxe alta acidez, corpo médio, além de taninos finos, mas ainda levemente verdes. Um vinho de boa estrutura, ainda sem grande profundidade (muito jovem), mas com presença de fruta mais fresca e sem excessos. Na minha avaliação, vai ganhar novas dimensões e tem uma longa estrada à frente, sendo o segundo melhor vinho do painel na minha visão.

Nome do VinhoViñedo Chadwick Safra2017Produtor Viñedo ChadwickEnólogoFrancisco BaettigUvas 96% Cabernet Sauvignon, 4% Petit VerdotSoloAluvial, Franco ArgilosoGraduação Alcoólica14,5%Sede da VinícolaPuente Alto (Santiago)DenominaçãoPuente AltoPaísChileAgriculturaSustentávelVinificaçãoConvencionalImportadores no BrasilWorldwine, Clarets

Vinho 2 – Clos Apalta 2017, Domaine Bournet Lapostolle

O Clos Apalta teve sua primeira safra em 1997 e, em termos estilísticos, parece ter mudado pouco desde então. Na safra 2017 foi um corte de 48% Carménère, 26% Cabernet Sauvignon, 25% Merlot e 15% Petit Verdot (a proporção pode mudar ano a ano), com uvas (muitas das quais provenientes de vinhas velhas) cultivadas/certificadas orgânicas e biodinâmicas e plantadas em solos de granito decomposto na região de Colchágua.

Na adega, seguiu o estilo do consultor Michel Rolland, que divide a vinificação com Jacques Begarie. As uvas passaram por maceração de quatro a cinco semanas, com pigéage e fermentação em barris de carvalho francês (82% de 75hl e 18% de barricas novas). A maloláctica ocorreu em barris de carvalho francês novo e o vinho passou por 27 meses em barricas francesas, das quais 85% novas e 15% de segundo uso. O vinho não foi filtrado ou passou por colagem antes do engarrafamento.

A alta presença de Carmenére e a maior extração marcaram tanto o olfativo como o palato deste exemplar. No visual, mostrou coloração púrpura de alta concentração, com um nariz mais fechado e dominado por aromas de pirazina e fruta negra madura, acompanhados por notas terrosas, de baunilha e tostado. No gustativo, um vinho de acidez correta, encorpado e de taninos muito evidentes. Com muita estrutura e densidade, se mostrou mais “quente” e alcóolico, com tudo em excesso, inclusive uma presença intensa de frutas mais passadas e madeira. Foi meu sexto vinho entre os oito degustados.

Nome do VinhoClos Apalta Safra2017Produtor Domaine Bournet LapostolleEnólogosMichel Rolland, Jacques BegarieUvas 48% Carménère, 26% Cabernet Sauvignon, 25% Merlot, 15% Petit VerdotSoloGranito decompostoGraduação Alcoólica14,5%Sede da VinícolaSanta Cruz (O’Higgins)DenominaçãoValle de ColchaguaPaísChileAgriculturaBiodinâmica certificadaVinificaçãoConvencionalImportador no BrasilDiversos

Vinho 3 – Taita 2015, Viña Montes

Elaborado somente em safras selecionadas desde 2007, o Taita é o vinho premium da Viña Montes, uma das mais importantes vinícolas do Chile. É um corte de 85% Cabernet Sauvignon e 15% de outras uvas não reveladas, provenientes do vinhedo de Marchigüe, no Valle de Colchagua.

Na vinificação, as uvas passaram por maceração a frio antes da fermentação alcóolica de 12 dias, realizada com uso de leveduras indígenas. A maloláctica ocorreu em tanques de inox, de onde o vinho foi trasfegado para barricas novas e de segundo uso, onde permaneceu por 24 meses. O envelhecimento e afinamento seguiu em foudres (10 meses) e garrafas (dois anos antes do lançamento).

Um vinho que surpreendeu pela verticalidade e tensão, com muita vivacidade e presença de frutas frescas, tanto no nariz como no palato. No visual, mostrou coloração púrpura e alta concentração, com um olfativo bastante perfumado, marcado por aromas intensos de frutas negras, especiarias e pimentão vermelho, acompanhados por leves notas química e mentolada/eucalipto. Na boca, um corte de boa acidez, taninos presentes e granulosos, além de corpo médio a alto. Mesmo sendo encorpado, intenso e estruturado, mostrou ótima tensão, com presença de fruta muito limpa e pura. Uma agradável surpresa, acabou sendo meu terceiro vinho no painel.

Nome do VinhoTaitaSafra2015Produtor Viña Montes EnólogoAurelio MontesUvas 85% Cabernet Sauvignon, 15% OutrasSoloGranito decompostoGraduação Alcoólica15%Sede da VinícolaSanta Cruz (O’Higgins)DenominaçãoValle de ColchaguaPaísChileAgriculturaSustentávelVinificaçãoConvencionalImportador no BrasilMistral

Vinho 4 – Seña 2017, Viña Seña

O Seña é um dos pioneiros dentro da linha de vinhos super premium chilenos, com sua primeira safra em 1995. Esta joint-venture entre Robert Mondavi e Eduardo Chadwick produz somente uma cuvée, que na safra 2017 foi um corte de 52% Cabernet Sauvignon, 15% Malbec, 15% Carménère, 10% Cabernet Franc e 8% Petit Verdot. As videiras foram cultivadas em diferentes perfis de solo, de acordo com os princípios da agricultura orgânica e com uso de técnicas biodinâmicas.

Na vinificação, a grande maioria das uvas foi fermentada em tanques de aço inoxidável, com cerca de 6% em barris de carvalho francês de primeiro uso, com objetivo de aumentar a complexidade. Para aumentar a extração, foram realizadas remontages três vezes ao dia. O vinho passou por estágio em carvalho francês (88% em barricas e 12% em foudres), onde ficou por 22 meses.

Na hora da degustação, um vinho curioso, com um olfativo que incomodou e um palato muito mais atraente. No visual, mostrou coloração púrpura de alta concentração, com um nariz marcado por aromas intensos de pirazina e goiabada, com notas de mentoladas e de ervas. Já na boca, se mostrou muito melhor que no olfativo, com alta acidez, corpo médio e taninos finos. Um corte elegante, de boa tensão e sem excessos, com fruta mais fresca e discreta nota ferrosa, fácil de beber. Fechou para mim como o quinto vinho do painel.

Nome do VinhoSeña Safra2017Produtor Viña SeñaEnólogoFrancisco BaettigUvas 52% Cab Sauvignon, 15% Malbec, 15% Carménère, 10% Cab Franc, 8% Petit VerdotSoloVulcânico, Aluvial, ColuvialGraduação Alcoólica13,5%Sede da VinícolaPanquehue (Valparaiso)DenominaçãoValle de AcongaguaPaísChileAgriculturaOrgânica não certificadaVinificaçãoConvencionalImportador no BrasilWorldwine

Vinho 5 – Almaviva 2018, Viña Almaviva

Com sua primeira safra em 1996, o Almaviva rapidamente ganhou destaque entre os chamados ícones chilenos. A partir de cerca de 60 hectares de vinhedos em Puente Alto, incluindo algumas vinhas de mais de 40 anos de idade, em 2018 o corte foi 72% Cabernet Sauvignon, 19% Carménère, 6% Cabernet Franc e 3% Petit Verdot.

Na vinificação, as uvas de cada parcela foram maceradas e fermentadas individualmente, em tanques de aço inoxidável. O vinho teve passagem de 10 meses em barricas novas de carvalho francês e outros seis a oito meses também em carvalho. Antes do engarrafamento, passou por colagem usando claras de ovo e retornou para tanques de aço inox.

De todos os vinhos degustados, talvez aquele que remeteu mais ao padrão fruit bomb dos anos 2000, que repetidamente obtinha notas elevadas de críticos como Robert Parker. No visual, mostrou coloração púrpura de alta concentração, com o olfativo marcado por aromas de pirazina e fruta negra compotada, acompanhados por notas perfumadas florais e toques de menta, eucalipto e álcool. No palato, um corte bordalês de acidez correta, álcool aparente, taninos muito presentes e granulosos. Mostrou muito corpo e densidade, com notas de fruta e álcool se sobressaindo, prejudicando equilíbrio e anulando a tensão. Foi meu sétimo vinho.

Nome do VinhoAlmaviva Safra2018Produtor Viña AlmavivaEnólogoMichel FriouUvas 72% Cabernet Sauvignon, 19% Carménère, 6% Cabernet Franc, 3% Petit VerdotSoloAluvial, Franco ArgilosoGraduação Alcoólica15%Sede da VinícolaPuente Alto (Santiago)DenominaçãoPuente AltoPaísChileAgriculturaSustentávelVinificaçãoConvencionalImportador no BrasilWorldwine

Vinho 6 – Gandolini Las 3 Marías Vineyards 2015, Gandolini Wines

A Gandolini produz apenas um vinho, o Las 3 Marías Vineyards Cabernet Sauvignon, confirmando seu foco mais em qualidade do que quantidade. Para Stefano Gandolini, enólogo e fundador, seu principal diferencial é a qualidade de seus solos. O terroir da denominação de origem Maipo Andes pode ser definido pela profundidade, idade e complexidade de seus terraços aluviais. São quatro terraços distintos, com os mais antigos (3 e 4) tendo os melhores solos. É onde seus vinhedos estão localizados.

Apesar do nome, o Las 3 Marías Vineyards Cabernet Sauvignon não é um monovarietal puro, já que na safra 2015 foi um corte de 85% Cabernet Sauvignon, 7,5% Cabernet Franc e 7,5% Petit Syrah. As uvas, de cultivo sustentável, são provenientes de três vinhedos localizados no distrito de Buin (Alto Jahuel, Cerrillo e Catemito), plantados em 2001, 2003 e 2005, respectivamente, com densidade de 7.000 plantas por hectare. Na vinificação, o enólogo não abre os detalhes, apenas que o vinho passou por 32 meses em barricas novas francesas de grão extrafino e tostagem média, sem filtração ou colagem antes do engarrafamento.

Um vinho que chamou a atenção pela elegância e equilíbrio, de longe o mais pronto para consumo de todo o painel. No visual, mostrou coloração púrpura e alta concentração, com um olfativo marcado por aromas florais e de frutas vermelhas, acompanhados por notas de chá preto e ervas secas. No palato, um vinho de boa acidez, taninos finos e corpo médio, com textura sedosa, muita tensão e frescor. Certamente foi aquele em estilo mais próximo do Velho Mundo deste painel e foi o meu vinho favorito, repetindo esta classificação para o grupo de degustadores.

Nome do VinhoGandolini Las 3 Marías Vineyards Safra2015Produtor Gandolini Wines EnólogoStefano GandoliniUvas 85% Cabernet Sauvignon, 7,5% Cabernet Franc, 7,5% Petit SyrahSoloAluvial, Franco ArgilosoGraduação Alcoólica14,8%Sede da VinícolaPaine (Santiago)DenominaçãoMaipo AndesPaísChileAgriculturaSustentávelVinificaçãoConvencional

Vinho 7 – VIK Millahue 2016, Viña Vik

Bilionário norueguês que foi criado na Suécia e passou parte da vida nas Ilhas Canárias, Alexander Vik estudou em Harvard, onde ganhou o campeonato de golfe da Ivy League duas vezes. Ele criou seus filhos em uma mansão de oito quartos que pertenceu a um herdeiro da família Rockefeller, mas reivindica residência em Mônaco. Este é um perfil “básico” do dono da Viña Vik.

Em 2006 ele e sua esposa adquiriram 4,5 mil hectares no Vale de Cachapoal, com 327 hectares sendo dedicados a vinhedos. Nascia o projeto Viña Vik, que tem Cristian Vallejo como responsável pela viticultura e vinicultura. Seu vinho premium é o VIK, que na safra 2016 foi uma corte de 74% Cabernet Sauvignon e 26% Cabernet Franc. Após colheita manual, as uvas foram fermentadas com leveduras indígenas e o vinho passou 24 meses em barricas francesas novas e usadas.

Um vinho que tendeu mais para a elegância do que para a potência, apesar dos 14,1% de teor alcóolico. No visual, mostrou coloração púrpura de alta concentração, com o olfativo marcado por aromas de pimentão vermelho e frutas compotadas, acompanhados por notas tostadas, florais e um toque de borracha. No palato, um corte de boa acidez, taninos finos e corpo médio, em estilo mais elegante. Se mostrou equilibrado, com boa complexidade e tensão, com retrogosto longo, mas faltou aquele brilho que caracteriza os vinhos realmente especiais. Foi meu quarto vinho.

Nome do VinhoVIK Millahue Safra2016Produtor Viña VikEnólogoCristian VallejoUvas 74% Cabernet Sauvignon, 26% Cabernet FrancGraduação Alcoólica14,1%Sede da VinícolaSan Vicente (O’Higgins)DenominaçãoValle de CachapoalPaísChileAgriculturaSustentávelVinificaçãoConvencional

Vinho 8 – Don Melchor 2019, Concha y Toro

Don Melchor é a unidade premium da Concha y Toro, maior vinícola do Chile e um dos cinco maiores fabricantes de vinho do mundo. O vinhedo Don Melchor está localizado ao pé dos Andes, a 650 metros acima do nível do mar, com um total de 127 hectares, com predomínio da Cabernet Sauvignon (90%), complementada por Cabernet Franc (7,1%), Merlot (1,9%) e Petit Verdot (1%).

Na safra 2019, este vinho foi um corte de 92% Cabernet Sauvignon, 5% Cabernet Franc, 2% Merlot e 1% Petit Verdot. Após colheita manual, as uvas foram fermentadas em pequenos tanques de aço inoxidável (para segregação de parcelas), com temperaturas controladas e uso constante de remontage. O vinho foi mantido por 12 a 15 meses em barris de carvalho francês, quase dois terços novos e o restante de segundo uso, seguindo por um ano em garrafa, antes do lançamento.

Um vinho que não agradou, seja pelo seu perfil mais encorpado e alcóolico, como também pelo fato de estar claramente fora de sua janela de consumo. No visual, mostrou coloração púrpura de muita concentração, com o olfativo trazendo aromas intensos de frutas vermelhas, acompanhados por notas lácteas, de menta e xarope, com toque herbáceo. No palato, um vinho de acidez correta, taninos secantes e bem presentes, com corpo médio. Muito intenso, se mostrou desequilibrado e “gordo”, um corte intenso, com fruta muito presente e um certo amargor. Considerei como a oitava amostra do painel também na classificação.

Nome do VinhoDon MelchorSafra2019Produtor Concha y ToroEnólogoEnrique TiradoUvas 92% Cabernet Sauvignon, 5% Cabernet Franc, 2% Merlot, 1%, Petit VerdotSoloAluvial, Franco ArgilosoGraduação Alcoólica14,8%Sede da VinícolaPuente Alto (Santiago)DenominaçãoPuente AltoPaísChileAgriculturaSustentávelVinificaçãoConvencionalImportador no BrasilVCT

Conclusões

A foto abaixo reflete a ordem dos vinhos para o painel de degustadores convidados. Curiosamente, o vinho de melhor avaliação, entre os oito degustados, foi exatamente aquele de menor preço, certamente uma surpresa para muitos. Outra curiosidade: antes da degustação, os organizadores perguntaram a cada degustador qual seria o vinho que deveria se destacar. Eu cravei o Gandolini, que me surpreendeu positivamente em uma prova anterior, também às cegas.

Independentemente de ligeiras variações na qualidade e gostos pessoais, foi uma degustação educativa, que mostrou uma fotografia nítida dos vinhos super premium chilenos. Embora com uma ausência sentida (Casa Real), colocou lado a lado vinhos que representam diferentes filosofias e estilos de vinificação.

Não há dúvida que o Chile apresenta condições especiais para a produção de vinhos. Este evento, porém, reforçou que o caminho mais indicado parece passar por uma maior valorização do terroir local (sobretudo na escolha de solo e outras condições) e de um estilo de vinificação que reflita estas condições, sem se apegar tanto a fórmulas prontas adotadas em outras regiões, sobretudo Bordeaux.

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