Impacto da seca nos vinhedos: solução passa por melhor qualidade do solo

Uma das consequências do aquecimento global sobre os vinhedos tem sido o aumento do risco de déficit hídrico das videiras. E esta situação acaba tendo impacto sobre os vinhos, já que as videiras, embora adaptadas a solos mais secos, também têm seus limites. Um exemplo foi a safra 2022 na Europa, onde diversas regiões produtoras de vinhos foram duramente afetadas pela seca.  

Neste contexto, não faltam esforços de pesquisadores para tentar identificar alternativas que minimizem o impacto da seca sobre as videiras. E uma experiência recente realizada na França parece indicar um caminho promissor, com foco na qualidade do solo. O intuito é ampliar o componente biológico do solo, através do crescimento da quantidade de fungos micorrízicos, também chamados de micorrizas.

Solos mais ricos

A start-up francesa Mycophyto conduziu um estudo com 200 videiras de Grenache no Château Sainte-Roseline, na região do Var, no sudeste da França. Inicialmente a empresa identificou fungos micorrízicos naturalmente presentes nos solos da propriedade. Eles foram cultivados, multiplicados e reinoculados em pó, em um grupo de videiras. E quais foram os resultados? Houve um aumento de 20% na retenção de água nos solos e crescimento no peso médio por cacho por videira para 1,4 kg, contra 0,9 kg nas videiras que não receberam o reforço de micorriza.

O mecanismo é relativamente simples. As raízes das videiras se associam a esses fungos. Em troca de açúcares da fotossíntese, as micorrizas permitiram que as videiras buscassem nutrientes mais profundamente no solo. Medições de sondas tensiométricas colocadas no solo ao nível de plantas micorrízicas e controle também mostraram que os fungos funcionavam como microesponjas e mantinham um certo conforto hídrico, mesmo em uma safra mais seca como 2022.

Qualidade do vinho mantida

Embora tenha chovido em 2022 40% menos do que na média das quatro safras anteriores na região do Château Sainte-Roseline, a micorrização manteve o rendimento das videiras. “De acordo com as contagens de 30 vinhas, o número de cachos não cresceu, mas o seu peso aumentou 45%”, afirmou Ludivine Alenda. A gerente da start-up afirmou também que os fungos tiveram efeito sobre a acidez e qualidade dos vinhos, ao evitar bloqueios de maturidade.

Novos experimentos estão sendo realizados na safra 2023, para confirmar os resultados.  E alguns avanços estão previstos. Auxiliadas por inteligência artificial, as equipes da Mycophyto estão atualmente caracterizando centenas de cepas de fungos. “Em vez de fazermos tailor-made a cada cliente, como atualmente, vamos disponibilizar cocktails de fungos adaptados aos objetivos dos viticultores (resistência à seca, redução da pressão fitossanitária…) e seus terroirs.

Fonte: Vitisphere

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