Pensar em vinhos de qualidade produzidos na Inglaterra parecia um devaneio há algumas décadas. Porém, sobretudo por conta do aquecimento global, esta situação mudou completamente. Contando com condições climáticas e solos muito parecidos com aqueles da região de Champagne, a produção de espumantes vem crescendo rapidamente em algumas áreas da terra da Rainha Elizabeth.
Um passo importante para um reconhecimento da qualidade dos espumantes e outros vinhos ingleses foi dado neste mês de junho. Em um processo que começou em 2015, produtores da região de Sussex obtiveram autorização para o que será a primeira denominação de origem para vinhos ingleses. O Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais (DEFRA) do Reino Unido finalmente reconheceu o vinho de Sussex como uma Designação de Origem Protegida (PDO).
Novo status
Por conta desta decisão, os vinhos de Sussex, a partir 5 de julho de 2022, terão o mesmo status legal no Reino Unido que as batatas Jersey Royal, uísque escocês, cidra de Herefordshire ou queijo Stilton. E, para quem procura referências com outras vinhos, uma proteção em relação a origem e processos em linha com o que já existe para outras regiões produtoras de espumantes, como Champagne, Cava ou Prosecco.
Porém, os vinhos, sejam eles tranquilos ou espumantes, terão que cumprir uma série de condições para poder incluir Sussex (que abrange os condados de West Sussex e East Sussex) em seus rótulos. Obviamente, as uvas devem ser cultivadas na região, porém esta é apenas uma das exigências.
Espumantes
Há um conjunto de condições necessárias para um espumante feito na região ser classificado como parte da DPO. Deve ser elaborado pelo método tradicional, predominantemente a partir de variedades clássicas de uvas usadas na Champagne, como Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier. Outras uvas, como Arbanne, Pinot Gris, Pinot Blanc, Petit Meslier e Pinot Noir Précoce também podem ser usadas, mas em proporções minoritárias.
O espumante deve ter uma teor alcóolico mínimo de 11% e respeitar critérios químicos de acidez (um mínimo de seis gramas por litro de ácido tartárico, um máximo de 0,5 gramas por litro de ácido acético), e sulfitos (máximo de 150mg por litro). Além disso, cada cuvée deve ser aprovada por uma organização credenciada, no caso a Wine Standards, que faz parte da Agência de Padrões Alimentares do governo britânico. Além disso, pelo menos 85% das uvas usadas para fazer espumante de Sussex devem ser do ano indicado de qualquer safra.
Vinhos tranquilos
Também os vinhos que não são espumantes devem cumprir critérios estritos. Caso sejam elaborados como monovarietais, devem conter pelo menos 90% da variedade indicada. O teor alcóolico mínimo é 10%, com restrições também referentes ao teor e quantidade de ácidos, dióxido de enxofre, ferro e magnésio.
As uvas permitidas são de um conjunto mais amplo que no caso de espumantes. São aceitas Acolon, Auxerrois, Baco, Chardonnay, Dornfelder, Gamay, Huxelrebe, Muller Thurgau, Orion, Ortega, Pinot Blanc, Pinot Gris, Pinot Meunier, Pinot Noir, Pinot Noir Précoce, Regent, Regner, Reichensteiner, Riesling, Rondo, Roter Veltliner, Schonburger, Siegeberre e Solaris. O rendimento máximo absoluto da colheita é de 14 toneladas por hectare.
Imagem: IndiraFoto via Pixabay
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