Investir em vinho é um bom negócio, se estudado e levado à sério, como qualquer outro investimento de mercado. Não é para amadores, assim como o mercado de ações não o é. Principiantes e aventureiros podem se dar mal.
Em uma conversa com o expert e mestre em bebidas Ennio Federico, faz alguns anos, li um texto que ele me mandou sobre o tema. Analisando o que o Ennio escreveu, não tive dúvidas em concordar. “Investimento em vinho é um bom negócio se for bem conduzido” me falou Ennio Federico.
Há muitos e bons vinhos na posse de pessoas que sabem como tratá-los da melhor maneira para se conservarem íntegros. Por outro lado, há também inúmeras pessoas guardando vinhos que não são de guarda, gastando com energia em adegas recheadas.
Analisar as variáveis envolvidas
Já aí temos um dos fatores que dilapidam investimento em vinhos, e que não são mensuráveis em mercado, e não se recuperam: gastos com adegas. Se for para tê-las e gastar com elas, que sejam para guardar adequadamente os vinhos que são realmente longevos, que signifiquem uma preciosidade, e mais, que tenham sido comprados com bons preços, para aí sim, se valorizarem como investimento.
“Investir em qualquer coisa é arriscado. Compra-se para vender depois. Há dezenas de tipos e formas de investimento, principalmente no mercado financeiro O resultado é incerto e depende de muitas variáveis alheias do investidor para que no momento da venda, qualquer que seja o motivo, ela tenha sido lucrativa”, dizia o Ennio.
Pense numa compra de um vinho por mero impulso, e esta tenderá a ser um risco, não é? Não foi estudada, não foi pensada para uma venda futura, sendo o motivo da compra o investimento. Se for para o prazer em degustar o vinho tempos depois, tudo bem, não será o preço do momento que irá influir no prazer.
Profissionalismo vs modismo
Há muita especulação no assunto vinho, há muito amadorismo, há muito “modismo”, sendo estes os motivos da compra para investir, é quase certo que o fracasso virá. O mercado é dinâmico, as tendências e outros fatores como o clima estão influenciando hoje mais do que em anos e safras passadas.
Guardar vinhos por investimento exige cuidados com os mesmos. Rótulos íntegros, safras excepcionais, vinhateiros de renome e reconhecidos, mas é bom lembrar que mesmos estes cuidados não são garantia de lucro, e não se pode relevar que este investimento é a longo, muito longo prazo.
Escolhendo o vinho certo
Não adianta comprar en primeur qualquer vinho- En primeur “o primeiro” foi uma estratégia, que no início do século 20 em Bordeaux, teve início e se fez para levantar capital de giro para os Châteaux, vendendo, digamos antes do tempo certo, para aquele vinho estar adequado para se degustar a preços compensadores.
Estes vinhos se não forem aqueles com as características que descrevemos de safra excepcional, qualidade histórica dos vinhateiros, enólogos, vinícolas, e que sejam de guarda, de regiões cobiçadas, por mais em conta que se comprem, não será garantia de investimento.
Pensem nisso antes de se aventurarem atrás de bons vinhos para investir. Como qualquer investimento há riscos, mas no caso dos vinhos, se não conseguirem vender, ao menos poderão beber o lucro presumido!
Até o próximo brinde!
Álvaro Cézar Galvão, conhecido como O Engenheiro Que Virou Vinho, me dedico a comentar, escrever, divulgar, dar palestras e ministrar cursos de vinhos, bebidas destiladas e a harmonização com a gastronomia. Assino, dentre outras mídias, o site Divino Guia www.divinoguia.com.br
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Fotos: Álvaro Cézar Galvão, arquivo pessoal
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