Itália e a safra 2022: o que esperar em termos de qualidade e quantidade?

Uma safra desafiadora, por conta da seca que persistiu até meados de agosto, mas que acabou fechando melhor que o esperado, tanto em termos de qualidade quanto quantidade. Esta é a conclusão que se pode chegar em relação à safra 2022 na Itália. Se por vários meses as condições climáticas geraram preocupação, chuvas na hora certa acabaram fazendo a diferença.

E como foi a safra para cada uma das principais regiões italianas? Pensando nisso, duas publicações europeias importantes, a italiana WineNews e a britânica The Drinks Business (DB), decidiram investigar. Elas publicaram diversas entrevistas com produtores e representantes dos conselhos das principais denominações de origem italianos, trazendo um quadro detalhado da última safra. A seguir, um quadro detalhado da safra 2022 em quatro das principais regiões italianas.

Piemonte

“No final, foi uma colheita muito melhor do que se temia”. Esta foi a declaração dada para a WineNews por Alberto Chiarlo, da vinícola Michele Chiarlo. Segundo ele, 2022 foi uma safra muito difícil até o final de agosto devido à seca, com uvas não amadurecendo da maneira correta. “Então vieram 40 milímetros de chuva que mudaram o cenário, e podemos dizer que foi uma colheita com uvas de grande potencial qualitativo, e quantidades em linha com 2021, especialmente olhando para Barolo e Barbaresco.

O que poderia ter sido uma safra ainda pior que 2003, tornou-se muito boa do ponto de vista qualitativo, e não tão ruim em termos de quantidade. Na mesma linha, Alessio Franco, da Pio Cesare, destacou a rápida alteração nas condições climáticas. “Foi uma colheita muito melhor do que o esperado em maio ou junho. O amadurecimento foi bom, a quantidade não abundante, mas esperamos coisas excelentes em qualidade, especialmente para os vinhos a partir da Nebbiolo“.

Toscana

Em entrevista também à VineNews no final de setembro, Alessia Antinori, que, juntamente com suas irmãs Albiera e Allegra comanda a Marchesi Antinori, comentou a colheita, que ainda está em curso. “Estamos em dois terços da colheita, temos mais 15-20 dias pela frente, talvez a parte mais importante. Trabalhamos com o tempo certo, as quantidades são boas e a qualidade das uvas é muito interessante, então, por enquanto, estamos felizes “. 

Giovanni Folonari, da Tenute Giovanni e Ambrogio Folonari, também mostrou otimismo, mesmo com certa cautela. “Não foi uma colheita fácil, no final tivemos excelentes resultados de qualidade apesar das dificuldades e de um manejo complexo do solo, para não estressar as plantas já prejudicadas pela seca. Felizmente, depois de cinco anos consecutivos não tivemos geada de primavera, então tivemos tantas uvas que, no entanto, permaneceram pequenas. Mas são excelentes, com taninos maduros”.

Outro produtor satisfeito foi Col d’Orcia, representado por Santiago Marone Cinzano. “Vimos um inverno muito seco e primavera, como de fato foi uma boa parte do verão, com muito calor. Então, em meados de agosto, começaram as chuvas abundantes, que duravam até meados de setembro, o que ajudou a diluir as uvas, a trazer maior amplitude térmica entre o dia e a noite. Isso nos ajudou a alcançar um amadurecimento mais equilibrado e com boas quantidades. Portanto, estamos muito satisfeitos com a colheita”.

Sicilia

Por conta das condições climáticas, a safra 2022 foi menor na Sicília, mas com uvas de ótima qualidade. Foi uma das primeiras regiões a colher, e boa parte da safra já está concluída, com exceção do Etna. De acordo com o Consorzio Doc Sicilia, a Sicília deve registrar queda de 15% na produção, mas com uvas de ótima qualidade. A colheita começou no início de agosto e terminará em outubro, tornando-se a colheita mais longa da Itália, de mais de 100 dias.

Antonio Rallo, gestor da Donnafugata, confirmou uma safra menor. “Na Sicília nunca há tantas uvas, e 2002 foi assim, especialmente se olharmos para 2021 e a média dos últimos 10 anos. Na Sicília Ocidental houve redução de 20% na quantidade frente ao ano passado, mas com condições ideais e uvas saudáveis. No final das contas, estamos muito felizes pela qualidade, um pouco menos pela quantidade”.

 “A safra foi presenteada com uvas muito saudáveis e sem doenças” confirmou Alberto Tasca, da Tasca d’Almerita. Entre julho e agosto, a situação foi preocupante, devido a uma seca muito prolongada. Apesar disso, as plantas resistiram bem, em solos de argila eles se comportaram muito bem tanto em quantidade quanto em qualidade. Ainda não acabou, ainda temos que colher no Etna, há a ameaça contínua dessas violentas tempestades, que, felizmente, são muito localizadas, e não se estendem por grandes áreas. Mas eu diria que, até agora, 2022 é uma colheita excepcional, completamente inesperada”.

Alto Adige

Indo ao outro extremo do Belpaese, o Alto Adige, o impacto da seca foi menor. Em entrevista para a DB, o presidente do Consorzio Alto Adige, Andreas Kofler, destacou as condições regionais. “O Alto Ádige foi atingido pela ausência de chuva e temperaturas muitas altas, mas a montanha é uma arma secreta, nossa grande aliada. A altitude ofereceu condições térmicas benéficas para nossas videiras.

“Ainda é cedo para julgar os vinhos”. Esta foi a afirmação de Clemens Lageder, da Alois Lageder, para a WineNews. “Mas trouxemos uvas de qualidade para a adega; nesta região não tivemos tanta seca, falta um pouco de acidez, mas estamos felizes. As uvas são saudáveis, agora temos que provar gradualmente os vinhos e sua evolução nas adegas”.

Fontes: WineNews; The Drinks Business

Imagem: blank76 via Pixabay

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