O preço dos melhores vinhos do mundo não para de subir. Seja por maior interesse dos consumidores, escassez (por conta de quebras de safras, como a registrada em 2021 na Borgonha) ou transformação de alguns vinhos em objeto de desejo e símbolo de status, a tendência é clara. Muitos vinhos se tornaram inacessíveis para a grande maioria dos mortais.
E este movimento de preços encontra uma contrapartida: o rápido crescimento também das fraudes envolvendo vinhos. A falsificação de rótulos e vinhos ganhou dimensões preocupantes para os melhores e mais caros vinhos da Itália e França. Porém, as fraudes também atingem vinhos não tão elitizados, como recentemente registrado na Espanha.
Usando a ciência
Todavia, é precisamente da Espanha que vieram boas novas no combate à falsificação de vinhos. A Estación Enológica de Haro (EEH), um laboratório público sediado em uma das principais cidades da Rioja, introduziu uma nova ferramenta. O uso da análise de ressonância nuclear magnética (RNM) permite identificar a origem, variedade e autenticidade de um vinho em toda sua cadeia de distribuição e comercialização.
“A versatilidade das técnicas e equipamentos de RNM nos permitiu adaptar esse método especificamente às necessidades de produtores de uva e vinho, distribuidores e exportadores. Isso pode ser usado para automonitoramento, controle de fraudes ou melhoria do processo de produção de vinhos”, afirmou Victor García Pidal, diretor-geral da filial espanhola da Bruker, fabricante dos equipamentos.
Simplicidade e custo acessível
A RNM é uma técnica analítica que pode ser reproduzida em outras regiões e países, ajudando a verificar a autenticidade da cadeia de fornecimento de vinhos, fornecendo uma “impressão digital” de uma amostra. Cada amostra contém parâmetros que facilitam a criação de bancos de dados e fornecem uma referência para todos os componentes moleculares.
Uma vez que muitos parâmetros relevantes podem ser analisados em uma única execução, o custo por amostra é baixo em comparação com as análises convencionais, onde são necessárias múltiplas técnicas analíticas. A análise ajuda produtores de vinho, importadores e distribuidores a detectar e prevenir os tipos mais comuns de fraude, verificando a identidade do vinho.
Disponível para diversas regiões espanholas
Utilizando esta tecnologia, a EEH pode fornecer uma certificação completa dos vinhos analisados. Isso inclui mostrar quais são as denominações e país de origem, além da variedade de uvas. Está disponível também um relatório quantitativo, incluindo 52 parâmetros de qualidade e confirmação de identidade.
As análises de RNM da EEH estão disponíveis para vinhos brancos das regiões espanholas de Rioja, Rias Baixas, Rueda e Valência; vinhos tintos das regiões de Rioja, Navarra, Ribera de Duero, Ribera de Guadiana e Valência; e vinhos rosés da Rioja, além de variedades espanholas relevantes como Tempranillo, Garnacha Tinta, Monastrell (Mourvèdre), Verdejo, Viura e Albariño.
A expectativa agora é que esta tecnologia esteja rapidamente disponível para outras regiões e países. Isso ajuda a prevenir fraudes e garante um melhor controle da cadeia de distribuição dos vinhos. É mais uma aplicação da ciência em benefício dos consumidores.
Fontes: Food Ingredients First; Estacion Enologia de Haro
Imagem: Elf-Moondance via Pixabay
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