Leilões de vinho: quais são os vinhos mais disputados e quanto subiram seus preços?

Se as preocupações com o aumento na inflação ao redor do mundo cresceram após a pandemia da Covid, preços crescentes já são uma realidade no mundo do vinho há muito tempo. Porém, não há como negar que esta tendência de vinhos mais caros ganhou fôlego extra nos últimos anos. De fato, os vinhos mais exclusivos do mundo atingiram patamares de preços dissociados da realidade.

Uma forma de ilustrar esta tendência é analisar os números da iDealwine, líder no segmento de leilões de vinhos finos online. Seu relatório referente a 2002 traz valiosas informações para identificar quais são os vinhos e regiões mais procuradas, além de dados sobre o perfil dos compradores e suas perspectivas para os próximos meses.

Disparada de preços

Em 2022, a plataforma online francesa organizou 47 leilões, movimentando 197.928 garrafas (escalonadas para o equivalente a 750ml), um aumento de 4% em relação ao ano anterior. No entanto, o valor transacionado cresceu de forma muito mais acelerada (cerca de 40%), para € 38,3 milhões, incluindo impostos e taxas.

Esses números evidenciam o forte aumento dos preços dos vinhos, que teve um efeito muito maior no valor total transacionado do que o crescimento do volume. Neste contexto de preços estratosféricos, ao menos uma boa notícia para os apaixonados por vinho. O ano de 2022 pode ser dividido em duas partes quando o foco é o comportamento dos preços.

O primeiro semestre foi marcado por forte aumento de preços, enquanto a segunda parte de 2022 viu uma relativa desaceleração dessa tendência, ou até mesmo queda nos preços de vinhos de alguns produtores que haviam subido demais. Vale ressaltar, no entanto, que essa queda não reverteu os avanços registrados no primeiro semestre.

Quais são as regiões mais procuradas?

Os vinhos franceses aparecem na liderança absoluta, em especial aqueles provenientes de três regiões: Borgonha, Bordeaux e Rhône. Juntas, elas representaram 73% do volume de vendas e incríveis 83,6% do valor transacionado em 2022. O destaque ficou, sem dúvida alguma, com a Borgonha. Embora seus vinhos tenham representado somente 23% das garrafas vendidas (o líder foi Bordeaux, com 37%), em valor a história foi diferente.

Cerca de 45% do valor total transacionado foi em vinhos da Borgonha, refletindo um impressionante crescimento de 65% frente a 2021. Considerando as demais regiões francesas, a seguir vieram Bordeaux (26,6% do total), Rhône (11,6%), Champagne (5,4%) e Loire (3,4%). Fora da França, o destaque ficou com os vinhos italianos, que corresponderam a cerca de 5% do valor transacionado.

Borgonha em outro patamar

A Borgonha reinou soberana. Dentre os 50 maiores lotes por valor, 31 foram desta região. O preço médio dos vinhos borgonheses foi de € 384 por garrafa, 49% acima de 2021. Este nível ficou bem acima dos € 259 de Champagne, dos € 165 do Rhône e dos € 194 do preço médio de todos os vinhos (incluindo Borgonha).

Os vinhos da Borgonha ocuparam simplesmente todas as posições entre os 50 lotes mais caros leiloados pela iDealwine in 2022. Em poucas palavras, se existe uma região que pode se orgulhar de ter os vinhos mais disputados nos leilões de vinhos, esta é a Borgonha. E isso se reflete também nos produtores mais disputados.

Produtores de destaque

O produtor mais requisitado nos leilões de vinho não poderia ter outro endereço, embora não seja aquele que a maioria imagina. A Domaine d’Auvenay, que concentra os vinhos elaborados a partir dos vinhedos de posse de Lalou Bize-Leroy, principal acionista da Domaine Leroy, foi a campeã. No total, foram transacionadas 386 garrafas (escalonadas para o equivalente a 750ml), acumulando € 2,1 milhões em vendas. Isso corresponde a um preço médio de € 5.464 por garrafa. A Domaine de la Romanée-Conti ficou em segundo lugar, com negócios na casa de € 1,79 milhão.

A garrafa de 750 ml mais cara leiloada pela iDealwine no ano foi um Musigny Grand Cru 2006 da Domaine Leroy, a um “módico” preço de € 34.100. Porém, o preço mais alto por garrafa foi uma Imperial (seis litros, equivalentes a oito garrafas) de Petrus 2015, vendida a € 62.000. Já o lote mais caro foi uma caixa de 12 garrafas de Grand Crus da Domaine de la Romanée-Conti da safra 2018. Por 1 Corton, 1 Montrachet, 2 Echézeaux, 1 Grands-Echézeaux, 2 Romanée-Saint-Vivant, 1 Richebourg, 3 La-Tâche e 1 Romanée-Conti, um apaixonado pagou € 84.320.

Comportamento dos compradores

E quais são os compradores mais agressivo nos leilões, superando os preços estimados pela própria iDealwine (sobreoferta)? Por região, os clientes na França e do resto da Europa foram mais contidos, com as menores taxas de sobreoferta (15% e 16%, respectivamente). Já aqueles da Ásia e dos Estados Unidos foram os mais perdulários, com sobreofertas de 21% e 20%. Conhecidos por sua calma e serenidade, os japoneses parecem agir de forma diferente quando compram vinhos: sua sobreoferta média foi na casa de 30%.

Isso tem a ver também com as preferências de região. Os países onde a proporção de vendas da Borgonha foi maior também registraram maiores taxas de sobreoferta. Por exemplo, 71% das compras japonesas e 61% das compras americanas tiveram vinhos da Borgonha como alvo. Além disso – e surpreendentemente – os profissionais do vinho pagaram mais (sobreoferta de 20%) do que os colecionadores privados (16%).

Onde isso irá parar?

É difícil prever a tendência dos preços dos vinhos mais exclusivos do mundo nos próximos anos. Não há dúvida que existe um elemento especulativo, pois este tipo de vinho de tornou mais uma alternativa de investimento do que um bem de consumo. Além disso, a glamourização do vinho, visto para muitos como símbolo de status, acaba puxando os preços para cima.

Uma coisa é certa, porém. Os tradicionais conhecedores e apreciadores de vinho cada dia perdem mais espaço. Os preços de muitos vinhos atingiram níveis inviáveis para quem não tenha rendimentos anuais acima de sete dígitos ou que disponha de vasto patrimônio. O mundo do vinho mudou, e o topo da pirâmide agora parece restrito somente para um pequeno grupo de abonados.

Fontes: iDealwine; WineNews

Imagem: Gordon Johnson via Pixabay

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