Mais do que somente Montrachet: conheça quatro outros Grands Crus da Côte de Beaune

Pouca gente contesta que Montrachet seja um dos melhores vinhedos do mundo para a elaboração de vinhos brancos. Porém, este climat, que também é uma denominação de origem Grand Cru, não está sozinho. Ele é cercado pelos outros integrantes da “família Montrachet”, composta por quatro outros vinhedos distintos, todos também classificados como Grand Cru desde 1937.

Eles se beneficiaram da fama e reputação de Montrachet, expressão que faz parte de seus nomes. Embora tenham características próprias que os distinguem de Montrachet, todos dividem um ponto em comum: estão situados em uma falha geológica, que garante uma alta qualidade de solo, presente apenas nesta região da Côte de Beaune. Vale a pena conhecer melhor Chevalier-Montrachet, Bâtard-Montrachet, Criots-Bâtard-Montrachet e Bienvenues-Bâtard-Montrachet.

Chevalier-Montrachet

Deste grupo, Chevalier-Montrachet é considerado o climat mais diferenciado. Com 7,59 hectares de extensão, fica inteiramente localizado na commune de Puligny-Montrachet, logo acima na encosta e a oeste de Montrachet. Ele é composto por três blocos distintos, o principal sendo uma seção retangular de pouco mais de seis hectares, com vários terraços. Completam este vinhedo uma parcela de pouco mais de um hectare a oeste de Le Cailleret, que foi promovida em 1939 e é chamada de Les Demoiselles, e uma segunda parcela (Clos du Chevalier), que foi promovida a Grand Cru em 1974 e, desde então, passou a fazer parte de Chevalier-Montrachet.

Apesar de fazer divisa com Montrachet, Chevalier-Montrachet tem uma personalidade própria. Ele fica na parte mais alta da colina (altitude entre 265 e 290 metros) e recebe maior fluxo de ar frio, além de ter solos mais pedregosos e rasos, com maior proporção de calcário. Sua parte inferior lembra Montrachet (inclusive com os solos ricos em ferro), mas a superior, do outro lado da falha geológica, dá origem a vinhos mais minerais e de maior finesse e tensão.

Quase vinte produtores trabalham com videiras em Chevalier-Montrachet, mas alguns merecem destaque especial. Bouchard Père et Fils tem as maiores parcelas (pouco mais de dois hectares no total) e elabora o Chevalier-Montrachet La Cabotte, um dos vinhos de maior expressão desta denominação de origem. Alguns dos outros produtores que atuam neste vinhedo, por ordem de área plantada: Domaine Leflaive, Louis Jadot, Louis Latour e Domaine de Montille.

Bâtard-Montrachet

Assim como Montrachet, Bâtard-Montrachet é dividido entre Puligny-Montrachet (6,02 hectares) e Chassagne-Montrachet (5,85 hectares), com um total de 11,87 hectares, o que o faz o maior da “família”. Situado logo abaixo de Montrachet na colina, ele tem um formato de L, envolvendo Bienvenues-Bâtard-Montrachet.

Bâtard-Montrachet em primeiro plano, seguido por Montrachet e Chevalier-Montrachet

Na comparação com Montrachet, além da menor altitude, tem solos mais profundos e com maior concentração de argila. Estas características acabam se fazendo presentes nos vinhos, considerados mais potentes, ricos e plenos do que os do vizinho, porém sem a mesma precisão e elegância. No total, são cerca de 40 produtores com parcelas neste Grand Cru, a exemplo dos demais, também plantado 100% com Chardonnay. A Domaine Leflaive é o maior proprietário, com menos de dois hectares.

Bienvenues-Bâtard-Montrachet

Este retângulo de 3,69 hectares na parte nordeste de Bâtard-Montrachet também tem uma longa história. Existem citações com este nome em 1397 e 1418, embora não haja uma explicação consensual para a origem de seu nome. Em 1977 houve uma sugestão de eliminar esta denominação de origem e incorporar os vinhedos a Bâtard-Montrachet, mas ela não foi aprovada.

Seus vinhos tendem a ser menos estruturados que os de Bâtard-Montrachet, embora as diferenças não sejam tão significativas. São cerca de 10 produtores com parcelas neste vinhedo, com destaque para a Domaine Leflaive, com pouco mais um hectare.

Criots-Bâtard-Montrachet

É o menor deste grupo de vinhedos (apenas 1,57 hectare), situado imediatamente ao sul de Bâtard-Montrachet e inteiramente dentro da commune de Chassagen-Montrachet. Com menos de 10 produtores atuando na área (e somente Roger Belland com mais de 0,5 hectare), são vinhos raros e de pequena produção. Tem solos mais pedregosos que Bâtard-Montrachet e seus vinhos costumam ser mais elegantes, embora com menos estrutura e potencial de guarda.

Fontes: Vins de Bourgogne; Wine Scholar Guild; Inside Burgundy, Jasper Morris; Burgundy Report

Mapa: Vins de Bourgogne

Imagens: Arquivo pessoal

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